quinta-feira, 27 de agosto de 2015

À falta do que fazer, Dilma inventa de reformar o seu governo


Quem pedia a Dilma uma reforma ministerial? Lula, não. Ele é contra uma reforma ministerial nas atuais circunstâncias. Acha que ela só trará desarranjos. Disputas entre partidos. E ao fim e ao cabo, insatisfação generalizada.

Michel Temer, o vice-presidente da República e presidente do PMDB, pensa como Lula. Seu partido deixou de acossar Dilma atrás de mais vagas no ministério. Parece conformado com o que tem. Por que despertar o apetite do PMDB?

O PT sempre quer mais vagas no ministério. Mas não pode reclamar das que tem – 11 vagas. É o partido com maior número de ministros. Seria até capaz de se sentir atraído por uma reforma se for para ocupar mais espaço. Para perder? Não tem graça.

Se perguntarem a Gilberto Kassab, ministro de Cidades, se o seu PSD daria conta de mais ministérios, logicamente ele responderá que sim. Mas não espera ganhar novos ministérios. É novo em Brasília. Prefere ir com calma. Jamais.

Carlos Lupi, presidente do PDT, não reivindica mais ministérios. Quer ter somente o prazer de trocar Manoel Dias, ministro do Trabalho e seu correligionário, por outro nome mais sensível aos pedidos dele, Lupi. E está de bom tamanho.

Dilma anunciou que extinguirá 10 dos 38 ministérios. O que conseguiu? Que seus aliados entrassem em pânico com medo de perder os que têm. Em pânico também deixou os 22 mil ocupantes de cargos de livre nomeação ao dizer que dispensará mil deles.

Procedeu assim para quê? Para ser louvada por uma mixaria de economia? Não será. Para recuperar alguns pontinhos de popularidade? Esqueça. Para ser apontada como incoerente já que há pouco tempo chamou reforma ministerial de “panaceia”?

Durante a campanha do ano passado, toda vez que Aécio Neves ou Marina Silva falava em enxugar o governo, Dilma provocava: “Vão cortar o quê? O ministério da Igualdade Racial? O da Mulher? O dos Direitos Humanos”?

É razoável supor que nenhum desses será cortado por ela. E então? Cortará o das Relações Institucionais responsável pela coordenação política do governo? Tudo bem. Está vago. Não fará falta. E mais o quê? Acabará com o da Micro e Pequenas Empresas?

Desempregará Guilherme Afif Domingues, ministro a quem tanto considera e disso faz alarde? Sei. Adiante. Juntará os ministérios do Desenvolvimento Agrário com o da Agricultura? Faz sentido. Seria de fato recomendável.

Só que o da Agricultura representa o agronegócio. No outro está o Incra, um latifúndio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Quero ver no que daria tal mistura. E o Ministério da Pesca? Desempregará o ministro que é filho do senador Jáder Barbalho?

Turismo? Pode ser incorporado por algum ministério mais encorpado da área econômica. E o que será do ministro Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara dos Deputados pelo PMDB, indicado para o cargo por Eduardo Cunha?

Quanto ao ministério do Gabinete de Segurança Institucional: Dilma detesta o general que o ocupa. Não despacha com ele por birra. Portanto... Portanto, nada. Os militares não gostarão de perder o ministério. O da Defesa já é comandado por um civil.

Estão tendo uma ideia da encrenca que Dilma arranjou para si? Como se ela não tivesse tantas outras encrencas para administrar.

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