Este singelo pensamento político - provavelmente desconsiderado às vésperas do baile da Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro, quando o Império se findava - ganhou incrível atualidade e relevância nesta semana da passagem emblemática e fulminante da Operação Politeia. Agentes da Policia Federal cumprindo mais de 50 mandados de "busca e apreensão" por várias regiões do país.
Este o principal ensinamento que fica deste mais recente e impactante desdobramento da Operação Lava Jato, conduzida com desvelo e incontestável competência profissional pelo juiz paranaense Sérgio Moro. No caso em pauta, porém, repita-se a bem da verdade dos fatos e da justiça, a Politeia foi cobrada pela Procuradoria Geral da República e a sua execução determinada ao comando da PF por três ministros do Supremo Tribunal Federal: Teori Zavaski, Celso de Melo e o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski.
O feito segue causando barulho ensurdecedor e arrepios na espinha pelos quatro cantos de Brasília e do País. A demonstração mais visível e cabal disso foi o tão veloz quanto surpreendente pouso do ex-presidente Lula, na capital federal, já na terça-feira, 14. O fundador e líder maior do PT, padrinho e guia da mandatária, tem atuado nesta fase cavernosa da vida nacional (por mais que ele e os seus neguem ou tentem disfarçar) como espécie de eminência parda do governo (para dizer o mínimo).
Com a presidente Dilma, - até a véspera de sua mais recente passagem pelo Planalto, para conversar e dar conselhos, - se dizia que Lula estava "de mal". Quase irremediavelmente separados e rompidos. Depois da passagem da Politeia por Brasília e da movimentação barulhenta ou silenciosa que se seguiu às “buscas e apreensões”, até na velha Casa da Dinda, de Collor de Mello, acredite nisso quem quiser.
Antes de baixar no palácio presidencial, para tentar acalmar o barulho no poleiro do poder (desculpem os de ouvidos mais sensíveis a expressão popular "politicamente incorreta"), o fundador do PT fez uma parada estratégica na Esplanada dos Ministérios. Procedente de São Paulo, território da FIESP, na poderosa Avenida Paulista, tambor de ressonância dos donos do dinheiro na Indústria, nos negócios do Comércio e, principalmente, das monumentais transações financeiras dos Bancos. Ao que se diz, nem sempre à boca pequena, o último sustentáculo do governo petista de Dilma, diante da ameaça de um impeachment.
Amaldiçoado seja quem pensar mal dessas coisas, diriam os irônicos franceses.
Em seguida, já se sabe, veio o almoço com Dilma e vários ministros, no Palácio da Alvorada. Ali , entre um prato e outro, foram servidos também os desabafos e as advertências. Lula, sobre a crise atual do governo da afilhada, disse que "a situação vai piorar mais ainda". Dilma concordou com a análise e com o recado, mas não passou batida. Disse que, infelizmente, nem ela nem seu ministro da Justiça podem conter o avanço da Lava Jato, nem impedir as batidas da Polícia Federal. Salve-se quem puder, portanto.
Barulho na corte, ampliado pelo surpreendente fato seguinte, do próprio ex-presidente Lula (depois de Collor) ter virado alvo de investigação criminal.
Sussurros na província da Bahia, que também merecem muita atenção. O senador Walter Pinheiro, fundador e nome de proa do petismo nacional, ex-líder do governo Lula no Congresso, dá sinais cada vez mais explícitos de que se prepara para deixar o barco. Falta só definir-se pelo novo pouso partidário, diante de muitas e tentadoras propostas recebidas. Depois de longo silêncio nas conversas com a imprensa, semana passada, em entrevista na Radio Metrópole, comparou drasticamente o quadro atual de seu partido e do governo Dilma, com a cena famosa da orquestra na hora do naufrágio no filme “Titanic”.
"Não ficarei esperando o violino tocar, para afundar como o violinista do Titanic”, disse o senador. Se um petista como Walter Pinheiro já proclama de público uma frase como esta, quem restará para defender o PT e o governo Dilma na hora do desenlace? Responda quem souber.
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