Pelo que se pode notar nas declarações públicas de petistas
notórios, a estratégia para os próximos anos já está traçada. Começou o
abandono do partido e a construção de uma versão alternativa dos fatos. Tudo
para que o sonho socialista siga vivo em outro partido, redimido por uma
narrativa dos fatos que, embora fantasiosa, seja suficiente para animar o
militante. O testamento entrega a outros partidos a busca do socialismo; o
obituário deixa uma mentira no lugar da história.
O obituário petista proporá que houve duas causas para a
morte. Uma, a insatisfação por não ter entregue tudo o que prometeu. Outra, a
oposição das elites dominantes ameaçadas em seu poder. Ambas são falsas, mas
serão eternamente repetidas pela baixa intelectualidade esquerdista.
A rejeição do PT não ocorre por suas “promessas
irrealizadas” – ela é resultado direto daquilo que ele realizou. Os governos
petistas, no plano econômico, apostaram no fomento ao consumo sem produção, na
concessão de crédito sem poupança, na distribuição sem criação de riqueza, na
satanização do empregador e na aliança do BNDES com os empresários amigos. A
conta haveria de bater, e a crise que já vivemos é a fatura desta conta. Como
Thatcher disse, o socialismo acaba quando termina o dinheiro dos outros. Como
todo economista sério alertava que iria acontecer, o modelo petista ruiu.
No plano político, o PT apostou na corrupção como principal
forma de dar “liga” na base de apoio. Ao passo em que concentrava poder no
executivo federal, acreditava que enquanto a base estivesse com os bolsos
cheios, não incomodaria. A ruína das instituições brasileiras aconteceu aberta
e deliberadamente, com sustentação na pretensão de reconstruir um Brasil mais
parecido com os amigos bolivarianos. O mensalão e o petrolão não são acidentes
na história petista – são a principal política petista de formação de uma base
de apoio no Congresso. Vários partidos estenderam a mão para receber as
propinas milionárias, mas a mão pagadora sempre levava uma estrela.
A terceira estrofe do falso obituário é a tese da direita
dominante e seu ódio ao PT. Bastaria, para desmenti-la, olhar para as
manifestações de rua e a imensa pluralidade de pessoas que saíram de casa
reclamando do PT. Bastaria, talvez, abrir as contas do BNDES – até hoje
fechadas – para entender como a verdadeira elite dominante esteve abraçada a
Lula e Dilma para ter a chave do cofre à sua disposição. E seguramente bastaria
caminhar pelas ruas e ouvir as pessoas, para entender que o antipetismo tem
matiz moral, e não econômica; pede decência, e não privilégios.
Com a história recontada, como a esquerda gosta de fazer a
cada desastre do socialismo, o PT deixará a outro partido a missão de levar o
Brasil à desgraça. Esse é o seu testamento. Sua missão foi cumprida – é hora já
dos parasitas abandonarem o corpo para buscar outro hospedeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário