sexta-feira, 17 de abril de 2015

Um mochileiro de ouro


Os ladrões de bens particulares passam a vida na prisão e acorrentados; aqueles de bens públicos, nas riquezas e nas honrarias
Catão, o Censor

Nada como um dia de inferno depois de uma noite de festa. Foi o que aconteceu com o PT de Lula, o capo di tutti capi.

Em reunião Congresso Nacional de Metalúrgicos da CUT, em São Paulo, na noite que antecedeu a prisão, com direito inclusive a peça teatral (profética?) apresentando Lula e Dilma enforcados, Lula novamente despejou toda sua bravata: "Não podemos permitir que a infâmia, o mau caratismo e a má fé de algumas pessoas venham a destruir um projeto político que nós começamos a construir no país".

Lula não esconde que é um garganta de peso. Mente mais do que a própria mentira e tem uma capacidade extraordinária para transformar roubalheira em desenvolvimento. Mas felizmente não tem o dom de mudar os fatos como da prisão do companheiro Vaccari, a quem tanto blindou. E vai continuar blindando enquanto puder agora com o reforço de ministros petistas como José Eduardo Cardozo e Jacques Wagner ou do loquaz líder na Câmara, Sibá Machado. Afinal Vaccari não cuidava só das finanças, mas das negociações do PT.

É impossível o país engolir mais essa encenação bufa em nome de um projeto partidário de monopólio governamental. Só deixa passar quem assina atestado de cumplicidade com o crime.

O prontuário de João Vaccari não tem apenas o cargo de tesoureiro de sucesso conquistando recordes de doações desde de 2004, quando já está na mídia o mensalão e citado outro tesoureiro petista, Delúbio Soares, hoje condenado. O ex-bancário e sindicalista, alcunhado de "Moch", vale seu peso em ouro. Não é à toa a blindagem e a defesa do ex-tesoureiro escandalosamente defendido por Sibá como "preso político", o que mostra a falta de vergonha petista quando apela para correr da Justiça.

Vaccari, enfim preso na operação Lava Jato, deixou o PT desarvorado, que não contava, ao menos agora, com a prisão. Mas a mais emporcalhada pelo caso Vaccari, embora não tanto citada na mídia, é Dilma, que assinou sua nomeação, quando ministra das Minas e Energia, em 2003 para o cargo de conselheiro da Itaipu Binacional, a segunda maior empresa do mundo no setor.

Como explicaria Dilma um conselheiro de uma empresa de tanta importância no país que não passava de tesoureiro de seu partido? Seria para dar uma ajuda de custo de pouco mais de R$ 20 mil mensais para seis reuniões por ano? Vaccari, portanto, já era escândalo e protegido desde aquela época. Do cargo, só saiu em janeiro de 2015 nem mesmo respondendo desde 2010 à denúncia do Ministério Público por suposto desvio de recursos da Bancoop, uma cooperativa habitacional.

Vaccari tem mais valor para o PT do que imagina nossa vã filosofia. Se continua empurrando seu processo como réu por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro no caso Bancoop, nada afetava até então o ex-tesoureiro que, pasme-se, chegou a ser cotado para ocupar a presidência da Caixa Econômica Federal. Ainda bem que Deus é brasileiro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário