Fernando Pessoa, no "Livro do Desassossego"
Imperdoável, é o que penso, foi o que Lula fez consigo mesmo e com o país: teve todas as oportunidades para transformar verdadeiramente o Brasil e limitou-se a uma maquilagem, um arremedo de mudança.
Na década de 90 do século XX ganhei de um sobrinho uma estrelinha do PT, muito tosca, que ele comprou num dos comícios que assistia na Cinelândia, aqui no Rio, por ocasião das primeiras vezes que Lula se candidatou a presidente.
Passado um bom tempo, a imagem de Lula só crescia graças ao carinho da Imprensa e, sobretudo, com a adesão de intelectuais, artistas e acadêmicos, que louvavam o Lula.
Seu entusiasmo e sua argumentação eram de tal ordem que me convenceram a votar numa pessoa sem instrução, o que, para mim, era um anátema: um presidente da República sem instrução formal.
Assim, votei no Lula em 2002, e foi com muita fé que o fiz.
Logo a seguir, começo a ver, pelas notícias que a Imprensa dava, sempre com certa complacência para com Lula, que o grande líder do PT ainda não absorvera a grande lição que nasceu nos EUA nos idos das décadas de 30 e 40 do século passado: there’s no free lunch.
É quase que o 11º Mandamento, pois está mais do que provado que não há almoço grátis.
Mas Lula e o PT não acreditaram na lição.
São muitos os exemplos do uso do que é Público como se fosse Privado. O primeiro foi a estrela vermelha do PT transformada num canteiro no Palácio da Alvorada que, vale lembrar, é tombado. Foi o sinal dado: chegamos aqui, agora o Brasil é nosso.
E foi deles até agora.
Pintaram e bordaram.
Passamos pelo Mensalão e agora estamos no Petrolão. Quer dizer, de horror em horror.
Lula perdeu muito de sua popularidade. Mas ainda é idolatrado pelos fieis militantes do PT. Como, por exemplo, o Sindicato dos Bancários que, mesmo depois de ver violentado o direito de milhares de seus filiados no escândalo dos imóveis que a Bancoop administrava, ainda assim abriu suas portas para que Lula se queixasse da Justiça brasileira. Foi quando ele se declarou uma jararaca viva e prestes a dar o bote. Como ele se conhece muito bem, nada a contestar.
Lula hoje é um homem muito rico. Só com o que ganhou em suas soi-disant palestras pelo mundo afora, já dava para ele comprar seus imóveis e bancar suas viagens. Não precisava depender de amigos e empreiteiras.
Um Brasil dividido entre nós e eles é tudo que menos precisamos. Mas é essa a oração do Lula e que dona Dilma, entusiasmada, adotou. A ponto da presidente abandonar Brasília, nesse momento tormentoso que atravessamos, para ir a São Paulo, no Aero-Lula, fazer uma visita de apoio ao Líder.
No meio de todas as notícias da semana passada (4 a 11 de Março) uma declaração de dona Dilma causou espécie. Ela concedeu à Oposição “o direito de divergir de modo absoluto, mas com limites”. Se não doesse muito, eu até riria!
Por último, ela convidou o ex-presidente a fazer parte de seu Ministério. Isso eu não acredito que Lula aceite. Seria uma covardia com sua mulher e seu filho.
A defesa de Lula alega que não é possível impedi-lo de fazer uso de seu direito de expressão. Claro que não. Mas o mínimo que Lula pode fazer é ter a grandeza de pedir firmeza e serenidade aos seus militantes, assim como esse é o mesmo apelo que os líderes da Oposição devem fazer aos seus seguidores. .
Mostrar mais amor ao Brasil que ao Poder, isso é o mais importante.
Mas Lula é o único que pode jogar água na fogueira que acendeu. E deve começar por exigir dos petistas respeito pela Imprensa e pelos jornalistas que cumprem seu dever para conosco, cidadãos.
Só há uma coisa que nós, pessoas comuns, podemos fazer: não admitir que nossas manifestações descambem para a violência. Exigimos respeito.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário