quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude

Falemos de Tomasi di Lampedusa. Em seu livro Il Gattopardo, por aqui chamado O Leopardo, ele definia o funcionário público, burguês e corrupto, como “o bigodudo dançando na fachada do palácio, no frontão das igrejas, no alto dos chafarizes, nos azulejos das casas”. E que esse tipinho se constituía no símbolo maior da opulência de uma nobreza que se via ameaçada pela mudança, pelos novos ventos da República.

No livro, o Príncipe de Falconeri notava:

“A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”.


Seguindo a dica do gênio Carlinhos Brickmann, fomos atrás do “Physique du Rôle” do vice-presidente da Câmara e substituto de Eduardo Cunha: é o deputado federal Waldir Maranhão, do PP maranhense, pleonasmos a parte…

Na primeira semana de maio passado o doleiro Alberto Youssef disse que esse mesmo, o vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), recebeu dinheiro nascido de propinas pagas por empresas contratadas pela Petrobras. “Não dá para dizer que esse dinheiro vinha do contrato A ou B. Era um somatório dos contratos”.

O pagamento a Maranhão teria sido feito diretamente por ele, dentro do esquema de pagamento a deputados do PP, coordenado pelos líderes do partido na Câmara.

O inquérito da ‘Operação Miquéias’, que investiga o desvio de dinheiro de fundos de pensão municipais, foi encaminhado no dia 2 de outubro passado ao Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeitas de envolvimento de deputados federais, como mostrou o Jornal Nacional. Entre eles está o deputado Maranhão.

Além do parlamentar maranhense, também foram investigados Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Eduardo Gomes (PSDB-TO).

A Polícia Federal gravou várias conversas telefônicas em que deputados federais conversam com o doleiro Fayed Treboulsi, apontado pelos investigadores como chefe da quadrilha que aliciava prefeitos para o desvio de dinheiro de fundos de pensão municipais. O inquérito que investiga o caso vai ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal, por causa do foro privilegiado de parlamentares federais dispõem.

Nas gravações feitas pela PF, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) convida para uma visita a sua casa o doleiro Fayed. "Marquei com ele terça-feira um outro encontro lá em casa, à noite”, diz o deputado durante conversa com o doleiro.

Fayed questiona: “lá em casa onde, aqui ou lá? Aqui em Brasília?”. E o deputado responde: “É. Aqui no meu apartamento”. O doleiro encerra a conversa dizendo: “então beleza. Tamu junto (sic)”.

Bem: sai bandido, entra bandido: para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude, não?

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