sexta-feira, 29 de abril de 2016

Não esqueceram de nada?

É abril, quase maio.

O homem no consultório espera o atendimento. Está com chikungunha há 20 dias. Mal consegue pisar - "De manhã, pareço pinguim andando" -, sobrevive com dores e sem poder trabalhar. A cara escarrada do Brasil deste 2016. Festival de besteirol político, presidente que já era e presidente que ainda não foi, chuva de cusparadas, bumbum da prima dona do ministro novo, guerra de porradaria. Enfim um carnaval fora de época para agradar quem não tem o que fazer e tem o que ganhar, mas de uma infelicidade extrema a quem paga impostos em dia.

Em meio a espetáculos circenses da política tropical, em que todos dão show pela tevê às custas das tetas ditas republicanas, por que vão se dar ao trabalho de amenizar o sofrimento daqueles que só lhe pedem respeito aos direitos humanos?

O país não é, nem nunca foi, um simples detalhe. São milhões e milhões de pessoas com sangue, suor e sofrimento. Têm prioridade máxima de atendimento.

Não podem esperar o tempo das chicanas, das manobras políticas, das jogadas rastaqueras tão comuns entre esses que se dizem acima da lei e dos homens. Não podem esperar que uns poucos por ganância de poder se agarrem com tudo que podem a cargos, como também não podem esperar a magnanimidade de quem não a tem.

Cargos, dinheiro, poder passam. O que não passa nunca é a vergonha de se ter tanta ganância, coisa de medíocre, às custas do desastre. Não se pode revoltar contra a desgraceira no exterior de países em guerra civil, sofrendo atentados de todo tipo, quando aqui os atentados aos direitos civis são perpetrados diariamente. Hospitais lotados sem atendimento, sem instalações adequadas, sem remédios. População exposta à mosquitada por falta de saneamento básico. O crime rondando cada esquina. Os bandidos nas ruas e nos poderes à solta. Não é quadro de país civilizado, mas de barbárie institucionalizada.

O quadro não requer discussões basbaques, de se puxar cabo de guerra. É preciso vontade para expurgar o miasma que ronda os ares, a putrefação de gente pequena que ainda pensa em ser humano.

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