Os métodos de Trump se caracterizam pela truculência e talvez o mais emblemático seja o que aconteceu em 6 de janeiro de 2021, quando uma turba de mais de 1500 militantes, apoiadores do então presidente, invadiu o Capitólio – o parlamento dos Estados Unidos – para contestar o resultado das eleições do final de 2020, que deu a vitória para Joe Biden. A justiça norte-americana não conseguiu condenar Trump pelo ato, mas condenou sim os invasores, sendo que a maioria destes foi presa. No entanto Trump já anunciou que um de seus primeiros atos como presidente será o de conceder indulto para todos aqueles invasores que ainda estão presos.
Há muito de bravata, mas o fato é que não podemos esperar cenários de paz e tranquilidade pelos próximos anos principalmente porque, ao contrário de seu primeiro mandato, desta vez Trump terá maioria tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.
O presidente eleito dos EUA em entrevista coletiva recente deixou bem clara a sua insatisfação com o Brasil e manifestou seu desejo em aumentar os impostos sobre os produtos brasileiros vendidos ao seu país. Além disso em dezembro 2023, também Elon Musk, que foi o principal contribuidor da campanha eleitoral de Trump e que irá ocupar um cargo importante em seu governo, teve entreveros com o governo brasileiro e com o STF.
Mas o principal sinal de que nossa vida na era Trump não será fácil foi dada pelo discurso de Mark Zuckerberg no último dia 8. Zuckerberg, que é o CEO da Meta, afirmou que sua empresa não mais fará checagem de fatos em relação ao que é publicado em suas redes sociais, ou seja, Facebook e WhatsApp. Ele segue Elon Musk que, nos Estados Unidos já faz o mesmo com sua rede social, a X, antigo Twitter. Ambos, estão apenas seguindo Donald Trump que há tempos vem dizendo que não vai admitir o que ele chama de “censura nas redes sociais”.
A mudança da postura de Zuckerberg é puramente oportunista e busca a simpatia de Trump, pois em 2018 quando houve uma suspeita de movimentação irregular nas redes sociais às vésperas da eleição para Presidente da República em nosso país, ele próprio colocou a direção do WhatsApp à disposição do STF para que se investigasse o que poderia estar ocorrendo para explicar os milhões de mensagens de ódio contra um dos candidatos.
Nós, brasileiros, também não podemos esquecer que os atentados contra as instituições de nosso país no dia 8 de janeiro de 2023 só aconteceram porque foram insuflados através das redes sociais. E estas agora vêm nos dizer que não deve haver nenhum controle sobre o que publicam! O ministro Alexandre de Moraes diz e reitera que os atentados não teriam ocorrido sem o apoio e suporte dado pelas redes sociais.
Em suma, tempos difíceis se afiguram. Nas questões ambientais, será lamentável a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, mas nós, no Brasil, estamos fazendo a lição de casa combatendo o desmatamento e usando cada vez mais fontes renováveis para gerar nossa energia. Nas questões econômicas temos aliados importantes como a China e parceiros comerciais em todos os continentes.
Nas questões do fluxo livre de informações, somos um exemplo de um país que pelo menos já tem uma boa proposta de regulamentação das redes para impedir disseminação de notícias falsas e discursos de ódio sendo discutida no Congresso, além de que poderemos contar com o apoio e a aliança da Comunidade Europeia. Ou seja, os tempos serão difíceis, mas temos instrumentos e meios para enfrentá-los.
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