Sei: agora mesmo, milhares de alunos egressos de escolas públicas depauperadas, ensino desconectado da realidade e professores desmotivados pelos ganhos insuficientes enfrentam um impasse absurdo nos recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). E isso depois de terem sido estimulados a lutar por uma vaga na universidade, quando a hipótese de cortes na educação era, como sempre deveria ser, algo impensável.
Se dói ter sido excluído do auxílio oficial aos estudos, imaginem então o sofrimento de pacientes sem assistência médica. O Sistema Único de Saúde (SUS), que universalizou o atendimento, faz até o impossível com seus servidores abnegados. Tem muito plano privado de saúde que só vende ilusão. E a farsa só acaba desmascarada quando a situação já é de emergência.
Quem está mais habituado a frequentar o ambiente inspirado em hotéis luxuosos de clínicas e hospitais particulares, a começar por muitos políticos e gestores públicos, perde a noção. Pessoas doentes varam o Estado em micro-ônibus lotados pela madrugada, passam a noite ao relento na fila, têm dificuldade para conseguir uma ambulância em situações de urgência… E, mesmo nesses momentos de aflição, esbarram na falta de leito. Como os familiares podem se conformar se há hospitais com alas inteiras abandonadas? Outros têm servidores dedicados, mas em número insuficiente e até mesmo com salários em atraso. Pode isso?
Ninguém deveria dormir em paz sabendo que há pessoas sofrendo por falta de atendimento ou sem os cuidados necessários. Nenhum paciente, por maior que seja a sua dor ou por mais debilitado que esteja, deveria se conformar com a ideia de que é assim porque não tem outro jeito. Sempre tem.
Cada um de nós, individualmente ou em conjunto, pode fazer sua parte. Ainda bem que muitos fazem, e ensino de qualidade, citado lá no início, contribui para maior conscientização. Mas só os governantes _ e cada um sabe das suas atribuições _ têm potencial para agir em escala. Cobremos deles, pois. Menos desculpas e mais ação. Fim ao sofrimento dos pacientes desassistidos. Já.
Clóvis Malta
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