sábado, 31 de maio de 2014

Uma perda injusta para o Brasil


As razões pessoais às vezes podem ser muito injustas com a sociedade, e quando envolvem ameaças pessoais, preocupante. A saída de Joaquim Barbosa da presidência do Supremo Tribunal Federal é um exemplo. Quem acompanhou o trabalho dele, no caso do mensalão, sabia que a cada julgamento os bandidos iriam encontrar pela frente um rochedo, que não se punha em dúvida sobre ser colarinho branco bandido como outro qualquer. Nunca vacilou em recusar dádiva judicial para os corruptos. Foi inflexível ao máximo para não tornar o tribunal um reles palco para momices petistas. Afinal, juiz não nunca pode bancar palhaço de picadeiro.
Fez jus com sobras ao adjetivo de durão com a Justiça ao lado, como devia, ao tratar com criminosos que sempre se fizeram acima da lei e imunes ao rasgar constituições. Brigou muito para defender seu ponto de vista de cidadão que não compactua com a criminalidade imperante dos petistas.
Sua saída do STJ deixa o país mais órfão de caráter em postos chaves da sociedade. É menos um nesta tão pequena companhia que ainda insiste em defender ética e moral no país contra batalhões de “soldados” a defender o aparelhamento do Estado e mesmo da Justiça para melhor trabalho dos “companheiros”.

"O grande problema nosso, como organização social, é não saber escolher prioridades. Investe-se muito em benefício de poucos. Joga-se o foco numa coisa e deixa-se outras ao deus-dará. E isso se repete agora na Copa do Mundo"Joaquim Barbosa



O único temor, e bem grande, é o esvaziamento do tribunal de uma justiça plena com sua saída. Teme-se, e com razão, que o STJ fique entregue a juízes flexíveis que se enganem nas decisões mais importantes contra os colarinhos brancos, os políticos safados, os correligionários bandidos, os comissionados corruptos. Juízes que deixem fora da prisão a marginalidade instituída, decretem, nos casos petistas e de aliados, sigilo de justiça para suas investigações e outras atitudes vexatórias de um tribunal que deve ser o maior defensor da ética no país. É por temer que os tribunais também se aparelhem que se lamenta a saída de Joaquim Barbosa.
Torcemos todos para que outro paladino, ou quem sabe muitos, contra a politicalha se apresente neste país tão carente de gente que cumpra a justiça, a lei e a ética. E o governo não mais deixe expostos os juízes às ameaças, que blinde a esses como blinda aos companheiros, no mínimo.   

Prefeituras descumprem Lei de Acesso à Informação

Grande parte das prefeituras fluminenses está descumprindo as regras da Lei de Acesso à Informação quanto à divulgação de dados sobre a gestão municipal. A conclusão é de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro que avaliou o grau de transparência das prefeituras estaduais. O assunto será um dos temas do programa TCE-RJ Notícia que vai ao ar na TV Alerj (canal 22 da Net) neste fim de semana (hoje, às 12 horas, e amanhã, às 21 horas). O programa ainda vai divulgar as principais atrações do seminário "A transparência na gestão dos recursos públicos municipais" a ser realizado na segunda-feira no auditório do TCE, no Centro do Rio. Os entrevistados são a diretora-geral da Escola de Contas e Gestão do TCE-RJ, Paula Nazareth, e o assessor da Coordenadoria de Auditoria e Desenvolvimento (CAD/TCE-RJ), Sergio Lino de Carvalho. 

Somos todos coniventes

Dia desses, um taxista do ponto da minha rua comentou, entediado, Este ano tem eleição... Aí os políticos vêm com aquela conversa mole, querendo nosso voto... Eles só lembram da gente de quatro em quatro anos... E eu respondi, Mas você também só se lembra deles de quatro em quatro anos... O Poder Público reside tão distante da realidade da maioria dos brasileiros que perdemos completamente a noção não só de para que servem os mandatos que delegamos a vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República, como também esquecemos que somos nós os responsáveis pela qualidade dos políticos que elegemos. A composição dos poderes legislativo e executivo de alguma maneira é um espelho fiel no qual nos recusamos a nos ver refletidos.
A corrupção da qual acusamos os políticos é um câncer que corrói toda a sociedade brasileira, sem distinção, por mais que teimemos em, individualmente, rechaçar essa acusação. É sempre mais fácil lidarmos com algo que encontra-se no horizonte, como possibilidade, que admitirmos nossa participação efetiva em algo que condenamos. Por isso, aceitamos que existe uma grossa corrupção “lá” em Brasília, mas nos ofendemos quando alguém ilumina-a em nosso cotidiano.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Lição da espera

Retificação

Saber esperar, sabendo
ao mesmo tempo,
forçar as horas daquela urgência

que não permite esperar...

d. Pedro Casaldáliga (1928) é bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia

Padrão de excelência


Alguma diferença hoje?

"Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"
Eça de Queiroz (1845-1900), em O Distrito de Évora em 1867

Greves devem continuar durante e após Copa




Nos últimos meses, milhares de trabalhadores aderiram a greves no Brasil, alterando a rotina de diversas cidades. As paralisações mobilizaram diversas categorias, como professores, garis, motoristas e policiais. A aproximação da Copa do Mundo tem sido usada como elemento de pressão pelos grevistas, avaliam especialistas. No entanto, eles são unânimes em afirmar que o Mundial pouco vai impactar as paralisações, que vieram para ficar.
Segundo Ruy Braga, professor da USP e especialista em sociologia do trabalho, as greves têm aumentado desde 2008. Somente em 2012, foram 873 paralisações, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
"A Copa do Mundo pode estar presente no horizonte tático e estratégico desses trabalhadores e sindicatos. Entretanto, isso não é decisivo, porque os dados mostram que a cada ano a atividade grevista aumenta 35% em relação ao ano anterior", afirma Braga. Ele acredita que o número de greves em 2013 e 2014 será muito superior ao de 2012.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Nossos tempos

Ilustração Francisco Goya (1746/1828) 
"Vivemos num tempo de chantagem universal,
Que toma duas formas complementares de escárnio:
Há a chantagem da violência e a chantagem do entretenimento.
Uma e outra servem sempre para a mesma coisa:
Manter o homem simples longe do centro dos acontecimentos"
José Ortega y Gasset (1883/1955), filósofo espanhol.


