domingo, 31 de janeiro de 2016
O que não muda nunca é o personagem. Lula sempre ele
A OAS e a Odebrechet são as maiores empreiteiras do Brasil e, também, as maiores fornecedoras da Petrobras. Ambas gerenciaram boa parte dos recursos bilionários do Petrolão, parte dos quais permaneceu nos cofres dessas empresas depois do repasse de propinas ao PT e demais partidos envolvidos na ladroagem. Um apartamento tríplex no Guarujá. Um sítio em Atibaia. E lá estão elas de novo. Só não muda um personagem: Lula.
A explicação inicial para a aquisição do apartamento evocava cotas que só existem em consórcios. Não é o caso: o que houve foi uma venda, e por isso mesmo declarada no Imposto de Renda. O apartamento tríplex de 250 metros quadrados, de frente para o mar, custou R$ 47 mil. A fila seria de bom tamanho se houvesse outros.
A OAS esbanja incompetência no setor de construção de prédios e venda de apartamentos. Vale lembrar que a reforma do apartamento de R$ 1 milhão e 800 mil consumiu outros R$ 800 mil, também bancados pela OAS. Explicação: era preciso “melhorar” o apartamento para facilitar a venda. O engenheiro responsável pela “reforma” alega ter praticamente construído outro apartamento, e que a família Lula era a única interessada na aquisição.
Isso não teria acontecido porque o apartamento já tinha dono, como comprova a declaração de renda de Lula? E por que a OAS vendeu por R$ 47 mil um apartamento que valia R$ 1 milhão, sem contar os R$ 800 mil da reforma, tudo sem conbrar nada de ninguém?
E o sítio em Atibaia, onde a Odebrecht acaba de aparecer? São R$ 500 mil de material, R$ 90 mil semanais para o pagamento de outra reforma (em dinheiro vivo) e um engenheiro (adivinhem de qual empresa?) que trabalhou nas férias e de graça. A dona da loja de materiais de construção afirma que quem pagou foi a Odebrecht, que finge ignorar a existência do sítio.
O que une a OAS e a Odebrecht, além do Petrolão? Lula, de novo. O ex-presidente que voava nos jatinhos das duas empresas. O menino de recados e lobista tem apreço por extravagâncias: gosta de visitar apartamentos que não compra e de frequentar um sítio pertencente ao filho de um companheiro petista que é sócio de um dos lulinhas. Todas as despesas são bancadas pelas empresas às quais o pai presta serviços e vassalagem.
Apostar em coincidências para explicar casos do gênero é uma ofensa à inteligência de alguém que saiba ler pelo menos uma frase. A probabilidade é o passo que antecede a certeza. Assim, é provável que Lula seja um corrupto que possui imóveis que não teria como comprar com os rendimentos que aufere legalmente. O que liga empresas corruptas e uma quadrilha estatal tem um ponto em comum: ele, sempre ele. Não é coincidência.
A OAS esbanja incompetência no setor de construção de prédios e venda de apartamentos. Vale lembrar que a reforma do apartamento de R$ 1 milhão e 800 mil consumiu outros R$ 800 mil, também bancados pela OAS. Explicação: era preciso “melhorar” o apartamento para facilitar a venda. O engenheiro responsável pela “reforma” alega ter praticamente construído outro apartamento, e que a família Lula era a única interessada na aquisição.
Isso não teria acontecido porque o apartamento já tinha dono, como comprova a declaração de renda de Lula? E por que a OAS vendeu por R$ 47 mil um apartamento que valia R$ 1 milhão, sem contar os R$ 800 mil da reforma, tudo sem conbrar nada de ninguém?
E o sítio em Atibaia, onde a Odebrecht acaba de aparecer? São R$ 500 mil de material, R$ 90 mil semanais para o pagamento de outra reforma (em dinheiro vivo) e um engenheiro (adivinhem de qual empresa?) que trabalhou nas férias e de graça. A dona da loja de materiais de construção afirma que quem pagou foi a Odebrecht, que finge ignorar a existência do sítio.
O que une a OAS e a Odebrecht, além do Petrolão? Lula, de novo. O ex-presidente que voava nos jatinhos das duas empresas. O menino de recados e lobista tem apreço por extravagâncias: gosta de visitar apartamentos que não compra e de frequentar um sítio pertencente ao filho de um companheiro petista que é sócio de um dos lulinhas. Todas as despesas são bancadas pelas empresas às quais o pai presta serviços e vassalagem.
Apostar em coincidências para explicar casos do gênero é uma ofensa à inteligência de alguém que saiba ler pelo menos uma frase. A probabilidade é o passo que antecede a certeza. Assim, é provável que Lula seja um corrupto que possui imóveis que não teria como comprar com os rendimentos que aufere legalmente. O que liga empresas corruptas e uma quadrilha estatal tem um ponto em comum: ele, sempre ele. Não é coincidência.
Marisa Letícia, a fábula
Protagonista de absurdos -- dos canteiros em formato de estrela que mandou plantar nos jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto à requisição e obtenção de cidadania italiana para ela e a prole no segundo ano do primeiro mandato presidencial de seu marido --, Marisa Letícia Lula da Silva volta à cena. E em grande estilo. Seria dela a opção de compra do tríplex frente ao mar no Guarujá, alvo de investigações do Ministério Público de São Paulo e da Lava-Jato. O mesmo imóvel que já foi, era e nunca foi de Lula.
Idealizado pela Bancoop, cooperativa criada em 1996 pelos petistas ilustres Ricardo Berzoini, hoje ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, condenado a 15 anos e quatro meses pelo juiz Sérgio Moro, o tríplex apareceu na declaração do candidato Lula, em 2006, com um valor irrisório de R$ 47,6 mil. Referia-se a uma parcela do financiamento do Edifício Solaris, então na planta, em que outros petistas, incluindo Vaccari, tinham comprado apartamentos.
Até aí, o anormal era apenas o fato de a Bancoop lançar um empreendimento de alto luxo depois de já ter dado cano na praça, usurpando a poupança e os sonhos de mais de três mil cooperados. Algo que Lula, como sempre, alegará que não sabia.
A estapafúrdia história do tríplex não para aí.
Em 2010, a assessoria de Lula garantiu que o apartamento pertencia ao ex. Quatro anos depois, o jornal O Globo publicou reportagem sobre o Solaris apontando que o prédio tinha sido concluído enquanto os mutuários da Bancoop continuavam a chupar dedos. E que a unidade de Lula e sua mulher tinha recebido tratamento de alto luxo da OAS, empreiteira que assumiu o empreendimento: elevador interno, substituição de pisos e da piscina. Tudo supervisionado e aprovado por Marisa Letícia.
De repente, com as investigações esquentando, o frente ao mar do casal (ou de Lula, conforme declaração anterior) virou um negócio exclusivo de Marisa Letícia. Do qual, no papel de The good wife, ela desistiu.
Sabe-se hoje que as idas da ex-primeira-dama ao Solaris causavam frisson. Flores eram colocadas nas áreas comuns, todos ficavam sabendo quando ela chegava. Sabe-se ainda que o presidente da OAS, Léo Pinheiro, condenado pela Lava-Jato a 15 anos de reclusão, esteve lá com ela em pelo menos uma das visitas.
E aqui vale a questão: o que faria o dono de uma das maiores empreiteiras do país acompanhar Marisa Letícia na vistoria de uma simples reforma de um apartamento se o imóvel não fosse do ex-primeiro-casal?
Mas há muitas outras perguntas sem respostas. Em um artigo didático, o jornalista Josias de Souza mostra a ausência absoluta de nexo nas explicações de Lula. Argumentos que não explicam, confundem.
