A grande novidade das ruas foi o apoio cada vez maior à Operação Lava Jato, ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao juiz federal Sérgio Moro, os homens da lei. As ruas evidenciaram que qualquer tentativa de frear o avanço das apurações será rechaçada pela opinião pública. Os brasileiros estão gostando de ver os políticos (e o PT) sob a mira da Justiça, conforme as faixas, cartazes e gritos em louvor à operação e seus agentes.
Se Dilma continuar com a tese de que “não respeita delator”, conforme afirmou em junho, será difícil para ela sair do isolamento em relação à vontade popular expressa nas manifestações. Segundo disse a presidente, Ricardo Pessoa, o empreiteiro que é um dos colaboradores da Lava Jato, não merece ser ouvido nem levado a sério. Os milhares de manifestantes têm outra opinião: querem investigação total e irrestrita sobre tudo o que os delatores disserem.
No âmbito da política propriamente dita, apesar do apoio à Lava Jato, os protestos parecem ter sido insuficientes para implodir o acordo costurado em Brasília entre o Palácio do Planalto e a ala do PMDB liderada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Talvez por isso tanta gente tenha decidido explicitar nas ruas sua esperança de que a Lava Jato, hoje fora de qualquer controle governamental, posso interferir para evitar a confecção de mais uma enorme pizza brasiliense.
Em síntese, mesmo com adesão mais baixa em relação aos protestos do dia 15 de março, ficou evidente que as ruas ainda são um território inimigo para Dilma e o PT. Elas ainda refletem o cenário de economia ruim e de descrédito dos brasileiros na capacidade da presidente de reorganizar suas forças e o País. Outro aspecto negativo para o governo é a comprovação de que em São Paulo não houve refresco: os ânimos na avenida Paulista continuam à flor da pele contra Dilma e o ex-presidente Lula.
Alberto Bombig
Nenhum comentário:
Postar um comentário