segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Será antissemitismo denunciar coisas como essas?

Soldados de Israel começaram nas últimas semanas a atear fogo a casas na Faixa de Gaza, seguindo ordens diretas dos seus comandantes e sem a necessária autorização legal para o fazer, segundo informa o jornal israelense Haaretz. Os soldados destruíram centenas de edifícios usando esse método no último mês. Depois que a estrutura é incendiada junto com tudo dentro dela, pode queimar até tornar-se inutilizável.

Quando questionado sobre a nova prática, um comandante do exército disse ao Haaretz que as estruturas são selecionadas para serem queimadas com base em informações. Ao ser questionado sobre um prédio que foi incendiado não muito longe de onde ocorreu a entrevista, o comandante disse:

“Deve ter havido informações sobre o proprietário, ou talvez tenha sido encontrado alguma coisa lá. Não sei exatamente por que aquela casa foi incendiada”.

A emissora de televisão Al-Jazeera noticiou a descoberta, no Norte da Faixa de Gaza, de cerca de 30 corpos que estavam enterrados sob um monte de escombros num pátio de uma escola em Beit Lahia.
Os corpos, em decomposição, tinham “fitas de plástico nas mãos e pernas e panos à volta dos olhos e cabeças”. Não se sabe ainda de quem são, mas a descoberta levanta suspeitas de que possam ter sido mortos depois de detidos.

Em dezembro último, imagens de uma série de detidos na Faixa de Gaza a serem levados sem roupa, algemados e de olhos vendados – o que fora apresentado como uma “rendição em massa” do Hamas – provocaram fortes críticas a Israel, que mais tarde admitiu que apenas 10% a 15% daqueles detidos eram de fato membros do Hamas.

A acusação em relação aos 30 cadáveres surge um dia depois de uma operação de um grupo de militares israelenses num hospital de Jenin. Vestindo batas de pessoal de saúde e outros vestidos de mulher com lenço a cobrir a cabeça, em cerca de dez minutos, o grupo entrou num quarto e matou três palestinos usando armas com silenciador. Israel diz que os mortos faziam parte de uma célula do Hamas. O porta-voz do hospital Ibn Sina, onde ocorreu o ataque, disse que não houve trocas de tiros depois da entrada dos militares disfarçados.

“O que aconteceu é um precedente”, declarou. “Nunca houve um assassinato dentro de um hospital. Houve detenções e ataques, mas não um assassinato.” Israel diz que matou o líder de uma célula terrorista, Muhammad Jalamneh, que era também porta-voz do Hamas no campo de refugiados de Jenin.“Executaram os três homens enquanto eles dormiam no quarto”, descreveu à agência Reuters o diretor do hospital, Naji Nazzal. “Executaram-nos a sangue frio, disparando balas diretamente nas suas cabeças, no quarto onde estavam a ser tratados”.

Dezesseis países, incluindo EUA, Reino Unido, Alemanha e França, anunciaram a suspensão de financiamento da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) depois de Israel ter denunciado que funcionários da agência teriam ajudado o Hamas a preparar e a cometer o ataque de 7 de Outubro. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que nove funcionários foram imediatamente identificados e despedidos”.

Em Gaza, 500 mil pessoas passam fome, e morreram, desde o início de outubro, cerca de 24 mil palestinos, metade dos quais crianças.

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