Sonata ao luar

Gandhi


Brasil está mais maduro e menos entusiasmado com Copa


O jornal britânico Financial Times publicou uma análise nesta segunda-feira atribuindo o suposto pouco entusiasmo dos brasileiros com a Copa do Mundo a um amadurecimento da população, que está mais velha e escolarizada do que no passado.
O artigo - assinado pelo diretor do escritório do jornal em São Paulo, Joe Leahy - diz que as decorações de ruas para a Copa "não estão muito em evidência neste ano" e que o "país do futebol talvez agora esteja um pouco mais maduro, com mais coisas na cabeça do que apenas o jogo bonito".
O jornalista sustenta sua tese citando dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): a população jovem, de 15 a 24 anos, passou de 21% da população em 1980 para 17% agora, enquanto a faixa etária de 25 a 59 anos subiu de 35% para 48% no mesmo período.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Esbórnia da cretinice em Maricá

Ônibus de uma MaricaTrans, nem instituída, mas 
com veículos participando de desfile cívico

O município promoveu uma gastança populista para lembrar os 200 anos de emancipação. De cara, como os petistas instituíram na cidade, nunca em dois séculos se aplicou tanto dinheiro público em festas como nos seis anos de esculhambação petista. Pode-se incluir nos cálculos inclusive as antigas quermesses e festas de igreja, que ainda o atual governo dá banho em número de bundalelê ou show gospel, que isso tem de agradar a gregos e troianos, o sagrado e o profano. Faz com um pé nas costas esse jogo de dar aqui e acolá, pois vale tudo em troca do voto e do continuísmo.
Fez chover todo tipo de agradinho para os incautos festejarem na praça principal sabe-se lá o quê. Inclusive restituiu o desfile cívico dos estudantes, que considerava desde 2009 uma palhaçada. Encheu todos os espaços possíveis com barracas para vender uma administração incapaz de qualquer gesto verdadeiramente cidadão como numa feira de promessas. Afinal, o que oferece mesmo são migalhas como os antecessores, que agora são enfeitadas pelo marketing – outra esbórnia com o erário. Foi assim que investiu uma dinheirama de milhões em escola de samba de município vizinho para desfilar no Sambódromo, e agora, como tornaram tradição, foi-se mais outro dinheirão para pagar suplemento em jornal do Rio com as “belezas” maquiadas dos petistas.
Governo de incapacidade atroz de administrar que não sejam os rendimentos para bolsos próprios e de comissionados tem ao mesmo tempo uma imensa dose de irrealidade. Se em outras gestões não havia dinheiro e ainda faltava ânimo de realização, agora se esbanja em royalties para se implantar o município da fantasia tresloucada de um inconseqüente, que vive de promessas de olho sempre na próxima eleição, como acontece agora.
Que importa se o hospital, o único do município, está entregue aos ratos e baratas, a educação vai de cambulhada para o ralo, as ruas recebem maquiagem eleitoreira, o crime impera na cidade, nenhuma obra de efetiva necessidade foi feita? A festa cívica de emancipação, que deveria ser mais uma exibição de obras realizadas, no mínimo, virou um desfile auto elogioso da canalha petista. A preço de ouro como é costume dos ex-pobres, barraqueiros. A festa, que teria custado a bagatela de R$ 4 milhões, incluídos aí a propaganda em grande jornal, DVDs sobre as grandes realizações distribuídos gratuitamente, CDs de música de escola de samba cantando as glórias da cidade e mais um montão de babilaques. 
A cretinice foi esbanjada com o desfile de ônibus que estão há meses estacionados no aeroporto para serem colocados nas ruas, quando agosto chegar. Tudo para demonstrar uma realização que só fez mesmo gastar dinheiro público para engrandecimento político de uns e outros.  O desfile foi o exemplo máximo de que qualquer crime pode ser cometido pela administração petista, imune às leis e impune aos crimes.

Bilhete de prefeito em Maricá

Através da página na internet, prefeito de Maricá mostrou mais uma vez o alto nível de suas mensagens petistas com uma convocação para comparecimento em festa cívica vestindo vermelho e para se assinar documento cretino pedindo fim do monopólio de empresa de ônibus, descaso pelo abastecimento de água e violência. Ou seja, temas que deveriam ser administrados por quem foi eleito.


O abaixo-assinado calhorda é o mesmo que vem colocando nas ruas desde 2011. Em vez de agir junto aos governos e instituições, prefere bancar o revolucionário e usa o povo para fazer número em reivindicações que deveria liderar. 

Taxar mais os ricos não é essencial para reduzir desigualdade hoje


O combate à desigualdade social e à pobreza nos últimos vinte anos foi marcado pela melhoria dos gastos públicos, mas, no mesmo período, se avançou muito pouco na construção de um sistema tributário mais justo, afirma Ricardo Paes de Barros, um dos idealizadores do programa Bolsa Família e atual secretário de Ações Estratégicas do governo federal.
Ou seja, o país continua taxando proporcionalmente mais a população de menor renda do que a parcela mais rica.
Apesar de reconhecer que seria importante mudar essa realidade, Paes de Barros diz que é possível continuar diminuindo a concentração de renda mesmo sem um sistema tributário mais distributivo.
Em entrevista à BBC Brasil, ele afirma que "ninguém estaria contra fazer mais" pela redução da desigualdade, mas ressalta que é difícil politicamente realizar uma reforma tributária de grande porte no país.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Faz sentido

"Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor."  José Saramago 

A corrupção causa desigualdade?


