Sim, a publicidade gasta cada vez mais dinheiro na internet do que na mídia tradicional. Já estão no mercado malandros que vendem cursinhos para aspirantes a influencer mirim. O pior: muitas vezes os pais incentivam. Em alguns casos são crianças pobres que se tornam arrimo de família, o que é bacana, em outras são os pais, de várias classes sociais, que estimulam e faturam em cima da popularidade do seu influencer mirim. Um vídeo promocional de um cursinho impressiona: o garoto paupérrimo que dá para o pai seu grande sonho, um celular — a arma de fazer dinheiro do filho. Não é preciso dizer que as consequências serão desastrosas, para influenciadores e influenciados.
Sim, tem todo um problema legal, de menores de tantos anos só poderem exercer certas atividades com autorização judicial. No caso de novelas, filmes, teatro e comerciais, a fiscalização pode ser realizada com relativa facilidade. Mas um influencer mirim... acho que a lei ainda nem prevê essa possibilidade. Os juizados de crianças e adolescentes podem tirar do ar páginas e sites de crianças? Como controlar e fiscalizar isso, sem a ajuda dos pais? Mas os pais querem essa grana mole. Quem não?
Estarrecedor 2: saber que 9 entre 10 crianças, quando perguntadas o que queriam ser quando crescessem, responderam em massa: influencer. É claro: moleza máxima, é só fazer o que quiser e gravar em vídeo, não tem que fazer nenhum esforço, nenhuma pesquisa, estudar nada. O que pode ser melhor?
As dicas e os conselhos e valores dessas crianças não valem nada, mas tem o poder de fazer outras crianças acreditarem naquelas bobagens. Só o que conta são as aparências, o conteúdo é vazio, fugaz como os stories. E crianças passam horas on-line vendo páginas de crianças, em vez de estudar, brincar, jogar, aprontar alguma, como crianças. E quando são manipuladas pelos pais, o inferno é o limite.
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Poeminha dos 80 anos
não tenho saudades de nada,porque tudo foi vivido intensamente,
até o fundo em cada momento,
de felicidade e de sofrimento.
saudades, só de algumas pessoas
amadas, idas mas sempre presentes,
e não de tempos e acontecimentos,
de vitórias, derrotas e vivências.
não tenho mais tempo a perder
para lembrar, tenho mais a fazer,
lazer, viagens, diversão, prazer,
amar, criar, curtir e compartilhar.
Nelson Motta
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