quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Comperj: duas versões do mesmo ex-secretário

Por falta de vergonha na cara, os políticos brasileiros não passam fome. Sobrevivem a qualquer cataclisma, desastre atmosférico, sobrenadam em alagamentos e têm piscinas cheias quando da seca. Qualquer assunto é motivo para tirarem o sustento de aparecerem nas páginas dos jornais, nas homepages, como homens (ou mulheres) dedicados à causa pública, defensores incondicionais do povo. A cara de pau é lustrada com óleo de peroba importado.

“Já falta água hoje, imagina com o Comperj? É certo que irá faltar muita água. Imagina com as centenas de milhares de pessoas que estão chegando em Itaboraí, São Gonçalo, Magé e outras, devido ao complexo? ”,

A declaração acima é um exemplo dessa cretinice política. Revela o deputado estadual do Rio de Janeiro, Carlos Minc (PT), criticando o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, ao pedir que a população do estado economize água.

Segundo Minc, em 2008, foi encomendada uma avaliação ambiental estratégica da licença do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), e foi constatado que para resolver o problema de recursos hídricos na região, a capacidade do sistema Imunana/Laranjal deveria aumentar 70%, passando de sete pra 12 metros cúbicos por segundo, já esquecida. A construção do reservatório deveria ser feita pelo governo. No entanto, ainda de acordo com Minc, então secretário estadual, as conversas caíram no esquecimento.

O que não lembrou em sua grande defesa da população é que foi por duas vezes secretário do Meio Ambiente, na gestão Cabral, e ministro do mesmo setor, desde 2009, no governo Lula. Na época defendia o mesmo complexo com ferocidade petista. Minc declarava que “o licenciamento ambiental da obra, feito pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente, é considerado modelo. Ocorreram cinco audiências públicas e o impacto ambiental foi avaliado de maneira adequada”. Em nenhum momento, como governo, advertiu sobre o prejuízo do Comperj às populações.

A crítica de agora é uma forma de se eximir de qualquer culpa quando era governo ou mesmo se esconder no emaranhado de crimes perpetrados contra a população como a atual da seca. Como um ex-ministro e duas vezes secretário no Rio de Janeiro não sabia o que acontecia nos reservatórios cada vez mais vazios? Minc não teria informações privilegiadas de que estavam corretas as previsões de queda no volume de chuvas desde 2012? E as suas declarações bombásticas anunciando, por exemplo, saneamento em Maricá, em 2013, quando sequer existe estação de tratamento ou rede de esgotos? Portanto, como governo, também escondeu do contribuinte informações importantes e sequer avisou que estávamos em situação crítica.

O petista esquece do seu passado no meio ambiente fluminense, que não teve qualquer ação contra o péssimo abastecimento da Cedae? E o que falar das defesas constantes que fez da administração municipal concedendo licenças ambientais para construção de inúmeros condomínios numa região sem água e esgoto?

As declarações de agora são mais uma cortina de fumaça, típica da demagogia, para esconder o passado tenebroso de atitudes nada favoráveis à população, mas que no momento serviam aos interesses tanto governamentais quanto da Petrobras. Afinal o Comperj é mais um daqueles elefantes brancos típicos da ditadura mais para angariar popularidade de abertura de empregos do que efetivo desenvolvimento, porque o estrago ao redor é maior do que o benefício.  

Vídeo divulgado em 2013 com o então secretário do Meio Ambiente, mas que agora o Google informa: "Os comentários estão desativados para este vídeo"

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