De quem é a culpa de que a desigualdade econômica tenha aumentado tanto nos últimos tempos? Dos banqueiros, é a resposta óbvia para muitos. Segundo esta visão, o setor financeiro é o principal responsável pela crise econômica mundial que começou em 2008 e cujas consequências ainda são sofridas por milhões de desempregados e pela classe média que empobreceu, especialmente na Europa e nos EUA. Os que pensam assim também enfatizam que os banqueiros e especuladores financeiros que causaram a crise não pagaram preço nenhum e, pelo contrário, muitos deles agora estão mais ricos. Para outros, o aumento da desigualdade tem a ver com os míseros salários dos trabalhadores em países como China e Índia, cujas rendas empurram para baixo o rendimento dos trabalhadores no resto do mundo e geram desemprego, já que as empresas “exportam” postos de trabalho do Ocidente ao Oriente. Não; a tecnologia é a principal fonte de desigualdade, dizem outros. São os robôs, os computadores, a Internet e, em geral, todas as máquinas que substituem os trabalhadores que causam desemprego e desigualdade.
É mais complicado e profundo que tudo isso, argumenta Thomas Piketty, o economista cujo substancial livro O Capital no Século 21 (em tradução livre para o português) transformou-se num surpreendente êxito mundial.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

"Se os tubarões fossem homens"



Bertold Brecht na voz de Antonio Abujamra, no programa "Provocações".




Só dá pobre na cadeia

Cadeia é só para pobre, negro e viciado. Enfim, para quem não tem costas quentes nem uma graninha para soltar de gorjeta. É um costume brasileiro que até se estava desacostumando. Gente achava que isso era coisa do passado. O mensalão fez pensar que o país enfim estava para acabar com a desigualdade judicial. O pobre e negro passaria a dividir a cela com o colarinho branco, o ficha-suja, o mensaleiro. Falácia pura injetada na veia.
O país não mudou nada. Foi só jogo de cena. Os bandidos que mereciam estar no xilindró estão soltos na maior desfaçatez. Juiz de Supremo banca a soltura do colarinho branco da Petrobras e mantém os doleiros na prisão. Se enganou, sua excelência? Mas que engano monstruoso deixando o presumido chefão da máfia na Petrobras fora das grades! Ainda por cima, por garantia, decretou investigação sob sigilo judicial. Assim, nas sombras, sem transparência, pode ocorrer um inquérito até o fim dos tempos sem que um reles mortal saiba o que aconteceu. É o jogar para debaixo do tapete a sujeira que pode atrapalhar uma reeleição petista. Não será mera coincidência.
Outro juiz, também que já foi do partido da situação, agora solta um deputado com um prontuário de mais de 100 processos como ficha-suja. Mais um caso varrido para o espaço do silêncio. Será devido ao envolvimento maior de gente aliada?

O Brasil assiste, com a devida revolta, o poder passando a mão na cabeça dos companheiros sem a mínima vergonha. É momento de livrar a cara dos aliados comparsas, apanhados com a mão na massa, para que não se aumente ainda mais a bola de neve que possa derrubar, como em boliche, a nobre candidata. Mais uma vergonhosa posição de quem não dá a mínima para a igualdade social, que só existe mesmo da boca pra fora.

Os perigos estão à vista com este novo jeito de governar, aspirando a própria porcariada para não sujar companheiros e companheiras. Aparentar um governo de mãos limpas, com as mesmas manchadas de sangue do crime amigo, pode ser um risco à formação de um país de instabilidade. Exemplos não faltam na América Latina. A corrupção crescente com a conivência dos poderes é uma bomba relógio que um dia vai explodir e implodir todo um partido que se dizia honesto, levando de cambulhada o próprio país. 

Casario

Joaquim Albuquerque Tenreiro foi marceneiro,
projetista de mobiliário, pintor e escultor (1906/1992)

Análise de guru

“Eu colocaria a presidente Dilma no mesmo pé em que coloco o presidente da Bolívia [Evo Morales] e o governo do Equador. Eles, de alguma maneira, fazem muito do que sempre fez a direita: têm o mesmo modelo de acumulação, o mesmo modelo capitalista, o mesmo neoliberalismo, aproveitaram a mesma onda de extrativismo, com a reprimarização da economia”.
Referência de militantes de esquerda em todo o mundo, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos diz que há retrocessos em segmentos dos direitos humanos no Brasil e critica a presidente Dilma por demonstrar "insensibilidade social".

sábado, 24 de maio de 2014

Como se faz uma onda



O filme alemão “A Onda” (“Die Welle”), de 2008 dirigido por Dennis Gansel, mostra didaticamente como se fazer um regime totalitário seja ele sob uma onda, uma suástica ou uma estrela. É inspirado no livro homônimo de
1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda. Obteve sucesso nas bilheterias alemãs e depois de dez semanas, 2,3 milhões de pessoas haviam assistido ao filme.

Brasil do entrudo na cara


Cada manhã, o brasileiro já não tem mais a tranquilidade de outros tempos, quando abria o jornal e lá encontrava políticos em debate das grandes questões nacionais.  Hoje o tapa na cara vem num direto da internet que explode em jorros os crimes e a roubalheira política. É uma verdadeira chuva de limões de cheiro, bisnagas de água suja, baldes de dejetos politiqueiros jorrando dos computadores.
Onde o debate das questões? Onde se apresentam as possíveis soluções? Onde aparecem os governantes administrando? O que se vê são todos, de todos os partidos, numa brigalhada para quem vai ficar com o osso do poder, danando-se o povo.
Em vez de administrar um país, a presidente sai em caravana para inaugurações fajutas, armando palanque em qualquer brejo de famintos para destilar sua campanha. Os outros não ficam atrás discutindo o sexo dos anjos, promovendo briguinhas para angariar simpatizantes. Os políticos, então, saem aos tapas e socos para uma boquinha a mais, um naco de poder, quando não estão se dizendo inocentes de crimes descarados que cometem.       
O momento, então, é de se livrar de qualquer sujeira praticada no passado recente ou por companheiros nada honestos. Vale tudo, mesmo apelar para uma Justiça lá não muito justa, mantendo prisão para doleiro e deixando companheiro livre, leve e solto para não explodir como mina de efeito retardado.

Também vale fazer sumir na poeira do noticiário qualquer informação que possa vincular poder à roubalheira, ou sugerir ligações perigosas de aliados com bandidos, ou de participação de encontros suspeitos de partidários com a bandidagem da pesada. Enfim, essas sujeiras que todo o dia o noticiário espirra na cara, como deboche, do internauta, que no fim paga as contas para todo o dia ficar enlameado pela sujeira de quem, por dever, obrigação e voto, deveria ser o mais interessado em não sujar a barra. Mas todo o dia emporcalham o poleiro e, não satisfeitos, ainda querem mais.  

