segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

No portão do Planalto: 'Mudou-se'

Até quinta-feira, último dia do ano, podem chover previsões de toda ordem a respeito de 2016. Estão a postos videntes, cartomantes, pais-de-santo e toda a variada fauna de leitores do futuro, empenhados em impressionar os incautos e até faturar um dinheirinho extra. Neste limiar da passagem do tempo, porém, tornam-se necessárias vastas doses de cautela. A ninguém será dado prever o que vem por aí, ao menos em sã consciência.

A presidente Dilma, para começar, tem certeza de poder dar a volta por cima e retomar tanto a eficiência do governo quanto a popularidade? Se disser que sim, estará enganando ela mesmo, além de todo mundo. Até agora não se animou a preparar um programa de ação capaz de devolver confiança à sociedade. Fará o que, de concreto, para interromper o desemprego em massa? Uma terceira via do programa nacional de crescimento, depois do fracasso dos dois primeiros? Ousará mandar reduzir impostos, taxas e tarifas? E a inflação e o custo de vida? Ampliará direitos sociais?


Que tipo de mensagem Madame estará preparando ao país, se é que vai mesmo ocupar uma cadeia de rádio e televisão? Para ela, confiscar panelas parece tão impossível quanto transitar pelas ruas. Pior ainda será acreditar na fantasiosa “passeata dos cem mil” anunciada para janeiro, em Brasília, de repúdio ao seu impedimento.

O governo anda aos frangalhos, não se tem notícia de um ministro, sequer Nelson Barbosa, em condições de anunciar mudanças de vulto na política econômica. É como se a estratégia atual fosse copiada do avestruz, aquele que esconde a cabeça na areia em meio à tempestade. Ganha uma passagem aérea só de ida para a capital do Estado Islâmico quem recitar o nome de todos os ministros da administração federal, quanto mais um projeto ou uma obra que seja, de cada um.

O Ano Novo vem sendo escondido no fundo de um buraco, como se ignorá-lo parecesse melhor aos detentores do poder. O diabo é que depois de 2016 virão 2017 e 2018. O Partido dos Trabalhadores não dá sinal de vida, muito menos as centrais sindicais antes funcionando como tijolo de sustentação do muro hoje em ruínas. O empresariado lava as mãos, a classe média desembarcou, a juventude envelheceu e a inteligência ficou burra. A impressão é de estar pregada no portão de entrada do palácio do Planalto a tabuleta de “mudou-se”.

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