Para quem lutou com a própria vida contra o regime militar e pela liberdade no ambiente político, a presidente Dilma Rousseff vem fazendo péssimo uso da democracia que sua geração conquistou. Sob sua responsabilidade, o Brasil se meteu em um impasse. Mas Dilma não presta contas de maneira transparente. Nem para defender posições e medidas que deve ter tomado com boas intenções, mas que deram errado.
Era massacrado com perguntas duras, mas sempre respeitosas. E tentava tirar o melhor proveito. Muitas vezes se esquivava e era evasivo. Mas estava lá, de frente, no jogo democrático. Dando satisfações aos cidadãos do país que representava.
Neste mês, a presidente resolveu falar duas vezes. Em entrevista ao “Estado” (“Dilma pedala, alonga e diz que não sente fome”), revelou que come banana esquentada no microondas e “whey protein”. Não deixou a repórter perguntar nada fora da rotina de seu passeio.
Na segunda oportunidade, falou ao “Programa do Jô”, na Globo. Começo pelo comentário do Gordo ao final da entrevista, que definiu como “momento histórico” de seus 54 anos de profissão: “Espero que tenha sido bom, porque hoje é dia dos namorados. Temos que sair daqui os dois satisfeitos”.
A culpa não é do Jô, que abordou o tema que considera “fundamental” do Petrolão em 40 segundos de uma entrevista de 69 minutos e que acha “impressionante como o preço do dólar influi na economia do mundo inteiro”.
Mas Jô nos faz refletir com duas colocações. Quando lembra a Dilma que ela não tem mais a preocupação de conquistar um segundo mandato e, depois, quando pergunta como a presidente gostaria de ficar conhecida nos livros de história.
Como em quase toda a entrevista, a opinião de Dilma aqui não tem a menor importância.
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