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dá o que pensar


O Brasil, em propagandas governamentais, faz parecer que é o paraíso na Terra. Ledo engano. Os governos têm pouco dado atenção a problemas sociais urgentes segundo se vê dos dados. Se a infecção hospitalar mata 100 mil pessoas, em média, no Brasil por ano, o programa Mais Médicos, menina dos olhos petistas na saúde, não passa de mais um engodo, porque não adianta se encher de médicos se não há condições de tratamento aos doentes mais necessitados. A saúde continua a ser uma caixa-preta, intocável, só exibida durante as campanhas para angariar votos.
Outro setor que não merece nenhum olhar é o trânsito, cada vez mais caótico e assassino. Nos conflitos do Vietnã, durante 20 anos, morreram 58.193 soldados norte-americanos. No Brasil, o trânsito matará este ano 50.241 pessoas levando-se em conta o crescimento da taxa em 4% ao ano. As estatísticas mostram que o trânsito brasileiro é 90% mais perigoso do que nos Estados Unidos. Não há efetiva campanha nem sequer medidas judiciais severas que façam reduzir essas taxas.
E a violência que descambada cada vez mais para níveis alarmantes não fica atrás em dados. Um em cada dez homicídios mundiais registrados em 2012 aconteceu no Brasil, segundo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. De acordo com o Estudo Global sobre o Homicídio 2013, que traz dados relativos ao ano de 2012, o Brasil teve 50.108 homicídios, o que representa a pouco mais de 11% de todos os 437 mil assassinatos cometidos no mundo.
Na Copa das Copas, o Brasil leva com vantagem o caneco de campeão dos piores em três estilos: saúde, trânsito e violência. De quebra ainda ganha mais outras medalhas nos demais setores sociais como o pior do mundo.  

Premiada a 'filósofa'

A sempre “filósofa” Mafalda deu um prêmio ao seu criador Joaquín Salvador Lavado, de 81 anos, o cartunista Quino, que foi receber o Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades, o mais importante da Espanha.

Sem ideias, novas manifestações continuam

O projeto neoliberal é privatizar e "commoditizar" tudo. No seu fracasso em realizar promessas de eficiência estão as raízes dos protestos que eclodem pelo mundo e no Brasil. Partidos políticos convencionais, reféns do capital internacional, não conseguem canalizar a raiva que emerge das ruas. Não há ideias novas, e as manifestações vão continuar. Esta é a síntese da análise do geógrafo marxista britânico David Harvey, de 78 anos, em matéria publicada no final do ano passado. Professor da Universidade da Cidade de Nova York, ele ataca os "oligarcas globais" e afirma que os bilionários foram os que mais ganharam com a crise.
Crítico da realização de megaeventos como Copa e Olimpíada, ele avalia que os governos são muito influenciados pelo capital financeiro. E aponta: "Esses eventos são sobre a acumulação de capital através de desenvolvimento de infraestrutura. Os pobres tendem a sofrer, e os ricos tendem a ficar mais ricos".

quinta-feira, 22 de maio de 2014

E a viúva consente!

A esquerda não sonha mais?

Há pouco acompanhei, aturdido, a polêmica em torno de uma proposta, que, por ser tão absurda, custei a levar a sério: de “traduzir” clássicos da literatura brasileira para torná-los mais acessíveis aos leitores. “Quero livros nas casas dos mais simples”, argumentou a autora do projeto, que, com dinheiro captado por meio de renúncia fiscal, em junho distribuirá gratuitamente 600 mil exemplares, em linguagem facilitada, de “O alienista”, de Machado de Assis, e de “A pata da gazela”, de José de Alencar. Aguardei a poeira baixar um pouco para fugir da armadilha de criticar a ideia de Patrícia Secco sob o argumento corrente de que não se pode mexer no texto dos autores porque isso é por demais óbvio.
O que me preocupa, na verdade, é a visão distópica que alicerça a convicção de Patrícia Secco e de seus apoiadores, e que alimenta o discurso da esquerda brasileira (aqui incluo petistas e tucanos e todos os assemelhados). Ela afirma que, por causa do vocabulário, considerado difícil, os jovens não gostam de Machado de Assis, o que é fato. Então, ao invés de sugerir mudanças no sistema educacional, visando à melhoria do nível dos alunos, Patrícia e seus apoiadores propõem “descomplicar” o texto do autor. Ou seja, o problema não está no nosso péssimo sistema de ensino, que historicamente vem sendo o instrumento mais eficaz de manutenção das desigualdades sociais, mas no escritor que utiliza palavras por demais sofisticadas.

De porta em porta contra abandono escolar


O governo socialista da província de Santa Fé, na Argentina, criou um programa em que profissionais que batem à porta dos adolescentes que abandonaram os estudos.
O objetivo do "Vuelva a estudiar" é detectar por que eles desistiram da sala de aula e convencê-los de que vale a pena voltar à sala de aula, como contou à BBC Brasil a secretária de Educação, Claudia Balagué.
"É uma tarefa artesanal, árdua e de equipe, com os profissionais treinados batendo, de surpresa, na casa de cada aluno que deixou os estudos. Desenvolvemos uma estratégia personalizada para cada um que deixou a escola", contou Balagué.
A província de Santa Fé tem 850 mil alunos. O abandono ocorre principalmente entre os alunos mais velhos, assim como no restante da Argentina, onde quase 16% dos alunos do nível secundário, que têm entre 12 e 18 anos, deixam os estudos.
Em Santa fé, o índice de abandono chega a 18% no nível secundário, bem acima do 1% registrado entre alunos do primário, que têm até 12 anos.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Não se silencia

"Na primeira noite colhem uma flor de nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que, conhecendo nosso medo, arrancam-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada" 
Vladimir Mayakovsky (1893/1930), conhecido como "o poeta da Revolução", foi poeta, dramaturgo e teórico russo 

