sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Um irritado Macri acaba com a subvenção pública ao futebol argentino

A paciência do presidente Mauricio Macri com a Associação do Futebol Argentino (AFA) explodiu ao invés de estancar. As últimas gotas que fizeram o copo transbordar foram pesadas: a frustrada Superliga, a greve dos times da segunda divisão, o incessante protagonismo das barras bravas (torcidas organizadas) e uma gestão imprudente por parte dos dirigentes de alguns clubes são alguns dos condimentos de um futebol que causa muitos problemas no dia a dia. Mas, acima de tudo, há transmissão televisiva gratuita dos jogos pela empresa estatal Futbol para Todos (FPT), criada na época do kirchnerismo, com um custo para o Estado de 2,5 bilhões de pesos (524 milhões de reais) por temporada. É por causa disso que o Poder Executivo decidiu em julho romper o contrato com a FPT em dezembro próximo, mas solicitando que os jogos continuem sendo transmitidos na TV aberta até 2019. Nesta terça-feira, no entanto, a Casa Rosada decidiu interromper o fluxo de dinheiro para a AFA.

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A pergunta que todos se fazem é o que acontecerá com a transmissão do campeonato local, que até agora ocorre exclusivamente em canais abertos. Fontes do governo dizem que está sendo pensada uma forma de garantir a continuidade disso.

A reunião que selou a decisão ocorreu num gabinete da sede presidencial, envolvendo Macri, o presidente da FPT, Fernando Marín, e o secretário-geral da presidência, Fernando de Andreis. Foi justamente este último quem anunciou semanas atrás que neste ano o Estado pagaria os 1,85 bilhão de pesos (388 milhões de reais) prometidos no contrato de 2016, assinado no começo do ano. Foi também De Andreis quem protestou: “É muito fácil sair por aí pedindo que o Estado seja uma espécie de ambulância para o esbanjamento da AFA”. Uma fonte da Casa Rosada disse que “desta vez o assunto não será resolvido com um grito gutural de Armando Pérez, embora a oratória não seja o seu forte”. Alguns relacionam o anúncio com uma reunião que Marín e seu advogado teriam mantido com gente da equipe de Ted Turner, um velho interessado nos direitos de transmissão do futebol argentino.

A bronca do chefe de Estado ocorre porque a comissão reguladora presidida por Armando Pérez (em viagem à Alemanha) e imposta pela FIFA não cumpriu os três pontos encomendados: administrar, adequar o estatuto da AFA à doutrina da FIFA e constituir uma Junta Eleitoral para convocar eleições. O descumprimento rendeu uma advertência administrativa solicitada pelo Tribunal de Disciplina. “O problema e a solução estão na AFA. Em vez de gastar em coisas disparatadas, no melhor dos casos, pois há sérios indícios de corrupção, deveriam devolver o dinheiro para que tudo fique transparente. Se os clubes deixassem de se financiar por meio da dívida com a AFA, 80% dos problemas estariam resolvidos”, afirma De Andreis. E ele critica: “Com o nível de desperdício, a corrupção, a pouca profissionalização na administração dos recursos e os absurdos pagos em alguns casos, não tem bolso que aguente”
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