Confundir. Talvez seja essa a ideia ou a única saída imaginada por Lula.
Sem conseguir dizer quanto pagou além dos R$ 47,6 mil declarados em 2006 ou apresentar recibos da desistência, com data e valores de reembolso exigidos, tudo que o Instituto Lula fala beira papo para engambelar otário. Nem mesmo a cota nominal para demonstrar que a opção de compra do apartamento foi mesmo de Marisa veio a público. São documentos simples, claros, objetivos. Mostrá-los livraria o Instituto Lula e o próprio ex de torturar os fatos.
Sem isso, resta a Lula, ao PT e aos militantes mais aguerridos atribuir tudo à perseguição histórica ao ex. Tudo – tríplex reformado pela OAS, sítio recauchutado pela Odebrecht, filho que recebe R$ 2,5 milhões por consultoria via Google, os “não sabia” do Mensalão, do escândalo da Petrobras e tantos outros – não passa de uma conspiração para “derreter Lula” e “destruir o PT”, como clama o presidente da sigla, Rui Falcão, no Facebook.
O conto do tríplex ainda vai longe. Mas de cara já se sabe: tem orelha de lobo, focinho de lobo, boca e dentes de lobo. Ninguém vai acreditar que é a vovozinha.
A lambuzada de Lula
Coube a um lulista, Jaques Wagner, cunhar uma colorida e condescendente definição para a corrupção na era PT: não acostumada às benesses do poder, a "companheirada" havia se lambuzado.
O exemplo pode ter vindo do chefe. Após ter radares das mais graúdas investigações do país sobre si, Lula acaba a semana colecionando indícios de que se lambuzou no varejo.
A cereja foi revelada na sexta (29): a Odebrecht, empreiteira cujos milhões pagos a Lula após a Presidência são apurados, reformou segundo testemunhas ouvidas pela Folha um sítio usado por ele ainda no cargo.
Isso se soma ao imbróglio do já notório tríplex do Guarujá, investigado por ser suposto objeto de propina e lavagem de dinheiro, sobre o qual o casal Lula terá de depor.
Soa até venial perto da gravidade de outras suspeitas que batem no nome de Lula e no de sua família nas operações Lava Jato e Zelotes. Mas não é. Honestidade é um valor absoluto, apesar de o petista acreditar em gradações. Se comprovadas, as lambuzadas serão indeléveis, além de serem de fácil compreensão popular.
Com isso, o mito se esvai. Adaptando Sófocles, só o tempo revela o homem justo, mas bastam algumas reportagens para desnudar o pérfido. Lula tem obviamente o benefício da dúvida, mas, se não for inocente, corre o risco de ver seu séquito reduzido a variantes do agente Mulder, da rediviva série de TV "Arquivo X" e cujo lema é: "Eu quero acreditar".
Seria a pá de cal no que resta de futuro para o PT, destroçado por escândalos e pela má gestão –estão aí petrolão, mosquito e recessão para provar, assim como os paliativos respectivos ofertados por Dilma.
Pode, no limite, refluir a sigla de nicho, só trocando os universitários/sindicalistas/"intelectuais" de outrora por "hipsters" e suas agendas autoindulgentes. Na prática, além de tosca institucionalmente, a ação tucana pedindo a extinção do PT é inócua por sugerir algo já em curso.
O exemplo pode ter vindo do chefe. Após ter radares das mais graúdas investigações do país sobre si, Lula acaba a semana colecionando indícios de que se lambuzou no varejo.
A cereja foi revelada na sexta (29): a Odebrecht, empreiteira cujos milhões pagos a Lula após a Presidência são apurados, reformou segundo testemunhas ouvidas pela Folha um sítio usado por ele ainda no cargo.
Isso se soma ao imbróglio do já notório tríplex do Guarujá, investigado por ser suposto objeto de propina e lavagem de dinheiro, sobre o qual o casal Lula terá de depor.
Soa até venial perto da gravidade de outras suspeitas que batem no nome de Lula e no de sua família nas operações Lava Jato e Zelotes. Mas não é. Honestidade é um valor absoluto, apesar de o petista acreditar em gradações. Se comprovadas, as lambuzadas serão indeléveis, além de serem de fácil compreensão popular.
Com isso, o mito se esvai. Adaptando Sófocles, só o tempo revela o homem justo, mas bastam algumas reportagens para desnudar o pérfido. Lula tem obviamente o benefício da dúvida, mas, se não for inocente, corre o risco de ver seu séquito reduzido a variantes do agente Mulder, da rediviva série de TV "Arquivo X" e cujo lema é: "Eu quero acreditar".
Seria a pá de cal no que resta de futuro para o PT, destroçado por escândalos e pela má gestão –estão aí petrolão, mosquito e recessão para provar, assim como os paliativos respectivos ofertados por Dilma.
Pode, no limite, refluir a sigla de nicho, só trocando os universitários/sindicalistas/"intelectuais" de outrora por "hipsters" e suas agendas autoindulgentes. Na prática, além de tosca institucionalmente, a ação tucana pedindo a extinção do PT é inócua por sugerir algo já em curso.
A qualidade dos impostos
O presidente dos Estados Unidos durante o período da Primeira Guerra Mundial, Prêmio Nobel da Paz, Thomas Woodrow Wilson, do Partido Democrático, marcou seu tempo com atitudes contraditórias em assuntos raciais, mas foi considerado o “pai do idealismo” político.
A ele se devem inovações especialmente na consolidação de direitos do cidadão, limitando abusos de poder do Estado.
Reitor de Princeton, berço que forneceu uma dezena de presidentes aos Estados Unidos, deixou uma frase lapidar: “A história da liberdade é a história da luta para limitar o poder do governo”. O governo é, por natureza, tirânico, seja de uma cor ou de outra, disposto a cuidar mais de seus interesses que da nação.
Trata-se de um organismo com estômago no lugar do cérebro e sem braços. Não constrói, não se esforça, se alimenta apenas do que consegue tirar da labuta dos outros. A condição parasitária do Estado precisa, evidentemente, de limitações para não resvalar em desgraças como o petrolão.
Deve-se constatar que, quando se arroga entrar em setores competitivos, fracassa, como no caso da Petrobras. Mesmo com um monopólio que a protege, os riscos de desmandos são imensos.
A lei sacra faz referência ao dízimo, mas a máquina do Estado cobra quatro dízimos do governado. O excesso faz, assim, do cidadão brasileiro um escravo moderno à mercê dos faraós que ocupam o poder, dito acintosamente “democrático”.
Açoitado, tratado como sonegador, privado do seu direito constitucional à boa-fé, o cidadão enfrenta limitações no Brasil que superam os limites de uma organização civilizada de direito. Acorrentados pela burocracia e asfixiados pelos tributos que alimentam um Estado perdulário e afamado, tirano e velhaco, o cidadão e as famílias sofrem privações ilegais.
Basta considerar a natureza regressiva da CPMF, esquecida pela chefe do Estado brasileiro, descrevendo-a como panaceia e ao par que será mais uma praga sobre a economia nacional e devastará milhares de empregos.
Evidentemente, Dilma não entendeu o significado antropofágico desse tributo, como não entendeu que, dando desconto na energia elétrica em 2013, um bem escasso, levaria o sistema ao colapso e a desgraçar várias estatais do setor.
Quem paga hoje tarifas elétricas extorsivas, o deve exatamente a essas escolhas.
A CPMF fará amargar privações de alimentos na mesa do trabalhador, perda nas empresas, que terão mais limitações à competitividade. Quem ganhará, como sempre, serão os banqueiros, que receberão uma contribuição sobre movimentações financeiras de difícil fiscalização no repasse ao erário.
