Números de somenos, pois que só um basta para quem o perdeu, sob a barbárie do criminoso com cinco, seis, entradas e saídas no sistema carcerário. A lamentar e condenar,menores, maiores, pretos, brancos, amarelos, indígenas, homossexuais, héteros, pelos assassinatos cometidos seja contra menores, maiores, pretos, brancos, amarelos, indígenas, homossexuais ou héteros.
Dia desses no programa bang-bang que reproduz a realidade um comerciante teve a loja assaltada por dois bandidos, um com 25 anos e outro com 17. Rendida a funcionária e diante do inesperado encontro com o dono da loja, pouco dinheiro, coleta de produtos de informática e natural nervosismo presente, houve reação e troca de tiros.
Na vida, diferente dos filmes, onde o mocinho sempre vence, morre mais gente de bem, trabalhadores, do que os bandidos. No caso, os bandidos perderam. Os “dois se foram”, e o mocinho foi preso em flagrante, acusado por homicídio doloso. Ele que escapara da morte e defendera a funcionária em confronto com criminosos de arma em punho e encapuzados. Não só preso, mas colocado na cela com outros bandidos por 24 horas. Ele que se apresentara espontaneamente na delegacia. Um dos mortos era procurado pela polícia e a loja já fora assaltada por oito vezes.
Em pauta o número de disparos. Alega o comerciante que o bandido fez três disparos; aponta duas marcas nas paredes e outra no livro dilacerado. O delegado na mesma reportagem, diz que foi somente um e completa... Se tivesse feito um ou dois disparos... Tiros nas costas... Na cabeça. Para a polícia ele não agiu em legítima defesa e teve a intenção de matar os dois assaltantes.
Imagina você armado, a tentar preservar a sua vida e da funcionária, após oito assaltos, com a mente a desenrolar incontáveis cenas de atrocidades praticadas pelos bandidos de um modo geral, da dentista queimada viva porque só tinha 30 reais ao ciclista morto a facadas. Ter que contabilizar o número de tiros na ciranda da morte, na busca de abrigo e condições de revidar e se contrapor a dois bandidos, e de aferir se o tiro vai atingir a cabeça ou as costas dos invasores do seu local de trabalho. Faça-me o favor!
Embora não tão simplista a divisão da sociedade se dá entre o assaltante, invasor, o cidadão de bem e a polícia, sob o império da lei. A entender que criminoso não é somente o que mata com pistola ou faca, mas o que usa a caneta em benefício próprio, desvia recursos públicos que seriam destinados para a construção de redes de esgoto, assistência médica nos postos de saúde e hospitais, na malha viária, etc onde morrem milhares de cidadãos. E também na construção de presídios, onde dignamente deve permanecer o apenado longe da sociedade que despreza, mas na esperança de que um dia a ela se reintegre.
A sociedade entende a situação do policial no enfrentamento diário com bandidos de toda a espécie, do que o mata com requintes de crueldade por identificá-lo como agente da lei, às quadrilhas fortemente armadas, por vezes com poder de fogo acima do oferecido pelo Estado.
Do psiquismo que os envolve nessa luta de guerrilha urbana onde o bandido ataca onde não se espera e foge para as áreas de homizio nas favelas e periferias, também desprezadas pelo poder público. O “onde” com milhares de oportunidades, do colar no pescoço de uma senhora ao celular de um jovem estudante, do aposentado que retira o salário parco surripiado pelo fator previdenciário e o perde no assalto na esquina. Etc... Etc...
A sociedade percebe que o policial é alvo dos bandidos, mas o cidadão é o objetivo e também tem o direito de se defender e receber a proteção do Estado.
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