quarta-feira, 13 de maio de 2015

Dilma, Lula e o regabofe do Dr. Kalil

Dilma e Lula foram no sábado ao casamento do médico Roberto Kalil. Ambos eram padrinhos do noivo. Ao chegar a presidenta teve de enfrentar um manifestação de meia dúzia de paneleiros com cara de mal-amados que moram ali nas imediações do Itaim, bairro do buffet Leopoldo, um dos mais chiques da cidade.

Nada de mais. Nada de menos. Presidentes da República e ex-presidentes têm o direito de ser padrinhos e madrinhas de casamentos. E necessariamente esses amigos não têm de ser pobres.

Podem ser muito ricos, como o médico em questão parece ser.

Mas neste caso há uma outra questão em jogo. O momento do país não é nem dos melhores e nem sequer razoável. Vive-se uma crise política de grandes proporções abatendo o governo e o partido de Lula e Dilma.

Num momento como esse não se deve agir apenas de maneira racional. E tampouco deve-se fazer as coisas que parecem não ser erradas.

Nessas horas é preciso estar atento aos significados e símbolos.

O casamento de Roberto Kalil foi um evento típico das cortes. Lá estavam presentes representantes de toda a elite econômica e política do país.

Mais do que isso, foi um evento realizado com pompas de uma produção hollywodiana.

E num momento onde o discurso do governo é de ajustes e a prática é de corte de direitos, não é hora para a presidenta do país ir numa badalação dessas. Muito menos para o ex-presidente Lula, que é o principal patrimônio popular do PT.

Era hora de dizer ao “companheiro” Kalil que infelizmente seria um erro ir na sua festa porque neste momento é preciso estar mais próximo dos companheiros de sempre: os acampados do MST, os sindicalistas, os catadores, as mães trabalhadoras, os professores em luta, os petistas que estão sendo perseguidos, os jovens que são massacrados pela polícia nas periferias etc.

Era hora de mais seriedade.

Não se trata de sectarismo barato. Nem de moralismo babaca. A questão é que ao serem fotografados numa festa que é um acinte para maior parte dos brasileiros, Lula e Dilma acabam sendo entendidos como parte desta elite.

E perdem muito mais do que ganham.

E não só eles.

Aqueles que acham que eles são diferentes dessa elite também perdem muito. 


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