A defesa canina de teses vencidas caracteriza a presidente em seus sofridos cinco anos de governo, contudo poderá IMPOR mais essa cobrança com o apoio de parlamentares domesticados.
Quem estava lá no Planalto, na semana passada, para dar força à CPMF, brilhando a óleo de carvalho, o presidente do Bradesco, patrão de Joaquim Levy. O “cara” que festeja o maior lucro de todos os tempos em 2015, o pior ano da história da economia nacional, marcado com 1,5 milhão de novos desempregados.
Thomas Woodrow entendeu que o governo tem tendência a exagerar, a ser um tirano. Deve ser vigiado com rigor e limitado para não ser uma força destruidora, como vem se revelando o governo brasileiro.
A perda de liberdade individual gerada por uma praga descabida vai da impossibilidade de comprar um sorvete até um remédio, de ir e vir, de prover por si, sem ajudas, o que faz falta.
Retirar do cidadão brasileiro 40% de suas rendas num país com salário mínimo de US$ 215 e uma renda per capita de US$ 6.000 é absurdo. O Estado gasta para si mais que qualquer outro congênere do planeta sem retornar uma assistência minimamente decente. Ao mesmo tempo convive com gastos escabrosos, intoleráveis para uma democracia que pretenda o progresso.
A palavra “imposto” retrata uma ação unilateral, IMPOR. Uma coerção num país em via de desenvolvimento, com mais de 25 milhões de pessoas abaixo da linha da dignidade. A CPMF se abaterá cruelmente sobre os mais fracos com o encarecimento dos alimentos e dos produtos básicos.
Essa preocupação não passa na consciência dos governantes, que não explicam como será distribuída ainda essa arrecadação nem dizem que quem pagará é quem menos tem condição para tanto.
A qualidade desse tributo é péssima, a qualidade do tributo passa longe da preocupação do Estado. Provoca, assim, agressões à economia popular, aos mais fracos, a quem trabalha, não distingue absolutamente nada. A CPMF é um delírio de quem está gravemente ofuscado. Pior ainda, não cortou suas gorduras, não podou seus exageros.
Tributo de qualidade é aquele que se vincula ao desenvolvimento, a fazer crescer a economia que emprega e arrecada. Só com essa preocupação se poderá civilizar plenamente e engrandecer uma nação.
A ele se devem inovações especialmente na consolidação de direitos do cidadão, limitando abusos de poder do Estado.
Reitor de Princeton, berço que forneceu uma dezena de presidentes aos Estados Unidos, deixou uma frase lapidar: “A história da liberdade é a história da luta para limitar o poder do governo”. O governo é, por natureza, tirânico, seja de uma cor ou de outra, disposto a cuidar mais de seus interesses que da nação.
Trata-se de um organismo com estômago no lugar do cérebro e sem braços. Não constrói, não se esforça, se alimenta apenas do que consegue tirar da labuta dos outros. A condição parasitária do Estado precisa, evidentemente, de limitações para não resvalar em desgraças como o petrolão.
Deve-se constatar que, quando se arroga entrar em setores competitivos, fracassa, como no caso da Petrobras. Mesmo com um monopólio que a protege, os riscos de desmandos são imensos.
A lei sacra faz referência ao dízimo, mas a máquina do Estado cobra quatro dízimos do governado. O excesso faz, assim, do cidadão brasileiro um escravo moderno à mercê dos faraós que ocupam o poder, dito acintosamente “democrático”.
Açoitado, tratado como sonegador, privado do seu direito constitucional à boa-fé, o cidadão enfrenta limitações no Brasil que superam os limites de uma organização civilizada de direito. Acorrentados pela burocracia e asfixiados pelos tributos que alimentam um Estado perdulário e afamado, tirano e velhaco, o cidadão e as famílias sofrem privações ilegais.
Basta considerar a natureza regressiva da CPMF, esquecida pela chefe do Estado brasileiro, descrevendo-a como panaceia e ao par que será mais uma praga sobre a economia nacional e devastará milhares de empregos.
Evidentemente, Dilma não entendeu o significado antropofágico desse tributo, como não entendeu que, dando desconto na energia elétrica em 2013, um bem escasso, levaria o sistema ao colapso e a desgraçar várias estatais do setor.
Quem paga hoje tarifas elétricas extorsivas, o deve exatamente a essas escolhas.
A CPMF fará amargar privações de alimentos na mesa do trabalhador, perda nas empresas, que terão mais limitações à competitividade. Quem ganhará, como sempre, serão os banqueiros, que receberão uma contribuição sobre movimentações financeiras de difícil fiscalização no repasse ao erário.
A defesa canina de teses vencidas caracteriza a presidente em seus sofridos cinco anos de governo, contudo poderá IMPOR mais essa cobrança com o apoio de parlamentares domesticados.
Quem estava lá no Planalto, na semana passada, para dar força à CPMF, brilhando a óleo de carvalho, o presidente do Bradesco, patrão de Joaquim Levy. O “cara” que festeja o maior lucro de todos os tempos em 2015, o pior ano da história da economia nacional, marcado com 1,5 milhão de novos desempregados.
Thomas Woodrow entendeu que o governo tem tendência a exagerar, a ser um tirano. Deve ser vigiado com rigor e limitado para não ser uma força destruidora, como vem se revelando o governo brasileiro.
A perda de liberdade individual gerada por uma praga descabida vai da impossibilidade de comprar um sorvete até um remédio, de ir e vir, de prover por si, sem ajudas, o que faz falta.
Retirar do cidadão brasileiro 40% de suas rendas num país com salário mínimo de US$ 215 e uma renda per capita de US$ 6.000 é absurdo. O Estado gasta para si mais que qualquer outro congênere do planeta sem retornar uma assistência minimamente decente. Ao mesmo tempo convive com gastos escabrosos, intoleráveis para uma democracia que pretenda o progresso.
A palavra “imposto” retrata uma ação unilateral, IMPOR. Uma coerção num país em via de desenvolvimento, com mais de 25 milhões de pessoas abaixo da linha da dignidade. A CPMF se abaterá cruelmente sobre os mais fracos com o encarecimento dos alimentos e dos produtos básicos.
Essa preocupação não passa na consciência dos governantes, que não explicam como será distribuída ainda essa arrecadação nem dizem que quem pagará é quem menos tem condição para tanto.
A qualidade desse tributo é péssima, a qualidade do tributo passa longe da preocupação do Estado. Provoca, assim, agressões à economia popular, aos mais fracos, a quem trabalha, não distingue absolutamente nada. A CPMF é um delírio de quem está gravemente ofuscado. Pior ainda, não cortou suas gorduras, não podou seus exageros.
Tributo de qualidade é aquele que se vincula ao desenvolvimento, a fazer crescer a economia que emprega e arrecada. Só com essa preocupação se poderá civilizar plenamente e engrandecer uma nação.
República dos padrinhos
Os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa também têm culpa nas “pedaladas”, pois pegaram o dinheiro dos depositantes, emprestaram indevidamente e não cobraram devidamente. Os conselheiros dos Tribunais de Contas julgam as contas do Executivo que os indicou para seus cargos. No Paraná, há pouco o presidente do TC, que foi secretário e até funcionário do governador, absolveu “pedaladas” do governo estadual. Juízes do Supremo são indicados pela Presidência da República, não sendo, pois, de se estranhar que cinco dos que votaram contra “impichar” a presidente foram indicados por ela. São apenas alguns exemplos do conluio interpoderes em toda a estrutura do Estado brasileiro, uma república de padrinhos.