Fábrica de presidentes suspeitos


O ex-presidente salvadorenho Francisco Flores Pérez se juntou ao grupo dos outros ex-presidentes constitucionais e governantes de fato da América Central que foram denunciados por suposta corrupção. De um total de 32 homens e mulheres que governaram os seis países centro-americanos entre 1990 e 2010, há 13 que estão sendo ou foram interrogados por supostos atos irregulares e um deles – o guatemalteco Alfonso Portillo Cabrera – já foi extraditado aos Estados Unidos e está preso por “lavagem” de dinheiro e outras acusações.
O histórico dos presidentes e ditadores nos últimos 35 anos é desigual. Há políticos com prestígio e outros, do costarriquenho Oscar Arias Sánchez, que coleciona títulos honoris causa de universidades na América, Europa e Ásia e é um dos mais prestigiados da região, até Efraín Ríos Montt, acusado de genocídio em seu regime despótico de 1982 e 1983, ou o nicaraguense Anastasio Somoza Debayle, herdeiro de uma ditadura instalada em 1934, derrubado em 1979 e assassinado em um ataque com bazuca no Paraguai, em 1980.
A crise judicial envolvendo políticos ou militares que chegaram ao poder por meios legais ou ilegais tem sido uma constante nos últimos anos, e o caso mais recente é o de Flores, que governou de 1999 a 2004. No dia 1º de maio, e no fim de mais de seis meses de tensões na Justiça, a Procuradoria-Geral de El Salvador o acusou de peculato, enriquecimento ilícito e desobediência de particulares, e ordenou a prisão dele. Em 9 de maio, a Polícia Internacional (Interpol) emitiu um alerta vermelho para pedir a prisão de Flores em algum dos seus 190 países associados e colocou a fotografia do ex-mandatário na sua página na Internet.

Cabo Frio

Giuseppe Giannini Pancetti (1902/1958), 
mais conhecido como José Pancetti

O que a Copa mudou na África do Sul


Moradora da periferia de Johanesburgo, maior cidade da África do Sul, Yvonne Raedane diz não se importar "nem um pouco" com futebol. Mas questionada se sediar a Copa do Mundo de 2010 foi um bom negócio, ela diz: "Para mim, foi claramente um bom negócio".
Raedane se refere às melhorias feitas no transporte público de Joanesburgo na véspera do Mundial, que surtiram grande efeito em sua rotina.
Pouco antes do torneio, o governo local inaugurou os primeiros trechos de um sistema de corredores de ônibus (BRT) e de um trem de alta velocidade.
Numa cidade sufocada pelo trânsito e em que, até então, a maioria dos moradores dependia de carros ou lotações para se deslocar, os investimentos tiveram um impacto sensível.
A postura de Joanesburgo contrasta com a da maioria das cidades brasileiras que sediarão jogos da Copa, onde grande parte das obras em transporte público planejadas para o evento foi abandonada ou não será entregue a tempo.

terça-feira, 20 de maio de 2014

'É inaceitável os estádios não estarem prontos'



"É inaceitável que alguns estádios da Copa ainda não estejam prontos. Tivemos muitos anos para nos preparar – mais do que o necessário. Isso é uma vergonha!". Foram essas as palavras de Pelé, em entrevista publicada pelo tabloide alemão Bild, nesta segunda-feira. O ex-jogador de 71 anos voltou a polemizar com comentários sobre os protestos e colocou a Alemanha entre os favoritos para o título mundial.
A 25 dias do pontapé inicial da Copa, o Rei do Futebol se mostrou irritado com o atraso nas obras dos estádios, mas também com o desenvolvimento do país: "Estou animado para os jogos, mas quando penso no que foi feito no entorno da Copa, me preocupo e me sinto frustrado. Uma grande chance foi desperdiçada."

Contribuição da miséria


Os xerifes de agora

Se há algo que mais irrita nestes tempos petistas, são os xerifes. Nada mais inconveniente do que esses desde a época dos fiscais do Sarney, que apenas se restringiam a ficar de olho no comércio. Os fiscais de hoje são bem diferentes. Se trocar a estrelinha que acreditam exibir no peito por uma cruz gamada, dá no mesmo. Fascistas brasileiros, com certeza.
São os donos da rua, do pedaço, dos espaços públicos. Criam as próprias leis e fiscalizam sua obediência. Realistas maiores do que o próprio rei, a quem mais interessa é que cumpram suas obrigações de votar o continuísmo.
Em cidades grandes, somem na multidão, mas nas médias e pequenas, quando o partido é situação, aí fazem valer suas “ordens”. Tomam espaços públicos como se fossem da estrela com a nova regra disso ou daquilo. Se arvoram em autoridade constituída pelo partido, nunca pela cidadania.
A maioria bebe nas fontes públicas ou tem parente se embriagando nelas. Portanto, literalmente vestem a camisa vermelha da vergonha nacional. E lá brilha no peito a estrelinha de xerife.


Não há canto onde não ponham o bedelho como autoridade. São eles que mandam e desmandam, até mesmo ordenam sem eira nem beira. Querem porque querem fazer valer a nova ordem.
Quem assistiu ao filme “A onda”, de Dennis Gansel, inspirado no livro homônio do americano Todd Strasser, tem visão bem didática de como os regimes de força se formam, controlam as massas e criam seus exércitos de colaboradores. Xerifes nazistas ou petistas, parece só haver diferença na língua. O jeitão prepotente é o mesmo, a fonte de onde brotam é a mesma burguesia de assalariados descontentes consigo próprios, sempre loucos por participar de uma mudança que nem sabem qual é ou a que leva.
No fundo querem ser o que não são nem nunca serão. Pretendem mostrar aos outros uma imagem de força e poder quando são os mais fragilizados, por não terem por base a educação e a formação. São meros nadas que se mostram número quando em bando. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Valsa para abir o dia



Arthur Moreira Lima toca "Turbilhão de beijos" de Ernesto Nazareth (1863-1934) 

Eleição seria séria?

