O Brasil é campeão mundial em ministérios (32) e partidos políticos (também 32). Eles custam bilhões de reais ao contribuinte brasileiro e a maioria serve para abrigar políticos aparelhados no governo, para receber dinheiro público do Fundo Partidário, vender espaço na TV em época de eleições e espalhar corrupção pela gestão pública. O toma lá dá cá, que Lula institucionalizou e exagerou e Dilma escancara, agora, em troca de votos contra o impeachment, explica a profusão de partidos e ministérios e reclama urgência nas reformas política e administrativa.
Em Brasília poucos acreditam que chegará o dia em que essa realidade vai mudar, que deputados e senadores aceitarão abrir mão de poder e aprovar reformas e regras que eliminem ou contenham seus privilégios. Muito menos que isso se dará pelas mãos de um peemedebista. Porém, se aprovado o impeachment de Dilma, é a chance de Temer e do PMDB sobreviverem nestes dois anos e oito meses de mandato. Propor ao Congresso reformas estruturais sérias (também da previdência, tributária e trabalhista) é o primeiro e imprescindível passo para o novo governo ganhar credibilidade e dar sustentação a um programa econômico que convença o investidor a investir e a população a apoiar e acreditar em que o crescimento econômico pode demorar, mas o País marcha na sua direção.
Nesse choque de credibilidade é fundamental garantir continuidade à Operação Lava Jato. O desmantelamento de esquemas de corrupção no governo, em empresas estatais e fundos de pensão não pode ser desativado ou mascarado para proteger lideranças políticas influentes, como o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Temer vai encontrar um país despedaçado: as contas públicas em frangalhos; receita tributária desabando; investimento público zerado e o privado, assustado; desemprego disparando; população perdendo quase 10% de sua renda em apenas dois anos de recessão; a dívida pública passando de 70% do PIB, podendo chegar a 90% em 2020; a corrupção presente por onde circula dinheiro público; programas sociais retrocedendo; pobreza em expansão; Estados falidos e funcionários sem salários. E por aí vai.
São muitas as frentes de ação do novo governo. Um programa de emergência é bem-vindo para perseguir resultados rápidos, mas é indispensável abandonar o ritmo desarvorado de apagar incêndios, que predominou sob Dilma e tanto mal fez ao País. É fundamental pensar o Brasil no longo prazo, arrancar do Congresso a aprovação das reformas, tantas vezes adiadas, planejar ações, construir e perseguir metas.
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