Depois de sete Constituições e décadas de avanço republicano, chegamos a uma estrutura estatal que tem, na base, exemplos de democracia comunitária, como as eleições para conselheiros tutelares. Mas, no alto dessa estrutura, trocando favores e mutuamente protegendo seus privilégios, temos uma superelite que custa muito caro para serviços sem auditoria de produtividade, com imensas máquinas de servidores a seu serviço, dando exemplo de “desdemocracia”.
No topo, os poderes públicos se imiscuem. O Judiciário é apadrinhado pelo Executivo, de quem recebe os salários sem autonomia orçamentária, como estamos vendo agora, no Paraná, onde o governo quer se apropriar de recursos do Judiciário. Podemos questionar o desuso dos recursos pelo Judiciário, mas não é legal (no sentido de “conforme a lei”) o governo, por estar de tanga, avançar em recursos que não são seus.
O respeito entre os poderes é fundamento da República, mas as indicações ou apadrinhamentos causam erosão constante nesse fundamento, trocando o respeito pelo ajeitamento.
A profusão não fiscalizada de cargos de confiança amplia essa república de padrinhos, somando União, estados e municípios com centenas de milhares de apadrinhados. É comum deputados e vereadores terem assessores ausentes de qualquer serviço, quando não fantasmas mesmo. E os servidores de carreira agem sempre como os três macaquinhos: nada ouvem de errado, nada veem de estranho, nada informam à Promotoria.
Do topo à base, a doença é a mesma: apadrinhamento. Assim se formam camarilhas, grupos dedicados a se perpetuar no poder com proteção mútua e benefícios barganhados. O pessoal do Judiciário está há anos sem aumento, mas os juízes tiveram aumentos, além de auxílios para moradia e comida. Enquanto isso, o Congresso Nacional se esmera em ser a meca centralizadora e a usina central geradora dos apadrinhamentos, de deputados e senadores, nas redes federal e estaduais, além das empresas estatais.
O juiz Moro não tem padrinhos, nem o poder de indicar substituto ou continuadores. É um samurai da república num pântano de padrinhos, com uma Polícia Federal que acaba de ter orçamento cortado quando merecia mais recursos nessa luta vital para um futuro melhor de todos nós.
Um dos eixos a pautar nova Constituição a reformar para valer a República Federativa do Brasil é reduzir radicalmente e limitar operacionalmente o apadrinhamento, doença mista de corrupção e conivência. Quem paga 40% de impostos na renda merece Estado enxuto, funcional, estável e produtivo.
Essa tendência e atração pela dependência e dominação também está no fundo da escolha popular pelo presidencialismo, em dois plebiscitos. Fosse Estado parlamentarista, já estaria resolvida a crise política, e a crise econômica poderia ser encurtada por medidas cautelares do parlamento, como a destituição da (se fosse o caso) primeira-ministra Dilma Rousseff.
Na sua carta ao rei, Caminha já pedia emprego para parente. Passou há muito a hora de se livrar da praga do apadrinhamento.
Domingos Pellegrini
A nobreza de ser gentil
Dia desses, em algum lugar deste planeta, um decerto cansado motorista, com pressa de chegar em casa, esqueceu de fechar o vidro do passageiro ao estacionar seu carro. No dia seguinte, após uma noite chuvosa, encontrou o vidro fechado e um bilhete: “Não queria que seu carro se molhasse. Tenha um bom dia”.
Em algum outro lugar um cidadão foi buscar seu carro, estacionado em uma movimentada rua, e encontrou no vidro dianteiro um recado: “Observei que seu bilhete de estacionamento estava quase vencendo e vi a fiscal descendo a rua. Comprei para você duas horas extras”.
Há também o caso de um motorista de caminhão que encontrou colado na porta deste um envelope com a seguinte mensagem: “Você não me conhece, mas eu percebi que seu veículo precisa de pneus novos. Sempre quis fazer uma bondade para uma pessoa estranha, porque um dia alguém fez o mesmo por mim. Em anexo está o recibo da loja de pneus da esquina. Basta ir lá e eles trocarão os pneus do seu caminhão gratuitamente. Tudo o que peço é que algum dia você faça algo bom para um completo estranho”.
Em outra parte do mundo uma lavanderia exibia na porta um cartaz com os seguintes dizeres: “Se você está desempregado e precisa de roupas limpas para uma entrevista de emprego nós resolveremos isso gratuitamente”.
Não nos esqueçamos do ciclista que foi apanhar sua bicicleta, estacionada na rua, após um violento temporal. Encontrou o banco devidamente protegido por um plástico, sob o qual lia-se “Um assento molhado não teria sido legal”.
Não faz muito tempo um jovem casal, com um bebê a reboque, foi a um restaurante. Enquanto faziam as contas para ver o que seria possível pedir receberam um billhete com a seguinte mensagem: “Certa vez, quando estávamos começando a vida, alguém nos pagou um jantar. Isto nos marcou profundamente. Sejam bons pais e trabalhem duro - a vida passa depressa”. Seguiu-se, então, um maravilhoso jantar absolutamente grátis.
Há o caso do casal de turistas que tomou o metrô errado em um país distante. Já na saída da estação, perguntaram a um policial como fazer para chegar ao destino, que supunham próximo. Eis que o agente da lei, pacientemente, explicou-lhes que deveriam pegar outra linha. Em seguida, para espanto de ambos, foram por ele acompanhados até a porta do metrô correto. Na estação de chegada um outro policial os aguardava, com um mapa às mãos, para orientá-los. O casal insistiu em pagar os dois bilhetes, mas ouviu o seguinte: “vocês estão perdidos e devem ser ajudados - o valor dos bilhetes não importa, mas sim o princípio”.
Tenho arquivado o registro de cada um destes casos. Omiti, intencionalmente, onde se passaram. Pode ter sido aqui, ali, lá ou acolá - não importa, aconteceram entre nós.
Eu teria exemplos mais vistosos em meu “database”, como uma estatística segundo a qual quase metade dos atendimentos médicos do mundo todo vem do trabalho de voluntários. Ou de que a esmagadora maioria dos casos de recuperação de drogados é igualmente fruto da dedicação de pessoas que se doam sem esperar nada em troca.
Sim, eu teria belos números a mostrar. Mas hoje ficarei apenas com aqueles pequenos gestos de grandeza e gentileza das pessoas comuns, praticados sob o único impulso de saber que um desconhecido teve um momento de alegria ou algum sofrimento atenuado.
Que neste ano que se inicia cada um de nós tenha sempre presente que o menor ato de gentileza vale mais que a maior de todas as intenções!
Pedro Valls Feu Rosa
Em algum outro lugar um cidadão foi buscar seu carro, estacionado em uma movimentada rua, e encontrou no vidro dianteiro um recado: “Observei que seu bilhete de estacionamento estava quase vencendo e vi a fiscal descendo a rua. Comprei para você duas horas extras”.
Há também o caso de um motorista de caminhão que encontrou colado na porta deste um envelope com a seguinte mensagem: “Você não me conhece, mas eu percebi que seu veículo precisa de pneus novos. Sempre quis fazer uma bondade para uma pessoa estranha, porque um dia alguém fez o mesmo por mim. Em anexo está o recibo da loja de pneus da esquina. Basta ir lá e eles trocarão os pneus do seu caminhão gratuitamente. Tudo o que peço é que algum dia você faça algo bom para um completo estranho”.
Em outra parte do mundo uma lavanderia exibia na porta um cartaz com os seguintes dizeres: “Se você está desempregado e precisa de roupas limpas para uma entrevista de emprego nós resolveremos isso gratuitamente”.
Não nos esqueçamos do ciclista que foi apanhar sua bicicleta, estacionada na rua, após um violento temporal. Encontrou o banco devidamente protegido por um plástico, sob o qual lia-se “Um assento molhado não teria sido legal”.
