Apesar de tudo, a política nacional forneceu nos últimos dias sinais de que as coisas nunca são tão ruins que não possam piorar. O Brasil já vinha enfrentando a guerra contra o vírus de forma atípica. Em vez de se unir, a federação se dividiu. Bolsonaro recusou o papel de coordenador nacional da crise sanitária.
Na primeira semana de funcionamento efetivo, a CPI da Covid acentuou essa divisão. Sentindo-se acuado, o presidente tentou uma aproximação com o relator da CPI, o multiencrencado senador Renan Calheiros. Não deu certo. E Bolsonaro decidiu religar o ventilador.
No atacado, Bolsonaro renovou a acusação de que os governadores roubam verbas federais da Saúde. No varejo, insinuou que colocará o braço investigativo do Estado na cola de Renan Filho, governador de Alagoas. De resto, o presidente chamou a CPI de "xaropada", xingou de "canalhas" os críticos da cloroquina e insinuou que o coronavírus nasceu de uma proveta da China como parte de uma guerra bacteriológica. Tudo isso num intervalo de cinco dias.
A pandemia e a guerra política ofuscaram os outros problemas. Mas eles não deixaram de existir. As atenções estão voltadas para o Ministério da Saúde. Entretanto, os problemas se acumulam em outros setores estratégicos —como Educação e Meio Ambiente, por exemplo.
Em condições normais, o país precisaria de duas ideias fixas: apressar a vacinação contra Covid e decidir o rumo a seguir depois que o vírus estiver sob controle. Parece simples. Mas falta algo trivial: sensatez. A caminho de 2022, o Brasil atravessa uma conjuntura em que o empreendimento que mais cresce é a indústria da raiva.
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