Agora, a necessidade de implementar o ajuste fiscal leva o governo à tentativa de aprovar na Câmara de Deputados a reoneração das folhas de pagamento. É devastador o impacto dos encargos sociais e trabalhistas sobre a geração de empregos formais na economia brasileira. O excesso de impostos que incidem diretamente sobre o uso da mão de obra tornou-se um mecanismo sistêmico de exclusão social, dando origem a um gigantesco mercado de trabalho informal, com dezenas de milhões de trabalhadores que, por sua vez, não contribuem para a previdência social. O atual sistema funciona como se tivéssemos de condenar ao desemprego por toda a sua vida um trabalhador brasileiro para que outro possa desfrutar um emprego formal e usufruir os benefícios previdenciários.
A cumplicidade dos economistas com a reoneração das folhas, essa injeção de desemprego na veia, é inaceitável, pois o silêncio dos especialistas permite a perpetuação de uma enorme injustiça: são exatamente os mais frágeis, os menos preparados, que se tornam vítimas das demissões. Um cínico explicaria a insensibilidade dos economistas por sua remuneração sob forma de dividendos ou pagamentos a suas pessoas jurídicas. Um político diria que é mais fácil aumentar impostos sobre os mais fracos do que cortar gastos públicos. Um economista de boa estirpe indicaria a mãe de todos estes males: é por ignorância que não ousamos as reformas.
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