quinta-feira, 28 de setembro de 2023

E como dói!

Me permita a gramática o pronome enclítico, me permita Vieira o verso fraco e direto, me permita Camões usar sua língua, me permita Homero a rima tão curta, me permita Bandeira os noves fora da vida, me permita Cardoso o encontro dos ventos. Me permita Cecília o motivo da rosa, me permita Vandré o esquecer das flores, me permita Cascudo o ocaso perdido. Me permita Pessoa a alma pequena, me permita Zé Régio o não vou por aí, me permita Quintana a verdade esquecida. E me permita o pensador poeta, arrependido nos versos da dor, ao ver o destino que deram à Pátria, substituir sua Espanha. Não me doem as pernas, não me doem os braços, não me dói o coração. É o Brasil que me dói.

François Silvestre

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