domingo, 20 de dezembro de 2015

O |Museu do Amanhã

Ontem foi um dia histórico para o Brasil. Um país que se dá ao luxo de inaugurar até um museu para aquilo que ele não tem – um futuro – esbanja talento para a vigarice. O dia em que a canalhada vermelha, na sua sanha pilantra de reescrever a história na base da foice e do martelão, vai comemorar como o “dia das bolivarianadas”. O governo atuou em quatro frentes distintas – um “quadrado mágico” – para não exumar o cadáver estacionado no Planalto. Foi mais longe. Turbinou, com sua costumeira safadeza, os párias de plantão para que cacarejassem em uníssono por essa estranha confraria.

A farsa começou quando o supremo puxadinho do PT resolveu dar prosseguimento ao golpe da carteirada, enfiando a mão grande no saco do legislativo. Para garantir a “estabilidade democrática” do regime, bem longe das atenções do respeitável público, uma juíza vizinha do lulão e seu patão em forma de pedalinho, alegando uma bobagem qualquer, tirou do ar o aplicativo que poderia pressionar os vagabundos de sempre a mexerem seus rabos cívicos contra a vigarice em andamento.


Na terceira ponta deste perfeito sol quadrado, uma gangue de prosélitos do absurdo em gestação comemorava na tal “mídia” – aparelhada até a medula – o fato de que um bloco de meliantes a soldo desfilavam nas ruas do país toda a sua vermelhitude e falta de civismo para inglês ver – e rebaixar ainda mais a nota brasileira lá fora. Alegres confrades de um país sem amanhã nenhum a vista, o bando de patrocinados pelo governo mais corrupto que se tem notícia bem que tentou ser maior que a nossa indignação. Só não conseguiu ser maior que a nossa própria apatia, com tudo o que vem sendo feito para manter essa camorra na teta.

Na última ponta, atuava o mesmo governo manco para recomprar, no bacião das almas ralas, um “pisciano” e outros signos desse zodíaco torto, literalmente “dando o mundo” – nas palavras de um dos deputados que assistiu a vigarice – para implodir o PMDB. Agora fica mais clara as participações dos porquinhos, exigindo espuma peemedebista nas estrepolias da Polícia Federal. Quem se convence que é outra coisa senão teatrinho de segunda, a intentona de constranger figuras do partidão colhendo provas de suas falcatruas? Porque justamente nestes dias e não meses atrás, quando estas provas efetivamente existiam?

O supremo vigarista – refiro-me ao caindo de maduro e não ao puxadinho do PT e suas toga – inventou ontem a figura dos “conselhos comunais” para pedalar o congresso venezuelano. Se conselho fosse bom, seria vendido e não dado. Aqui nem precisou. Bastou uma carteirada e um recesso para toda a dita “oposição” simplesmente desaparecer de cena, deixando o cargo tão vago quanto vago está este governo de gente corrupta até o pescoço.

O país que agora tem um museu para comemorar o que foi sem nunca ter sido pode se regojizar de não ter nem oposição que preste para acusar o golpe contra a nação desferido ontem. Era uma avenida para quem se dispusesse a liderar os descontentes. Nem isso temos. Foi mesmo um dia histórico. O dia em que o Brasil acabou depois de mal ter começado. Uma lástima.

Vlady Oliver

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