Os políticos, de joelhos e mãos postas, garantem que não há nada mais sério depois da Criação. Mas em língua de político ninguém aposta nem centavo sem valia. Seriedade é o que falta, e muito. Eleição, pra valer, virou apenas um joguinho de poder entre os partidos, na arquibancada, com os cidadãos na rinha de galo com nariz de palhaço. A seriedade há muito se despediu da eleição com lágrimas nos olhos por ficar o povão entregue aos abutres políticos.
O ponto de vista, logicamente, recebe críticas. Como não haveria de receber com tanto soldado a serviço mercenário? Mas são sempre uma zurrada com carimbo certeiro de um político. É só de gado marcado, ferrado, pastando em curral eleitoral.
A mínima inteligência sabe bem que a política se degradou muito. Foram embora os verdadeiros líderes, deram adeus a qualquer ação na área os de melhor caráter. Ficou apenas a canalha de olho no próximo bonde para assegurar poder.

Se alguém mais velho lembra de homens e mulheres dedicados a fazer política com projetos para o bem coletivo, fica abestado com tamanha mesquinharia e mediocridade que tomou conta dos poderes de alto a baixo. Chovem projetos dos mais mirabolantes para coisa alguma e há uma torrente de aprovação de engodos populistas, de vantagens a empresas e políticos.
Os milhões gastos em eleição são revertidos em dólares fabulosos nos bolsos empresariais com o pagamento das devidas comissões políticas. Pagam-se fortunas por obras de fachadas, quando são completadas a sopapo em passo de tartaruga, que rendem o superfaturamento. A porcaria fica embelezada por marqueteiros e endeusada na propaganda paga para servir de fachada ao engrandecimento politiqueiro.
Com as eleições jorrando dinheiro público, sem falar no caixa 2, através do fundo partidário, partidos se dão até o luxo de fazerem testes eleitoreiros lançando nomes municipais, sem expressão, para cargos estaduais e federais na maior sem cerimônia. Aproveitam o gancho de formar palanque para nomes conhecidos, criando factóides de desconhecidos. Afinal o dinheiro não é deles e quanto mais gastarem em nome da ‘democracia” mais reforçarão seu poderio na terrinha. É outra faceta desse sistema eleitoral falido, que mais tem servido aos políticos do que ao povo de quem dizem ser defensores.
Essa fórmula de se testar candidatos de mero valor municipal em campanhas estaduais e federais virou prática corriqueira para os governinhos sem eira nem beira formarem os quadros de eleições seguintes. Isso não mais se configura do que uma brigalhada com vistas apenas ao poder pelo poder que tornou mais esculhambado o país.    
Hoje eleição brasileira é corrida ao poder com a maratona dos horários gratuitos, que são regiamente pagos, para todos se estapearem. Um verdadeiro ringue com cada um querendo se mostrar mais, nunca mostrar um projeto de efetiva utilidade. Aqui está valendo tudo pelo poder numa eleição que se afigura mais uma corrida de ocupar o país com todo o poderio que isso traz e, de quebra, já preparar o “time” municipal de 2016, ano olímpico não se deve esquecer. E muito governinho de cidade prostituída já prepara seus “investimentos” para a festividade e lucrar em votos até lá.

Rede Pau nos Ratos

Tudo pelo poder

Apesar de proibida por lei municipal, as chamadas de carro de som são freqüentemente utilizadas pelo próprio governo para anunciar suas realizações na terrinha de Maricá. Na última “convocação” governamental, sem público para suas inaugurações fajutas, precisando convocar para todas o bonde comissionado, ainda acrescentava nas chamadas: “Vá e leve toda a família”. Em resumo, a lei é para o cidadão, o governo não tem lei.

O ‘premiado’ Rato

O governo mais escrachado de Maricá, pela segunda vez, em um ano, deu o nome do irmão do prefeitinho, alguém que nunca fez nada pelo município, nem sequer trabalhou, a obras “para o povo”. A primeira foi para um viaduto, a que denominam ponte, mas escavaram a areia sob ele para fazer jus ao à denominação, e agora o alcunhado “Rato” dá nome a um centro multimídia financiado pelo governo federal. Como se vê, o município passa a ser da máfia petista. 

Liderança peti$ta

As grandes empreiteiras, todas envolvidas em construção de estádios para a copa, são as campeãs de doação partidária que tem enchido os bolsos petistas. As tradicionais empresas com negócios no setor público, doadoras de dinheiro para partidos políticos, entregaram ao PT, no ano passado, quase o dobro do que pagaram a PSDB, PMDB e PSB juntos. Foram R$ 79,8 milhões contra R$ 46,5 milhões.
A liderança petista na captação já ocorria em anos anteriores, mas a vantagem entre as siglas passou em quatro anos de pouco mais de R$ 9 milhões para R$ 33,2 milhões



Enxurrada cultural

Prefeito promete construir 600 pontos de cultura a pouco mais de dois anos do fim do mandato. Para os calhordas, é um gesto magnânimo, mas de um medíocre como os que o apoiam. Na ponta do lápis, a promessa é de um absurdo inimaginável. O prefeitinho de Marica, alcunhado de Quaquá, simplesmente está anunciando que vai construir um ponto de cultura para cada 200 habitantes. Em país sério, iria para o manicômio judiciário por alta periculosidade contra o patrimônio público.


sábado, 17 de maio de 2014

Alternar é bom

“Quando você tem um sistema, que você pra ter apoios políticos, você vai dar cargos, você sabe que esses cargos vão ser usados para fazer caixinha, aí é um caminho para a corrupção. Quando você fica muito tempo no poder, os compromissos são muitos. Você não consegue mexer na máquina, mesmo querendo. Veja a presidente Dilma: tentou várias vezes. Agora está lá, nomeando tesoureiro de partido para ter posição no governo. Não consegue. Com o tempo, você perde a capacidade de renovar realmente. A alternância é sempre boa.”

O Brasil cansou de ser o “país do futuro”?


