Não menos exótica é a situação criada, também sob auspícios petistas no STF, a partir de domingo, quando foi aprovado o encaminhamento do pedido de impeachment presidencial ao Senado. O Brasil acordou com dois presidentes e dois palácios, mas nenhum governo. E assim por um ou dois meses, haverá uma presidência e duas cabeças, que em verdade não funcionarão.
A presidente eleita, sob processo de impeachment, continua a governar as ruínas que lhe sobraram. Ironicamente sobrevive sob a mesma situação do presidente da Câmara, que presidiu a sessão de domingo. Presidem enquanto não for batido o martelo da Justiça.
Ambos estão indiciados e continuam em seus cargos. Assim como o presidente do Senado, famoso colecionador de processos, também no STF, que vai presidir a sessão de abertura do processo contra Dilma. (Será que vão condenar a sessão por ser presidida por outro indiciado?)
Enquanto os poderes estão enrolados, vive-se esse caso de exceção de arregalar os olhos de qualquer democracia. Com dois presidentes - um pelos votos e outro pelo afastamento do titular -, o Brasil novamente dá um exemplo circense de como a política aqui é um pandemônio para salvaguardar poderosos em detrimento dos palhaços que pagam seus salários.
Inflacionado por dois presidentes, o Brasil vai se arrastando com a pesada carga da inflação e desemprego. O transporte dessa inconsequência será devidamente pago pela população, o que denominam "sacrifício de todos", metáfora para "nós gastamos a rodo e vocês pagam a conta".
E assim caminha a democracia do Brasil que é de todos, mas benefício de uns poucos que vivem à custa dos muitos que não têm a quem apelar neste jogo viciado.
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