Não faz muito tempo um jovem casal, com um bebê a reboque, foi a um restaurante. Enquanto faziam as contas para ver o que seria possível pedir receberam um billhete com a seguinte mensagem: “Certa vez, quando estávamos começando a vida, alguém nos pagou um jantar. Isto nos marcou profundamente. Sejam bons pais e trabalhem duro - a vida passa depressa”. Seguiu-se, então, um maravilhoso jantar absolutamente grátis.
Há o caso do casal de turistas que tomou o metrô errado em um país distante. Já na saída da estação, perguntaram a um policial como fazer para chegar ao destino, que supunham próximo. Eis que o agente da lei, pacientemente, explicou-lhes que deveriam pegar outra linha. Em seguida, para espanto de ambos, foram por ele acompanhados até a porta do metrô correto. Na estação de chegada um outro policial os aguardava, com um mapa às mãos, para orientá-los. O casal insistiu em pagar os dois bilhetes, mas ouviu o seguinte: “vocês estão perdidos e devem ser ajudados - o valor dos bilhetes não importa, mas sim o princípio”.
Tenho arquivado o registro de cada um destes casos. Omiti, intencionalmente, onde se passaram. Pode ter sido aqui, ali, lá ou acolá - não importa, aconteceram entre nós.
Eu teria exemplos mais vistosos em meu “database”, como uma estatística segundo a qual quase metade dos atendimentos médicos do mundo todo vem do trabalho de voluntários. Ou de que a esmagadora maioria dos casos de recuperação de drogados é igualmente fruto da dedicação de pessoas que se doam sem esperar nada em troca.
Sim, eu teria belos números a mostrar. Mas hoje ficarei apenas com aqueles pequenos gestos de grandeza e gentileza das pessoas comuns, praticados sob o único impulso de saber que um desconhecido teve um momento de alegria ou algum sofrimento atenuado.
Que neste ano que se inicia cada um de nós tenha sempre presente que o menor ato de gentileza vale mais que a maior de todas as intenções!
Pedro Valls Feu Rosa
Utopias e abismos
Procure na história um completo desastre social, político e econômico e encontrará uma utopia a inspirá-lo. Utopia, por definição, é algo que não se realiza. Fantasia e quimera são seus sinônimos. Por isso, as ações humanas movidas por utopias conduzem a abismos. O escritor uruguaio Eduardo Galeano assemelhava-a ao horizonte, que se afasta a cada passo que damos em sua direção, mas serve para fazer andar. Esquecia-se ele e esquecem seus repetidores que a sensatez impõe a todo líder a obrigação moral de verificar aonde levam os passos que dá. E os passos da utopia que Galeano ajudou a difundir, inclusive no Brasil, deixaram trilhas sinistras na história.
Nos principais experimentos, produziu cem milhões de mortos. E em todos, inclusive na atualização bolivariana articulada no Foro de São Paulo, não exibe um estadista, uma economia que se sustente, uma democracia de respeito. Em contrapartida, mundo afora, todos os êxitos sociais e econômicos foram colhidos em ambiente de realismo político. Muitas vezes tenho ouvido, em defesa dos delírios característicos do ideário comunista, a afirmação de que a palavra utopia serve de título a um livro de Thomas Morus, santo da Igreja Católica, nascido no século XV. Pretende-se, com isso, como que canonizar a utopia. Coisa de quem não conhece o santo ou, se leu o livro, entendeu bulhufas. E quem não sabe isso, a experiência me mostrou, não quer saber.
Meu objetivo, aqui, é evidenciar que a crença em uma utopia vem, necessariamente, associada àquela mesma ingenuidade tão nítida nas descrições feitas pelo interlocutor de S. Thomas Morus em "Utopia". Tal ingenuidade, aliás, estabelece intuitivo vínculo entre utopia e magia. Creio que o melhor exemplo atual pode ser observado no uso abusivo da expressão "vontade política". Essa vontade seria o instrumento mágico, capaz de moldar a realidade — qualquer realidade — aos desígnios do governante ou de quem ao governo apela. Em outras palavras: como a utopia não se realiza na prática, somente a magia pode produzir seus milagres. E a varinha de condão da qual se cobram sortilégios é a tal "vontade política". Supõe-se, num querer infantil, que a ela se curvem os fatos, a razão, os recursos públicos, os índices econômicos, as ciências, todas as divergências, os direitos individuais e tudo mais que lhe venha pela frente.
Foi essa crença pueril de eleitos e eleitores que trouxe o Brasil à atual crise. A utopia nos levou à euforia, a euforia à prodigalidade e a prodigalidade à miséria. "Se você está num buraco, pare de cavar", aconselhava certo personagem, em um filme a que assisti recentemente. Nosso governo, porém, teima em seguir cavando.
Meu objetivo, aqui, é evidenciar que a crença em uma utopia vem, necessariamente, associada àquela mesma ingenuidade tão nítida nas descrições feitas pelo interlocutor de S. Thomas Morus em "Utopia". Tal ingenuidade, aliás, estabelece intuitivo vínculo entre utopia e magia. Creio que o melhor exemplo atual pode ser observado no uso abusivo da expressão "vontade política". Essa vontade seria o instrumento mágico, capaz de moldar a realidade — qualquer realidade — aos desígnios do governante ou de quem ao governo apela. Em outras palavras: como a utopia não se realiza na prática, somente a magia pode produzir seus milagres. E a varinha de condão da qual se cobram sortilégios é a tal "vontade política". Supõe-se, num querer infantil, que a ela se curvem os fatos, a razão, os recursos públicos, os índices econômicos, as ciências, todas as divergências, os direitos individuais e tudo mais que lhe venha pela frente.
Foi essa crença pueril de eleitos e eleitores que trouxe o Brasil à atual crise. A utopia nos levou à euforia, a euforia à prodigalidade e a prodigalidade à miséria. "Se você está num buraco, pare de cavar", aconselhava certo personagem, em um filme a que assisti recentemente. Nosso governo, porém, teima em seguir cavando.
Vin Diesel e vim a alcool
Ainda estou para dar minha cota de crédito irrestrito para a Lava Jato, operação da Polícia Federal que anda revirando a vida dessa quadrilha petralha instalada no poder. Como o jornalista Reinaldo Azevedo, também me espanta que o chefe da camorra não seja o principal investigado até agora, especialmente depois de deflagrada a vigésima-segunda parte da novela interminável, batizada de Triplo X. O trocadilho que insinua a investigação sobre o tríplex do vigarista, com suas cozinhas sob suspeita e a eterna vontade do demiurgo de “morar de favor” também escancara a denominação dos filmes com conteúdo pornográfico – os XXX – e o herói sem caráter vivido pelo chefe de todos os carecas, o Vin Gasolina. Pois é.
É escandaloso que uma cooperativa que roubou o dinheiro de pelo menos 3 mil incautos não apareça na “mídia” como um problema habitacional. Quem são essas pessoas feitas de otárias? Seriam elas coniventes com a vigarice aqui encenada? Naquelas igrejas fast food da fé, muita gente compra óleo de pastel como coisa santa. A maioria sabe do que se trata, mas compra assim mesmo. Medo de serem considerados dissidentes, de não ajudarem a causa ou de serem “ovelhas desgarradas” aos olhos da matilha de lobos que toma conta dos interesses do bando todo.
Seria interessante ouvir a voz dessas pessoas, não é mesmo? No incêndio da Boite Kiss, por exemplo, a movimentação social em torno da injustiça ali cometida criou associações inteiras de indignados acompanhantes do desenrolar da história. E aqui? Aqui Mariana ameaça desabar de novo. Onde andam os sismólogos para arrumar um providencial terremoto para amenizar a culpa daqueles que, deliberadamente, abandonaram a segurança em favor da propina?
