A merecida fama de pessoa grata foi reforçada, ontem, com as nomeações de Maurício Requião e Roberto Amaral para conselheiros da usina Itaipu Binacional (Brasil-Paraguai).
O emprego era vitalício. Maurício ganharia R$ 26 mil mensais e teria direito a auxílio-moradia no valor de R$ 4,3 mil, carro com motorista e gasolina, além de outros benefícios.
O sonho de Maurício não durou muito. Acabou afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Sua nomeação feriu a lei que proíbe o nepotismo – o emprego de parentes de primeiro grau.
Dilma deve muitos favores ao senador Requião. No ano passado, ele se candidatou ao governo e apoiou a reeleição dela. No Senado, ajudou-a a aprovar o nome do jurista Luiz Fachin para vaga no STF.
Roberto Amaral não fica atrás no número de favores que Dilma lhe deve. E não somente ela. O PT também. E o próprio Lula. Amaral sempre foi um petista (ou lulista) infiltrado no PSB.
Em 2002, presidente do PSB de Miguel Arraes, Amaral concordou com o apoio do partido à candidatura de Garotinho a presidente da República. Arraes quis e pronto. Estamos conversados.
No segundo turno, Amaral empurrou o PSB para apoiar Lula contra José Serra. Uma vez eleito, Lula retribuiu promovendo Amaral a ministro da Ciência e Tecnologia.
Foi substituído antes do fim do primeiro mandato de Lula. Amaral defendeu a produção da bomba atômica brasileira. Uma asneira! Para preservar a imagem do governo, Lula mandou-o embora.
Voltou-se a saber de Amaral quando Dilma se elegeu pela primeira vez apoiada pelo PSB de Arraes e do Eduardo Campos. Dilma deu-lhe a mão. E Amaral ganhou uma sinecura. Uma não. Duas.
Amaral tornou-se membro do Conselho de Administração da Itaipu – o mesmo emprego que agora voltará a ocupar. E membro também do Conselho de Administração da Nuclebras
Embolsando por mês algo como R$ 40 mil, Amaral ficou nos dois empregos até o PSB lançar a candidatura de Eduardo a presidente. O partido obrigou-o a devolver os cargos ao governo.
Amaral tudo fizera para demover Eduardo da ideia de sair candidato. Depois da morte dele na queda de um helicóptero, tudo fez para que o PSB não apoiasse a candidatura de Marina Silva.
No segundo turno, defendeu que o PSB não apoiasse nem Aécio nem Dilma. Mas quando o partido decidiu apoiar Aécio, Amaral lançou uma nota apoiando Dilma e criticando o PSB.
Ele e Maurício Requião ganharão, cada um, R$ 20.804,13 mensais para participar de ao menos seis reuniões anuais do Conselho de Administração de Itaipu, uma a cada dois meses.
Receberão ainda remunerações variáveis como diárias de viagem e bônus por lucro, conforme ocorreu com o ex-conselheiro de Itaipu e ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto.
Réu por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, Vaccari deixou o posto de conselheiro em janeiro e foi substituído pelo secretário-geral da Presidência Giles Azevedo, amigo de Dilma.
Nos últimos sete anos, Vaccari declarou à Justiça Federal renda bruta de 3,4 milhões de reais – mais da metade, cerca de 2 milhões de reais, vieram de rendimentos de Itaipu.
O novo-velho emprego de Amaral não exigirá muito dele – pelo contrário. Basta que referende as decisões tomadas pela diretoria executiva do capítulo brasileiro da hidrelétrica. Moleza!
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