Por meio do estímulo de políticas desenvolvimentistas, o desemprego caiu, a miséria quase se extinguiu, ampliou-se o consumo por uma classe média inflada, e o acesso à educação demonstrou-se a caminho da universalidade. Foi esse estado de premente transformação que garantiu três reeleições do PT, apesar dos vários escândalos no caminho e do empenho diuturno de nossa fatia aristocrata (de fato ou pseudo) e exclusivista em tentar, em vão, obscurecer a face real da mudança social em curso.
Pois o ciclo petista no Planalto atinge um estágio especial imediatamente após a reeleição de Dilma. O desemprego cresce, bate em nossas portas, e os índices de inflação resistem, vão superar o teto da meta apesar das elevações da taxa Selic mês a mês – o que confirma a tese de que há formas mais eficazes de se praticar política monetária contracionista em cenários de estagnação ou recessão.
Fato é que a baliza mestra do lulismo, a inclusão pelo consumo, trincou-se. O povo anda com dinheiro curto, com crédito mais caro na praça, e quem tem emprego percebe que é o momento de lutar para mantê-lo. O governo petista está perdendo, portanto, o público cativo que provou e aprovou seu “modus”. Perdendo essa massa, que armas restarão para Lula, Dilma e o PT contra uma crise de sete cabeças?
Qual o próximo capítulo? A retração nas políticas sociais. Dilma e os ministros garantem que não, que o ajuste fiscal é implementado justamente para garantir o orçamento das ações de transferência de renda. Mas alguém ainda acredita no que ela diz?
A presidente cantou o valor de R$ 70 bilhões para contingenciamento nos ministérios, sendo esse outro nome para arrocho. O Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, é exemplo de iniciativa que não sairá ilesa do facão. Trata-se de um programa com força para fazer girar um segmento poderoso e multiplicador da economia, que gera uma cadeia de empregos formais, especialmente para trabalhadores menos capacitados. A próxima sequela recairá sobre o Bolsa Família? Quem garante que não?
Dilma, Levy, Barbosa, Mercadante e cia. perpetuam a velha sina dos países em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos: quando seu povo mais precisa do Estado é quando o Estado mais se nega a atendê-lo. Duro é saber que, ainda hoje, há muito mérito próprio retratado nos desmandos que acorrentam nosso país a seu fado histórico.
Dependente desde sempre de vender suas bananas ao mundo, o Brasil entra em recessão quando sobram bananas, ou porque a safra foi inesperadamente boa, ou porque se enjoou delas no hemisfério Norte. O resultado é que as políticas sociais, financiadas pela venda de nossas bananas, não se expandem ou retraem em contrafluxo ao andamento desse comércio internacional, como deveriam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário