Portugal vem dando um grande exemplo de como uma pequena nação pode contribuir para os avanços da tecnologia e de sua aplicação.
Escola de Sagres |
A balestilha é um instrumento mede a posição dos navios em relação às estrelas.
A caravela, a mais importante das inovações dos portugueses, era uma embarcação ágil e que, pelo seu peso, permitia, em situação adversa, ser movida a remos. Tinha 25 metros de comprimento e velas triangulares, que possibilitavam navegar em ziguezague contra o vento. Esta propriedade foi determinante para o sucesso dos portugueses.
Outra brilhante ideia foi o nó, medida de velocidade, calculada por meio de um cabo com nós espaçados de 14,40 m. Cada nó lançado corresponde a 1851,66 m/h.
Tudo isso foi acompanhado por estudos e pela disseminação da cultura náutica, por meio da Escola de Sagres, e que na verdade, traduzia mais uma corrente de pensamento do que uma instalação física.
O LNEC, fundado por Manuel Rocha, ícone da engenharia no século XX, vem buscando soluções inovadoras para os inúmeros desafios que enfrenta. Ele é um instituto de pesquisas, também voltado para a transferência de tecnologias. Sua participação foi determinante para a utilização de computadores em engenharia civil e para o avanço da Mecânica das Rochas, e ultrapassou largamente as fronteiras de Portugal, alcançando, pelo trabalho de seus pesquisadores, projeção internacional.
No plano das relações com o Brasil, além da duplicação das praias já mencionadas, o Laboratório realizou inúmeros estudos de observação de estruturas, ensaios em modelos reduzidos de barragens, e liderou a realização das Jornadas Luso-Brasileiras de Engenharia Civil, abrindo as portas para a geração de uma cultura de produção científica, notadamente na área de engenharia civil.
Além disso, formou centenas de jovens engenheiros, que lá estiveram para realizar um estágio de tirocínio, uma tese de especialista ou de investigador.
Aliás, este é um modelo interessante, pois o Laboratório oferece graus equivalentes ao de doutor, permitindo que engenheiros de todas as áreas se engajem no processo de desenvolvimento de inovações.
Um dos obstáculos ao nosso desenvolvimento científico e tecnológico reside na incapacidade de assegurar financiamentos contínuos e em montante suficiente para a sustentabilidade dos projetos de pesquisa.
Na era dos descobrimentos, a Escola de Sagres decorreu da vontade política do Infante D. Henrique, traduzida pelo expressivo quantitativo de renomados estudiosos de outros países, e pelo apoio material às expedições. O mesmo ocorreu com o LNEC que, ao longo dos anos, constituiu-se numa prioridade para o governo português.
No Brasil,a adequada articulação universidade-empresa poderá ampliar a capacidade de formação de mestres e doutores, promovendo a elaboração de dissertações e teses capazes de contribuir para o incremento da competitividade da indústria. Embora a FINEP já tenha caminhado nessa direção, há ainda um longo percurso a cumprir.
Apesar da crise, é mandatório garantir ciência, tecnologia e inovação como prioridades para o desenvolvimento.
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