segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Dos cidadãos e dos contribuintes

A se acreditar no que dizem alguns por ai, todos são ou estão cegos. Do pior tipo. Daquele que não quer ver, como consta na opinião de muitos. Coerência não seria importante. Logica seria secundária. E o compromisso com a realidade poderia (como parece que de fato tem sido) ser arremessado pela janela sem qualquer constrangimento, dificuldade ou custo.

Somente esta visão de mundo talvez explique o raquitismo das teses e opiniões que apresentadas e adotadas diariamente formando conjunto de solilóquios inconsequentes, estranhos, sem sentido.

Neste universo de teses bizarras, tudo é intercambiável. Sem preocupação com coerência. O dito ontem pode ser ignorado hoje. A fronteira tríplice entre o pragmatismo, a coerência e o cinismo fica completamente obscura formando território onde impera vale tudo retorico. Onde memória é luxo desnecessário. E o bom senso pode ser atropelado sem consequências.

Somente esta maneira distorcida (proposital ou não) explica a insistência em propor soluções cujo impacto é simplesmente o aumento de impostos. Sem prometer sequer melhoria nos serviços.

Sacrifício, somente o dos outros. Custe (para eles) o que custar. A lâmina, segundo estas propostas, passa sempre longe da gordura, sem contato com o corpo doente de um estado ineficiente, gordo, desorganizado, sequestrado por interesses corporativos e saqueado em nome de desculpas sem sentido, esfarrapadas. Críticas, somente a favor.

Dada a rematada ausência de contato com a realidade, o efeito de propostas sem o mínimo de autocrítica talvez levem exatamente ao escrutínio público do absurdo. O distinto público talvez passe a se interessar por temas antes considerados sonolentos. O orçamento talvez seja arrastado (ainda que contra a vontade de seus autores e beneficiários) para a realidade.

Cidadania, afinal, não é feita somente de direitos. Cidadãos têm também obrigações. Uma das mais nobres é a cobrar de seus representantes a adequada discussão, elaboração, controle e execução de orçamento que reflita necessidades e prioridades que beneficiem a população da forma mais eficaz, ampla e duradoura.

Para que o contribuinte seja respeitado, o cidadão precisa agir. Sem cidadania, afinal não existe salvação.

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