O ministro que quer o mosquito da Zika infectando meninas impúberes dá bem a medida da irresponsabilidade dessa quadrilha. A ONU ainda não está convencida de que a microcefalia seja causada pelo mosquito. E se não for? Será outra Smartmatic, empurrada para debaixo do tapete por um conluio de vigaristas, incluindo aqui aqueles em quem votamos? Desde que esqueçamos quem são, de onde vem o que andam roubando, o teatro da impunidade estará garantido, com direito a “conselhões” inúteis e outras cortinas de fumaça para a mesma roubalheira de sempre.
Metade do PT tem apartamentos naquele edifício fatídico. São apartamentos de veraneio. Para quem defende o comunismo e o direito de todos se apoderarem do que é dos outros, parece que amealharam uma fortuna razoável para chamar de “capitalismo com o capital alheio”, certo? Essa gente não vale o que o gato enterra. Que não fique provada uma vírgula contra o maior vigarista que este país já pariu, seu modus operandi não me deixa mentir sobre a existência de “uma natureza” em volta dessa quadrilha.
Uma presidente com tamanha rejeição pública não deveria pegar o boné, em respeito a uma tal de “democracia” que finge respeitar? Ela não o fará. Terá de ser apeada por forças que ainda não se deram conta do abismo em que nos metemos. Do tipo de meliante que se apoderou da coisa pública em benefício próprio, ultimamente. E ficamos aqui, esperando, com nossos narizes de palhaço, que essa gente finalmente se canse de mentir, empulhar, roubar, dissimular, cacarejar e saiam com as mãos para cima, cientes de que foram pegos em flagrante delito.
Até lá, olho as corajosas intervenções do juiz Sérgio Moro na bandalheira com olhos de Cerveró. Pode ser que todas as prisões efetuadas até agora não passem de cortina de fumaça da verdadeira origem de todo esse inferno. O chifrudão-chefe continua livre, leve e solto, sem que surjam indicações convincentes de que vai pagar pelos crimes cometidos. Se isso não acontecer, saberemos do que este país é feito, senhores. De lama de barragem mal feita. Cuidado para não se afogar, andando por aí. Calhordas.
É escandaloso que uma cooperativa que roubou o dinheiro de pelo menos 3 mil incautos não apareça na “mídia” como um problema habitacional. Quem são essas pessoas feitas de otárias? Seriam elas coniventes com a vigarice aqui encenada? Naquelas igrejas fast food da fé, muita gente compra óleo de pastel como coisa santa. A maioria sabe do que se trata, mas compra assim mesmo. Medo de serem considerados dissidentes, de não ajudarem a causa ou de serem “ovelhas desgarradas” aos olhos da matilha de lobos que toma conta dos interesses do bando todo.
Seria interessante ouvir a voz dessas pessoas, não é mesmo? No incêndio da Boite Kiss, por exemplo, a movimentação social em torno da injustiça ali cometida criou associações inteiras de indignados acompanhantes do desenrolar da história. E aqui? Aqui Mariana ameaça desabar de novo. Onde andam os sismólogos para arrumar um providencial terremoto para amenizar a culpa daqueles que, deliberadamente, abandonaram a segurança em favor da propina?
O ministro que quer o mosquito da Zika infectando meninas impúberes dá bem a medida da irresponsabilidade dessa quadrilha. A ONU ainda não está convencida de que a microcefalia seja causada pelo mosquito. E se não for? Será outra Smartmatic, empurrada para debaixo do tapete por um conluio de vigaristas, incluindo aqui aqueles em quem votamos? Desde que esqueçamos quem são, de onde vem o que andam roubando, o teatro da impunidade estará garantido, com direito a “conselhões” inúteis e outras cortinas de fumaça para a mesma roubalheira de sempre.
Metade do PT tem apartamentos naquele edifício fatídico. São apartamentos de veraneio. Para quem defende o comunismo e o direito de todos se apoderarem do que é dos outros, parece que amealharam uma fortuna razoável para chamar de “capitalismo com o capital alheio”, certo? Essa gente não vale o que o gato enterra. Que não fique provada uma vírgula contra o maior vigarista que este país já pariu, seu modus operandi não me deixa mentir sobre a existência de “uma natureza” em volta dessa quadrilha.
Uma presidente com tamanha rejeição pública não deveria pegar o boné, em respeito a uma tal de “democracia” que finge respeitar? Ela não o fará. Terá de ser apeada por forças que ainda não se deram conta do abismo em que nos metemos. Do tipo de meliante que se apoderou da coisa pública em benefício próprio, ultimamente. E ficamos aqui, esperando, com nossos narizes de palhaço, que essa gente finalmente se canse de mentir, empulhar, roubar, dissimular, cacarejar e saiam com as mãos para cima, cientes de que foram pegos em flagrante delito.
Até lá, olho as corajosas intervenções do juiz Sérgio Moro na bandalheira com olhos de Cerveró. Pode ser que todas as prisões efetuadas até agora não passem de cortina de fumaça da verdadeira origem de todo esse inferno. O chifrudão-chefe continua livre, leve e solto, sem que surjam indicações convincentes de que vai pagar pelos crimes cometidos. Se isso não acontecer, saberemos do que este país é feito, senhores. De lama de barragem mal feita. Cuidado para não se afogar, andando por aí. Calhordas.
Pacto sinistro
Até mesmo um pacto com o diabo é certamente menos prejudicial que um em que o indivíduo entrega sua alma ao estado. Porque satanás oferece frutos que são dele próprio, enquanto o estado, em última análise, não tem absolutamente nada a oferecer que não tenha sido retirado de seus súditos. Então, no culto ao estado, os homens sacrificam suas almas para um falso deus, que pode dar-lhes em troca apenas o que já foi colocado por seus próprios adoradores no altar dos sacrilégios
Felix Morley
Além de tudo, os mosquitos
No PT, arrancam o cabelo os que ainda não são carecas. A previsão no alto comando dos companheiros aponta para completa derrota do partido, nas eleições municipais de outubro. De 2018 nem se fala, continuando as coisas como vão. Pesquisas sigilosas chegam ao palácio do Planalto dando conta de monumental queda nas representações petistas de vereadores e prefeitos. E numa projeção mais ampla, da débâcle programada para daqui a três anos quando da escolha do novo presidente da República, dos governadores e das bancadas no Congresso e nas Assembleias estaduais.
Fazer o quê, para virar o jogo? Não dá para censurar a imprensa nem para imobilizar os tribunais. Muito menos para reconquistar a popularidade perdida, se as denúncias seguem seu curso, com evidências cada vez maiores de envolvimento dos principais dirigentes, em sucessivos episódios de corrupção ostensiva. O empresariado salta de banda, engrossando a oposição, por sinal sem necessidade de esforçar-se muito.
Já o Lula come o pão que o diabo amassou, certamente por culpa dele mesmo. Antes ocupando a certeza de poder voltar e estender por mais dois mandatos a permanência dos companheiros no poder, a legenda nem certeza terá de disputar o segundo turno, na luta pelo comando da República. Também, ficaria sem sustentação no futuro Congresso e na quase totalidade dos governos estaduais. A pergunta é se o ex-presidente correrá o risco de disputar sem chance de vitória. Só que, não se apresentando, deixará o PT em piores condições ainda, obrigado a lançar um inexpressivo sem nome ou correr atrás da aventura de Ciro Gomes ou outro aliado inconfiável.
