sábado, 13 de julho de 2019

Algumas bolsonarices

O capitão não se manifestou sobre a imensa perda que o Brasil sofreu na semana passada. A imprensa internacional, autoridades de muitos países, enviaram abraços para o nosso povo, numa delicada tentativa de nos consolar pelo falecimento do criador genial, João Gilberto. Já Bolsonaro, nem um pio espontâneo, apenas uma resposta infeliz quando perguntado sobre a notícia!

Ele é um presidente muito esquisito. Até agora, seis meses depois da posse, só se manifestou com entusiasmo sobre aquilo que não devia. Por exemplo: a flexibilização do porte de armas, a pior coisa que podia acontecer num país onde o analfabetismo e a ignorância imperam.

Temos tido manhãs cada vez mais dramáticas, pois assim são algumas das manchetes dos jornais: “Pai mata filho após disparo de espingarda no MS”; “Um homem matou o pai acidentalmente com um tiro de espingarda em Porto Acre, zona rural de Rio Branco (AC)”; “Um bebê morreu, alvejado pelo próprio pai em Luziânia, no entorno do DF”.

E Bolsonaro ainda sonha em armar mais o nosso povo?

Tantas fez o capitão que conseguiu que a maioria dos médicos cubanos deixassem o Brasil. Mas não tomou, até agora, nenhuma atitude para preencher as vagas que deixaram milhões de brasileiros sem assistência médica. No entanto, hoje já ouvi dizer que se arrependeu. Tomara!

Ele fala em nomear, quando acontecerem as vagas, um ministro “terrivelmente evangélico”, para o STF. Já é um grande absurdo juntar “terrivelmente” a uma “religião”, mas esquecer que nosso país é laico e que por isso não deve e não pode dar mais força a uma religião acima de qualquer outra, é um desaforo sem igual!

Ao admitir que o trabalho infantil enobrece pois o trabalho sempre enobrece e dar como exemplo ele mesmo, impressiona. Quando a criança vai à escola, brinca, come e dorme bem, ajudar os pais, isso pode formar um cidadão mais forte. Mas não é isso que chamamos de trabalho infantil. Esse, um horror, deixa marcas que não são positivas e que estão longe de enobrecer.

Saúde, Educação e Cultura, Segurança, disso somos carentes. Não sei se isso preocupa o capitão. Mas a impressão que dá é que essas áreas são o menor de seus problemas.

E qual seria o maior de seus problemas? Agradar aos três filhotes, os garotos que ele mima o mais que pode. Tenho a impressão, impressão, vejam bem, que o capitão se sente muito devedor dos filhos e que procura, por todo jeito, manter o afeto e a união com eles. Mas será preciso desmoralizar o Brasil para agradar aos meninos?

Eduardo Bolsonaro embaixador do Brasil nos States, foi a grande novidade de ontem. O Senado, alguém duvida?, aprovará a nomeação. Afinal, Eduardo fala inglês e é amigo dos garotos Trump. Precisa mais?

Trump e Bolsonaro, almas gêmeas, com mentes e corações batendo no mesmo ritmo. O agrément será dado sem problemas. O Brasil finalmente oficializado como anexo dos States. Será fantástico ver Bolsonaro ombro a ombro com o grande Trump. Os dois contra o mundo! Na tristeza ou na alegria, como reza um bom casamento.

Brasil, um país terrivelmente engraçado.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

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