É claro que esta estranhíssima composição política não pode dar certo, pois mantém o clima sempre instável e agitado, com pancadas repentinas a qualquer momento e sem a menor possibilidade de melhorar no decorrer do período.
Reclusa no pequeno percurso entre os palácios da Alvorada e do Planalto, a presidente Dilma simplesmente abdicou de governar. Terceirizou a articulação política para Michel Temer (PMDB) e a condução da economia para Joaquim Levy (PSDB), deixando o resto de lado, só se preocupa com a dieta e as operações plásticas que a cada ano vão modificando suas feições.
E não adianta a presidente Dilma aparecer no noticiário entregando casas populares, se reunindo com o Comitê Olímpico e visitando obras do metrô, numa patética tentativa de mostrar que o governo está funcionando, quando todos sabem que a administração pública ficou congelada pela crise, o imobilismo é contagiante.
O pior é tentar conduzir o governo sem maioria no Congresso. Isso jamais funciona. Foi assim que João Goulart, Jânio Quadros e Fernando Collor se estabancaram. É para isso que servem o PMDB, o PP, o PCdoB, o PTB, o PV e até o PDT. Eles sempre dão um jeito de apoiar o governo, qualquer governo, para arrancar a parte que julgam lhes caber no latifúndio administrativo. Mas quando o governo fica enfraquecido, a base aliada logo se desfaz. Não adianta esse festival de nomeações dos últimos dias. É nuvem passageira.
Lula sempre esteve ciente desta necessidade e foi por isso que mandou criar o mensalão, o petrolão e os demais esquemas de arrecadação de propinas e utilização de recursos públicos que chegaram a envolver praticamente toda a administração federal direta e indireta, conforme vai ficando cada vez mais claro nas denúncias reveladas diariamente pela mídia. Mas a fonte secou e nenhum governo consegue se sustentar em meio a uma crise tão corrosiva.
A aceitação do advogado Fachin para o Supremo e a desajustada aprovação do ajuste fiscal pouco significam, apenas vitórias efêmeras. A realidade é que este governo acabou antes mesmo de começar, embora a oposição seja fraquíssima e até mesmo inoperante. Neste quadro, a ainda presidente Dilma Rousseff sabe que tem um encontro marcado com o fracasso. A única dúvida é saber por quanto tempo ela seguirá fingindo que está governando.
Dilma talvez esteja se mirando no exemplo da Bélgica, que recentemente ficou alguns anos sem governante. Ninguém sentiu falta e o país seguiu em frente, sem ter primeiro-ministro. Mas acontece que na Bélgica a administração pública funciona, cada um sabe que tem de cumprir seu dever, enquanto no Brasil…
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