O Brasil, o gigante americano, está numa encruzilhada. Para alguns com risco de derrapar na próxima curva. Neste momento, todos estão crispados e quase incrédulos. “O Brasil está um caos”, é a frase que mais se escuta na rua.
O fato é que o Brasil luta para sair de uma situação que começou a incomodá-lo: cansou-se de ser “o país do futuro” e quer ser o do presente, do agora. Não lhe bastam promessas, e menos ainda as descumpridas. E quer um hoje com qualidade de vida. Entre os brasileiros, 73% desejam “mudanças”, inclusive radicais.
Repetiu-se durante muito tempo que o Brasil era o “país do futuro”, e apresentava-se a Petrobras como a joia da coroa, emblema da eficiência empresarial, uma empresa modelo no mundo, da qual hoje estão sendo vistos os pés de barro.

O recado

José Ferraz de Almeida Júnior (1850/1899)
foi pintor e desenhista brasileiro apontado como 
precursor da temática regionalista

O Brasil para inglês ver (final)

NOSSO CAMPO – Estima-se que haja cerca de 150 milhões de hectares de latifúndios completamente ociosos – por outro lado, calcula-se em quatro milhões o número de trabalhadores sem terra e camponeses pobres. Há 60 mil famílias sem terra vivendo em condições miseráveis em 150 acampamentos espalhados pelo país. Dados do IBGE mostram que, enquanto 20% dos domicílios urbanos apresentam rendimento médio mensal de até um salário mínimo (R$ 724,00 ou cerca de 324 dólares), no setor rural esse número cresce para 47% das famílias, sendo que 12% delas registram rendimento igual a zero. O analfabetismo no meio rural chega a 33% contra a média nacional de 9%. Dos 7,5 milhões de domicílios rurais permanentes, apenas 18% têm água encanada, 46% possuem banheiro e 13% contam com coleta de lixo. Metade das terras do país pertence a 48 mil pessoas.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O Brasil para inglês ver


Alinhavamos algumas informações, que esperamos ser úteis, para oferecer aos 600 mil torcedores que desembarcarão em terras brasileiras para assistir aos jogos da Copa do Mundo.
NOSSO CAMPO – Na última década, 2004 a 2013, foram mortas 338 pessoas por conflitos agrários, segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra. Somente no ano passado, houve 34 assassinatos, sendo que 15 vítimas eram índios. Metade das terras do país pertence a apenas 46 mil pessoas.

NOSSAS ESCOLAS – Um em cada cinco professores do ciclo final do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) não tem curso universitário. E um em cada três não é habilitado, ou seja, não fez licenciatura. No ensino médio, um em cada cinco professores não fez licenciatura – são profissionais como administradores, advogados e jornalistas dando aulas de física, química, matemática, línguas. Os dados são da ONG Todos pela Educação. Cerca de 9% da população permanece analfabeta e 20% são classificados como analfabetos funcionais – ou seja, um em cada cinco adultos não tem capacidade de ler e interpretar os textos mais simples.
Leia mais o artigo de Luiz Ruffato

A alma do negócio


“É preciso criar” se tornou o lema de administrações públicas fajutas. Sem desejar trabalho, mas dinheiro no bolso, governinhos de quinta categoria adoram criar necessidades que não existiam apenas para poderem fazer jus ao cargo de tamanha importância que ocupam. Aí começam a instalar em seus redutos produções importadas para poderem demonstrar principalmente o trabalho social da cambada.
Quem muito serve de exemplo do que os cretinos são capazes é o governinho de Maricá, sempre disposto a apadrinhar, ou literalmente se apropriar, de obras dos outros, e ainda por cima fazer instalações próprias.
Foi assim com os mendigos, hoje sumidos, que em 2009 começaram a infestar o município de repente, sem mais nem menos, onde sua presença era quase nula. Apareceram praticamente do nada em bando. Se encastelaram no anfiteatro e foi preciso muita grita na imprensa para tirar de lá todo o grupo, que ali tomava banho e até lavava roupa, estendendo as mesmas sobre as arquibancadas para secar. Aí veio o apelidado poder público e deu um basta na instalação, aproveitando para mostrar como trata a “questão social”. Espalhou por todo o canto o grupo e hoje até fala em prestar melhor assistência médica a eles, quando não há hospital digno de assim ser chamado no município.
Agora surge na imprensa a notícia que será feita uma exposição sobre a presença indígena em Maricá. Outra armação, pois nunca houve aldeiamento desde o fim dos índios no Rio de Janeiro. Em 2009, promoveram uma série de ações para instalar um grupamento indígena à força na região com índios expulsos de Camboinhas. Literalmente importaram uma aldeia, que já há tempos esteve em outro município. Servia para dar mais um trabalhinho para quem não tem nenhum na ação social. Foi um tal de colocar oca aqui e ali, até uma foi construída na praça e incendiada. Depois saíram atrás de local para instalar a taba, o que encontraram justamente em área dita particular, onde os índios até pediam quentinha pelo telefone. Afinal índio petista tem dessas regalias.

Enfim mais uma invenção petista para reescrever a história e aparecer como salvadores da raça. Se não fosse uma calhordice, poderia até se dizer que é uma cretinice, outra a mais, para levar os trouxas no bico. E como tem trouxa por aí, capaz mesmo de visitar a mostra e sair com a boca cheia de formiga espalhando sobre a realeza indígena de Maricá. Nem sabem que os verdadeiros índios são os próprios imbecis.   

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Copa não dará impulso duradouro à economia


Relatório afirma que Fifa é a única que se beneficiará diretamente com o Mundial, mas ressalta que, apesar de não haver ganho econômico significativo, país-sede pode ter efeitos positivos em sua imagem.
 Mesmo sediando a Copa do Mundo de 2014, o Brasil não pode contar com um impulso duradouro à sua economia. Apesar de gerar confiança para o país, o efeito econômico do evento, de tão baixo, não deve ser considerado. Essas são algumas das conclusões de um relatório divulgado na terça-feira pelo banco alemão Berenberg e pelo Instituto de Economia Mundial (HWWI), de Hamburgo.
Mesmo que empresas dos setores de segurança, gastronomia ou de construção se beneficiem com o evento no curto prazo, a Copa do Mundo não gera impulso a longo prazo para a economia do país-sede. Como exemplo, o relatório afirma que dados coletados após os Jogos Olímpicos na Grécia, em 2004, e a Copa do Mundo na África do Sul, em 2010, comprovariam a tese.
Leia artigo na íntegra


