segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

E aquela diretoria que fura poço?


Nada de mais exato foi dito até aqui para definir a pretensão dos partidos políticos na hora de lotearem o governo em nome da governabilidade.

"Aquela diretoria que fura poço” é uma expressão cunhada por Severino Cavalcanti (PP-PE), ex-presidente da Câmara dos Deputados, que renunciou ao mandato para escapar de ser cassado. Havia recebido um “mensalinho” de concessionário de restaurantes da Câmara.

Severino não queria um cargo qualquer para alguém do seu partido – de preferência, um nome escolhido por ele.

Queria algo equivalente a uma diretoria da Petrobras responsável por “furar poço”.

Um emprego desses mexe com muito dinheiro. E por mexer, permitiria a transferência de uma fatia dele para financiar campanhas eleitorais e enriquecer os mais destacados membros do PP.

Por que o espanto? Guarde seu espanto para o que lhe passo a contar.

Você já deve ter ouvido falar do ex-deputado Valdemar Costa Neto, ex-presidente do Partido da República (PR).

Sim, é aquele mesmo do processo do mensalão, condenado a sete anos e 10 meses de prisão em regime semiaberto por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ficou preso 11 meses.

Cumpre o resto da pena em casa, em Brasília. Pode ser encontrado com frequência na sede do PR, uma sala alugada no Bloco D, Torre A do edifício Liberty Mall.

O presidente de direito do PR é Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes, demitido por Dilma em 2011 sob suspeita de corrupção.

O presidente de fato é Valdemar. Nada se faz dentro no PR sem a aprovação dele.

O PR é um partido de porte médio. Saiu da eleição deste ano com 34 deputados federais – tinha 32. E com quatro senadores, o mesmo número que tinha.

Seu apoio na eleição para presidente da República foi intensamente disputado por Dilma e Aécio Neves.

Tudo porque ele dispunha de um minuto e poucos segundos de propaganda eleitoral. Mercadoria que valia ouro.

Dilma venceu a disputa. Para tal foi obrigada por Valdemar a chafurdar na lama.

Leia mais artigo de Ricardo Noblat

Nenhum comentário:

Postar um comentário