Por uma questão de respeito a quem não está mais neste mundo, não vamos aqui reproduzir as palavras de Brizola, de 1989, sobre o que Lula seria capaz de fazer para concretizar sua ambição pelo poder. Nem precisa. Basta olhar para os meios utilizados pelo ex para se despregar do rotundo fracasso do governo Dilma. Dia sim e outro também, vaza, ou deixa vazar, versões de reuniões que o deixam bem na fita e retiram mais ainda o escasso oxigênio da presidente que ele próprio inventou e tutelou.
Como o atual governo virou uma mala sem alça, um andor difícil de carregar, Lula prepara o bote para abandonar o navio. Sabe-se bem que abraço dos afogados não é com ele.
Não basta apenas se livrar da criatura. É preciso jogar no mar também o PT, antes da catástrofe eleitoral que se anuncia no horizonte do Partido dos Trabalhadores, nas próximas eleições municipais.
Quando se pensa que já se viu tudo em matéria de sordidez na política, Lula apronta mais uma. Entrega os petistas aos leões, como se o processo de domesticação do Partido dos Trabalhadores e de amancebamento dos “companheiros” não tivessem sido obra sua.
José Dirceu assumiu a presidência do partido com a missão de pavimentar a estrada que levaria Lula ao poder. Para tal enquadrou as tendências internas, jogou na lata do lixo as velhas bandeiras, entre elas a que funcionava pelo menos da boca para fora: a defesa da ética.
Com a assunção de Lula o Estado foi tomado. Pelo Partido dos Trabalhadores e pelos movimentos sociais. Entidades anteriormente combativas receberam todo tipo de benesse governamental e até as poucas ditas puras se apelegaram. Sindicalistas e petistas deram origem a uma nova nomenclatura, aboletada em diretorias de fundos de pensão e empresas estatais, ocupando milhares de cargos de confiança. Difícil crer que agora Lula queira que eles larguem o osso.
O modelo de cooptação foi ampliado aos partidos aliados por meio de mecanismos antirrepublicanos: o toma lá dá cá.
A crise econômica, política e ética deixaram o rei nu. Seu rugido, tal qual o de um leão velho, já não mete medo. Sente-se sozinho, ameaçado por todos os lados, sobretudo por um furacão chamado Lava-Jato.
Já não existem mais os exércitos de Stédile, da CUT e da UNE para saírem a campo em defesa de Lula e seu modelo populista.
Sem tropas para comandar, o caudilho faz uma manobra ousada. Seu voo cego, contudo, pode levá-lo a se espatifar no chão.
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