Quanto à presidente Dilma, o máximo que consegue é comandar uma orquestra de panelas e caçarolas. Há pelo menos dois anos que a crise econômica se havia instalado e nenhuma providência eficaz foi adotada. Madame trocou ministros em profusão e agora se obriga a ouvir conselhos de Delfim Netto, na contramão dos postulados que o PT abandonou. Nenhum plano apresentou até agora para debelar o desemprego em massa, a alta de impostos, taxas e tarifas, mais a elevação vertiginosa do custo de vida.
O governo, como um todo, é uma lástima. Mergulha nas profundezas, sem escapar de denúncias de corrupção, sofre derrotas no Congresso, perdeu a oportunidade de formar maioria sólida e nem consegue livrar-se de adversários como o presidente da Câmara. A presidente continua temerosa do processo de impeachment e faz tempo que não arrisca comparecer a uma reunião popular aberta. Medita sobre se estará presente na solenidade de abertura das Olimpíadas. Continua grosseira no trato com ministros e auxiliares.
Em suma, desmancham-se as principais figuras responsáveis pela condução do país, ainda por cima às voltas com diabólicos mosquitos que a saúde pública não consegue evitar.
Como matar o dragão
A única maneira de liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas não serve de nadaJosé Saramago
O inimigo público são as antas
Depois de Dilma, o bandido mais combatido no Brasil também é outro animal: o Aedes aegypti. Apesar de bem menos inofensivo - não infecta milhões por anos - tem aparecido como salvação para a presidente se esconder, quem diria, atrás das asinhas do inseto.
O Aedes, mesmo vilão nacional (será mesmo?), está permitindo que a presidente apareça como a mata-mnosquito n°1. Não só criou um gabinete de combate ao inseto como ainda está propondo a compra e distribuição de repelentes a todas as grávidas do país.
As medidas governamentais de guerra nunca foram efetivas nem confiáveis. Governantes se aproveitam do mosquito para florear seus nobres esforços públicos que nem são nobres e muito menos esforços.
Nenhum governo, em qualquer esfera, ainda conseguiu se explicar por que estando em 12 cidades em 1980 conseguiu se distribuir para 2.665 entre 1980 e 1997 e hoje atinge praticamente todo o território. Também ninguém ficou convencido de que Oswaldo Cruz, em seis anos de combate, tirou o Aedes do mapa carioca.
A desculpa de haver grandes cidades e crescimento demográfico incomparável com o início do século XX não serve, ainda mais que na década de 1980 só havia o mosquito em 12 cidades.
Dizer que os vetores se proliferam e preferem os domicílios dos cidadãos, que seriam os grandes focos, é culpar o povo por criar bandido.
O maior vilão está nos governos que adoram se servir do mosquito para bancar mocinhos. Não há nem houve nos últimos anos iniciativas efetivas para conter a infestação. Pode colocar o maior exército do mundo nas ruas para matar mosquito que não adiantará nada se não se cuidar do saneamento, da limpeza urbana, da aplicação de leis municipais contra os megacriadores como lixões, depósitos, valões, servidões, construções públicas abandonadas e por aí vai.
É preciso vontade política para também não desperdiçar dinheiro público em ações de marketing como daquele prefeito (petista, é claro) que anunciou o combate mais moderno contra o Aedes: moto-fumacê. Comprou oito, há cinco anos, nunca uma delas foi vista circulando no município.
Combater não é só matar o mosquito no Verão. É cuidar do saneamento e implementar as boas práticas de limpeza nos municipios, não deixando só a culpa e o trabalho com o cidadão., que ainda tem o encargo de pagar muito caro para a cambada se fazer de santa.
Os governantes precisão trabalhar, honestamente, e deixarem a preguiça de bancar superheróis em peças de marketing. ou darem uma de santidade de que tudo fazem como dádiva pessoal. Essa cretinice é criminosa para dar cadeia em países que respeitam seus cidadãos. Aqui dá mais votos para continuarem praticando crimes sob o manto da imunidade e da impunidade.
O Aedes, mesmo vilão nacional (será mesmo?), está permitindo que a presidente apareça como a mata-mnosquito n°1. Não só criou um gabinete de combate ao inseto como ainda está propondo a compra e distribuição de repelentes a todas as grávidas do país.
As medidas governamentais de guerra nunca foram efetivas nem confiáveis. Governantes se aproveitam do mosquito para florear seus nobres esforços públicos que nem são nobres e muito menos esforços.
Nenhum governo, em qualquer esfera, ainda conseguiu se explicar por que estando em 12 cidades em 1980 conseguiu se distribuir para 2.665 entre 1980 e 1997 e hoje atinge praticamente todo o território. Também ninguém ficou convencido de que Oswaldo Cruz, em seis anos de combate, tirou o Aedes do mapa carioca.
Moto-fumacê há cinco anos na foto, nenhuma nas ruas |
Dizer que os vetores se proliferam e preferem os domicílios dos cidadãos, que seriam os grandes focos, é culpar o povo por criar bandido.
O maior vilão está nos governos que adoram se servir do mosquito para bancar mocinhos. Não há nem houve nos últimos anos iniciativas efetivas para conter a infestação. Pode colocar o maior exército do mundo nas ruas para matar mosquito que não adiantará nada se não se cuidar do saneamento, da limpeza urbana, da aplicação de leis municipais contra os megacriadores como lixões, depósitos, valões, servidões, construções públicas abandonadas e por aí vai.
É preciso vontade política para também não desperdiçar dinheiro público em ações de marketing como daquele prefeito (petista, é claro) que anunciou o combate mais moderno contra o Aedes: moto-fumacê. Comprou oito, há cinco anos, nunca uma delas foi vista circulando no município.
Combater não é só matar o mosquito no Verão. É cuidar do saneamento e implementar as boas práticas de limpeza nos municipios, não deixando só a culpa e o trabalho com o cidadão., que ainda tem o encargo de pagar muito caro para a cambada se fazer de santa.
Os governantes precisão trabalhar, honestamente, e deixarem a preguiça de bancar superheróis em peças de marketing. ou darem uma de santidade de que tudo fazem como dádiva pessoal. Essa cretinice é criminosa para dar cadeia em países que respeitam seus cidadãos. Aqui dá mais votos para continuarem praticando crimes sob o manto da imunidade e da impunidade.
O cidadão mais honesto do Brasil é um criminoso vulgar
Triste país é este, em que o cidadão que se arvora como a pessoa mais honesta, não passa de um criminoso vulgar, que envergonha a nação no cenário internacional e ameaça processar os jornalistas que denunciaram seus atos ilícitos. Tudo nele é falso, jamais processará ninguém. Sua insanidade é flagrante, trata-se de caso grave, a exigir internação, mas quem se interessa?
Poderia ser um dos homens mais importantes da História da Humanidade. Seu trajetória de vida era impressionante. Partiu do zero ao milhão, um retirante nordestino, que jamais lera um livro, acabara sendo eleito presidente do quinto maior país do mundo, em termos de habitantes e de extensão territorial. Se fosse um cidadão limpo, se não tivesse se tornado um reles alpinista social, teria um lugar de honra no Panteão dos grandes políticos da História, ao lado de Nelson Mandela.
A diferença é que Mandela tinha formação intelectual, era um advogado negro, perseguido pelo odioso regime do apartheid, que ficou 27 anos preso.
Quando foi libertado, em 1990, já tinha 72 anos. Mesmo assim, conduziu com impressionante sobriedade a transição política, foi eleito presidente, jamais exigiu vingança, comportou-se como um seguidor de Mahatma Gandhi na defesa da não-violência, ganhou o Nobel da Paz em 1993.
Mandela podia ter se reelegido presidente, mas preferiu se retirar da vida pública, preservando-se eternamente como uma das personalidades mais importantes da História de Humanidade.
