sábado, 21 de fevereiro de 2015

Reflexões sobre país que virou de cabeça para baixo


Este é o país da impunidade, da inversão de valores, onde quem infringe a lei é chamado de esperto e quem trabalha direito é taxado de otário, um burro de carga predestinado a carregar os outros. Neste país, o exemplo a ser seguido pelo jovem que quer vencer na vida é dado pelos bandidos de todas as classes sociais e de todos os tipos de crimes. Para estes, o trabalho de adquirir um simples carro ou um lugar para morar será infinitamente mais curto e menos trabalhoso do que o trabalho enfrentado por quem busca uma vida digna.

Se em uma rua estiverem duas crianças, uma vendendo balinha e outra assaltando, o Estado dará nutricionista, seis refeições diárias, psicólogo, quadra de futebol e piscina para a criança assaltante e deixará a outra criança se cozinhando no sol e comendo arroz com feijão e ovo…

Se o jovem (seja moça ou rapaz) quiser vencer na vida através do trabalho e do estudo, passará anos e anos andando pendurado em ônibus entre a favela e o seu trabalho, entortará a coluna em cadeiras de madeira e, se enfim conseguir alguma coisa na vida, ao se olhar no espelho verá que terá perdido a juventude nessa luta… Verá que foi um verdadeiro otário.

No Brasil compensa ser criminoso. Aqui, diante da inexistência de Justiça, embora tenhamos o Poder Judiciário mais caro do planeta, a impunidade e a falta de vergonha reinam absolutas.

Para o bandido tudo é mais fácil: belos carrões, farras, namoradas, um emprego de fachada… e uma casa em bairro nobre. Tem até defensores e deputados para lhe garantir que não seja incomodado pela polícia nem precise cumprir a lei. Poderá contar com o socorro até mesmo da Presidência da República e do Itamaraty, caso cometa algum crime no exterior.

Imaginem como seria maravilhosa esta terra se por aqui existisse Justiça. Se um só magistrado, de braços dados com a moralidade e coerente com o importantíssimo cargo que ocupa, está causando todo esse rebuliço, imagine como seria o país e o quanto de dinheiro dos nossos impostos sobraria nos cofres públicos, se pelo menos a metade dos homens do Poder Judiciário cumprissem com honra o seu dever.

Imagine como seria o Poder Judiciário se os seus cargos mais importantes fossem ocupados por pessoas destituídas de conchavos e de acordos espúrios com os coronéis e caciques dos Poderes Executivo e Legislativo. Não seríamos outro país, seríamos outro mundo.

Um país sem Justiça não pode ser considerado uma nação civilizada. E não nos esqueçamos de culpar a ditadura militar por isso também…

Francisco Vieira

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