Se verdadeira tal crença no poder corretivo das leis, nosso país deveria ser um modelo de virtudes coletivamente atingidas e a vida fluiria doce e suavemente, conforme a concebem os que redatores dos códigos. No entanto, observo uma realidade diferente e sou induzido a uma convicção diferente. Quanto mais educação dermos às pessoas, quanto melhores forem os valores a elas transmitidos, quanto mais elas se deixarem conduzir por princípios, menor será o número de leis de que necessitaremos e maior será o espaço da liberdade vivida como bem moral determinante de condutas corretas. Em palavras que melhor resumam o que pretendo dizer: estamos fazendo leis em excesso e educando de modo escasso.
Faça mais, pergunte a você mesmo sobre a insistência com que a responsabilidade, a solidariedade, e o respeito à verdade, ao patrimônio alheio, à dignidade do outro, às autoridades e instituições, aos idosos, eram passados a você. E compare com o que vê a seu redor. Poste-se diante de um monitor de TV e faça uma sinopse dos valores e desvalores exibidos. Compre uma revista, dessas que são destinadas ao público adolescente, e veja se encontra ali algum conteúdo que contribua de modo positivo para o adequado uso da liberdade.
De nada nos valerão tantas leis enquanto a sociedade, a partir da infância, for educada para a transgressão.
Percival Puggina
Nenhum comentário:
Postar um comentário