Um preboste riquíssimo mandou fazer um escudo com as cores auriverdes e um símbolo que parecia o pênis ereto de um anão apontando o caminho do único lupanar daquela ilha no Mediterrâneo.
O falo era uma indicação. Marinheiros de todas as cidades costeiras ao Mediterrâneo faziam fila diante do tal lupanar, e para evitar que batessem em sua porta, o preboste mandou fazer o escudo para indicar o caminho da casa onde os visitantes pudessem saciar o desejo daqueles que passaram meses no mar.
Em Pompeia, sepultada pelas cinzas e fogo vomitadas do Vesúvio, havia também a sinalização mais simples, sem escudo mesmo, apenas com o falo monumental de um gigante.
Este início erudito de crônica tem um sentido. No escudo oficial do Brasil há uma folha de café e outra de tabaco, que hoje sofre bem nutrida campanha contra o câncer. Pior é o escudo do Rio de Janeiro, onde aparecem dois golfinhos que eram abundantes na baía de Guanabara. A medonha poluição de suas águas chega a ameaçar a realização das Olimpíadas no próximo ano.
Pompeia não existe mais, foi sepultada pelo Vesúvio em 79 d.C., restam apenas os corpos calcinados de seus habitantes surpreendidos em suas tarefas comuns. Há até um casal transando, não há registro confiável se antes, durante ou depois do orgasmo. Mas Pompeia resiste, ao contrário do tabaco proibido e dos golfinhos que deram no pé, deixando a cidade com seu escudo sem sentido.
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