Um show

"A girlie-show do Carroussel" -  Edward Hopper (1882/1967)

Era o que faltava

(...)
"O curioso é que o radicalismo petista, antes nutrido por ranços ideológicos, agora se inflama pela defesa das ilegalidades cometidas. A confusão entre o Estado e o partido é tão obscena que eles perderam a vergonha de reinvindicar legitimidade para seus desvios." 
O artigo, na íntegra, de José Aníbal, "Era o que faltava" está aqui 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

País gasta mais do que os EUA em eleição


O Brasil é o que mais gasta com campanhas eleitorais no mundo, segundo o juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, ao comentar reportagem do Globo, mostrando que será usado algo em torno de meio bilhão de reais com campanhas eleitorais este ano. Este dinheiro, afirma Reis, vem de doações de grandes empreiteiras e bancos, que têm interesses no governo, numa “relação espúria” entre as partes.
Com base em um estudo do professor Geraldo Tadeu Monteiro, do Iuperj, Reis mostrou que o país gasta mais, inclusive, que os Estados Unidos, um dos países que têm tradição em realizar caras disputas eleitorais. O estudo aponta que, em 2012, o gasto eleitoral no Brasil em relação ao PIB (2,3 trilhões de dólares) foi de 0,89 de dólar por eleitor, enquanto nos Estados Unidos (com PIB de 16,5 trilhões de dólares) foi de 0,38 de dólar.
Gil Castelo Branco, do site Contas Abertas, diz que, para cada R$ 1 doado para campanhas, as empresas obtêm de volta R$ 8,50 em obras públicas. Para ele, as doações são “promíscuas”. Ele fez um levantamento que indica que as eleições custaram ao país, em quatro anos (de 2010 a 2014), um total de R$ 9,5 bilhões, mais do que será gasto com 45 obras de mobilidade para a Copa.
Leia mais em aqui

Ação mais útil

“Talvez fosse mais útil à sociedade como um todo - no Brasil ou em qualquer outro país - que a pobreza e a desigualdade fossem combatidas através de uma ação conjunta real, que associasse nossas imperfeições de seres humanos às nossas ambições comuns, e que o resultado dessa ação atingisse não somente os alunos que entregam seu dever de casa no dia certo, mas igualmente aqueles bagunceiros, que do fundo da sala ficam jogando bolas de papel no seu professor de inglês que nada pode fazer.”
Trecho do artigo de James Flannery, da BBC Brasil, “Para Inglês Ver: A luta contra a pobreza tem que ser de todos”


Ceia à brasileira


A Cultura no centro do desenvolvimento

Ao largo das últimas décadas, a Unesco aprofundou a idéia de que, em um modelo desejável de desenvolvimento, a Cultura ocupa um lugar central. Não apenas porque é um vetor que fomenta o desenvolvimento, mas também porque é uma referência que orienta o modo como se desenham as sociedades. Qualquer sociedade é um modelo complexo, em que a presença da cultura se encontra, de forma transversal, junto à economia, à política e à religião. Cada um desses elementos pode ser dominante e estruturador dos outros, mas também podemos encontrar distintas formas de articulação nas que não exista a predominância de alguma delas.
Na sociedade contemporânea existe uma tendência a ver o lado econômico como referência,. Não é apenas uma herança de teorias e práticas capitalistas ou marxistas, se converteu em uma evidência que está além da teoria, da interpretação ou da prática, como se qualquer outra perspectiva fosse marginal.
Leia na íntegra, em espanhol, o artigo dos ex-secretários de Cultura Jorge Barreto Xavier (Portugal) e José Maria Lassale (Espanha)

terça-feira, 13 de maio de 2014

Sonho da Copa pode virar fiasco


A revista alemã "Spiegel" dedica dez páginas ao Mundial e prevê que país do futebol pode ter protestos e tiroteios em vez de festa. Maracanã, diz a reportagem, teve a alma roubada e é exemplo de como políticos se distanciaram do povo.

A um mês da Copa, a maior e mais importante revista da Alemanha, a Der Spiegel, faz uma previsão sombria sobre o Mundial no país do futebol. Com o título "Morte e jogos", o semanário traz em sua capa uma imagem da bola oficial do torneio em chamas caindo sobre o Rio de Janeiro. Em três matérias, que juntas somam dez páginas, é apresentado um retrato dos atrasos nas obras, da insatisfação dos brasileiros com os altos custos do evento e dos prováveis embates nas ruas das cidades-sede.
"Justamente no país do futebol, a Copa do Mundo pode virar um fiasco: protestos, greves e tiroteios em vez de festa", afirma a matéria, assinada pelo jornalista alemão Jens Glüsing e que leva o título de "Gol contra do Brasil". "As notícias serão sobre protestos e greves, problemas com infraestrutura e violência", prevê.

O impacto econômico vai decepcionar?

Desde que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa, em 2007, autoridades de Brasília têm exaltado o potencial do torneio para gerar empregos, acelerar investimentos em infraestrutura e atrair turistas com os bolsos recheados de dólares.
"O Mundial é uma oportunidade histórica para promovermos desenvolvimento socioeconômico no âmbito local e nacional", disse à BBC Brasil Joel Benin, assessor para Grandes Eventos do Ministério dos Esportes.
"Ele gerará 3,6 milhões de empregos, movimentará R$ 65 bilhões (este ano) e deixará um legado importante na área econômica".


"A Copa é, basicamente, uma grande festa. Foi um erro associar
 o torneio a obras de infraestrutura que deveriam ter sido 
feitas há muito tempo para o Brasil continuar crescendo"
Pedro Trengrouse, consultor da ONU para o Mundial e professor da Fundação Getúlio Vargas

Nas últimas semanas, porém, alguns analistas têm advertido que o torneio pode decepcionar aqueles que esperam um efeito econômico significativo – seja no curto ou no longo prazo.
Dois relatórios recentes, da agência Moody's e da consultoria Capital Economics, por exemplo, chamam a atenção para o pequeno peso em relação ao PIB dos gastos potenciais dos turistas e investimentos em infraestrutura ligados ao evento.