Poderia ser um dos homens mais importantes da História da Humanidade. Seu trajetória de vida era impressionante. Partiu do zero ao milhão, um retirante nordestino, que jamais lera um livro, acabara sendo eleito presidente do quinto maior país do mundo, em termos de habitantes e de extensão territorial. Se fosse um cidadão limpo, se não tivesse se tornado um reles alpinista social, teria um lugar de honra no Panteão dos grandes políticos da História, ao lado de Nelson Mandela.
A diferença é que Mandela tinha formação intelectual, era um advogado negro, perseguido pelo odioso regime do apartheid, que ficou 27 anos preso.
Quando foi libertado, em 1990, já tinha 72 anos. Mesmo assim, conduziu com impressionante sobriedade a transição política, foi eleito presidente, jamais exigiu vingança, comportou-se como um seguidor de Mahatma Gandhi na defesa da não-violência, ganhou o Nobel da Paz em 1993.
Mandela podia ter se reelegido presidente, mas preferiu se retirar da vida pública, preservando-se eternamente como uma das personalidades mais importantes da História de Humanidade.
Com sua impressionante ascensão na vida pública, Lula passou a fugir da realidade, criou um mundo à parte. Jamais uma pessoa praticamente sem formação intelectual ganhou tantos títulos universitários “honoris causa” como ele. Este sucesso nacional e internacional fez muito mal a Lula, passou a se sentir inatingível. Dizia que acusações contra ele não colavam. E era verdade.
Não faltaram denúncias e livros escritos contando a verdade sobre ele, mas Lula nem ligava, dizia que ninguém acreditaria em autores como Ivo Patarra, José Neumâne Pinto e Romeu Tuma Jr. E realmente poucos acreditavam ou se interessavam sobre o que se dizia dele.
Mas a mentira tem pernas curtas, a verdade acaba surgindo. E hoje Lula é uma pálida imagem do grande homem que poderia ter sido.
Agora, pouco resta do poderoso ex-presidente. As investigações já demonstraram seu enriquecimento ilícito, já se sabe que ele comandou a institucionalização de uma corrupção que sempre existiu, a diferença é que passou a ser oficializada e com percentual fixado.
A imagem do Brasil no exterior fica cada vez mais encardida. Em breve, Lula estará na cadeia, junto com o filho caçula, que aprendeu tudo o que sabe simplesmente observando o comportamento do pai. E la nave va, fellinianamente enlouquecida, nas mãos de uma mulher sapiens altamente irresponsável, que finge estar governando o país e vivendo no melhor dos mundos, no estilo imortalizado por Voltaire.
Não faltaram denúncias e livros escritos contando a verdade sobre ele, mas Lula nem ligava, dizia que ninguém acreditaria em autores como Ivo Patarra, José Neumâne Pinto e Romeu Tuma Jr. E realmente poucos acreditavam ou se interessavam sobre o que se dizia dele.
Mas a mentira tem pernas curtas, a verdade acaba surgindo. E hoje Lula é uma pálida imagem do grande homem que poderia ter sido.
Agora, pouco resta do poderoso ex-presidente. As investigações já demonstraram seu enriquecimento ilícito, já se sabe que ele comandou a institucionalização de uma corrupção que sempre existiu, a diferença é que passou a ser oficializada e com percentual fixado.
A imagem do Brasil no exterior fica cada vez mais encardida. Em breve, Lula estará na cadeia, junto com o filho caçula, que aprendeu tudo o que sabe simplesmente observando o comportamento do pai. E la nave va, fellinianamente enlouquecida, nas mãos de uma mulher sapiens altamente irresponsável, que finge estar governando o país e vivendo no melhor dos mundos, no estilo imortalizado por Voltaire.
sábado, 30 de janeiro de 2016
O silêncio cúmplice da oposição
Mais espantoso que as revelações da Lava Jato – sequentes e ininterruptas há meses - é o profundo silêncio que lhes devota a oposição. É como se não lhe dissesse respeito.
A operação chega aos calcanhares do ex-presidente Lula, revela doações de dinheiro roubado da Petrobras à campanha eleitoral da presidente Dilma, e não se ouve manifestação alguma daqueles que têm por missão institucional fiscalizar o governo.
Não há dúvida de que essa passividade patológica explica a sobrevivência do governo, que, em circunstâncias normais, já teria caído – e levado alguns de seus principais integrantes à cadeia.
E o que extraía dessa intimidade? Segundo a Lava Jato – e segundo seus próprios depoimentos -, facilidades para negócios escusos, envolvendo dinheiro público, na escala dos bilhões.
Bastaria, porém, a intimidade promíscua do acesso irrestrito ao presidente da República – e somente isso - para desencadear um turbilhão de justificadas suspeitas e provocar, no mínimo, uma CPI e mesmo um pedido de impeachment.
Na época, porém, pareceu banal, como, aliás, tudo o mais. Ora, se ninguém se espanta com o índice de mais de 50 mil assassinatos anuais no país – índice de guerra civil -, que se repete há mais de uma década, o que dizer de meros ladrões engravatados? Afinal, argumenta-se, corrupção sempre houve, é coisa antiga, não foi inventada pelo PT etc.
O mesmo poderia ser dito por um homicida, lembrando que se trata de delito antigo, inaugurado por Caim. Portanto, se sempre se fez e se sempre se fará, não se trata de crime, mas de mero culto à tradição. Eis a lógica vigente. A banalização do mal, de que falava a filósofa Hannah Arendt, traduz e resume o Brasil de hoje.
Uma entidade como o MST, sem personalidade jurídica – e, portanto, insusceptível de processo -, invade propriedades produtivas, destrói laboratórios de pesquisas, mata e faz reféns, e nada lhe acontece. Seu líder, João Pedro Stédile, circula dentro e fora do país, dá entrevistas e merece honras de chefe de Estado. Por meio de verbas governamentais, repassadas a ONGs, mantém sua milícia, que Lula trata como um “exército” particular.
A bola da vez é o tríplex de Lula, no Guarujá. Ele nega, contra todas as evidências, ser seu proprietário. Repete o estratagema consagrado por seu aliado Paulo Maluf: nega tanto que chega a ter dúvidas sobre se é realmente o dono.
O apartamento não é fato isolado: há, ainda, o sítio de Atibaia, o duplex de São Bernardo e os R$ 27 milhões acumulados de “palestras”, as mais bem remuneradas de toda a história humana. Tudo deriva da Petrobras, da Eletrobras, dos fundos de pensão, da Bancoop – numa palavra, do dinheiro alheio.
Poupo o leitor dos detalhes operacionais, monótonos de tão repetitivos - e que inundaram a imprensa nas últimas semanas; a rigor, nos últimos anos. Importa registrar que, apesar das evidências, Lula não está sequer denunciado.
Deu ao dito de Sócrates – “só sei quenada sei” -, que traduzia humildade perante o conhecimento, versão espúria que o velho sábio grego jamais imaginaria possível.
A ausência de espanto é o grande espanto que o país provoca. E aí cabe voltar à oposição: por que o silêncio? Ainda que tivesse perdido o senso moral, não perderia o senso de oportunidade, inerente à ação política, sobretudo em ano eleitoral.
Deduz-se então que teme alguma coisa, que também tem o que ocultar, suspeita já instalada, à espera de refutação.
Afora a ação individual e isolada de um ou outro parlamentar, sem respaldo partidário, não se faz nada. O PSDB é o autor da ação contra a campanha de Dilma no TSE, mas não investe em seu resultado. Não diz nada.
O governador do Amazonas, José Melo, acaba de ter seu mandato cassado pelo TRE, por – imaginem! – compra de votos e desvio de dinheiro público para sua campanha eleitoral. É o mesmo delito que condenou o ex-governador tucano Eduardo Azeredo – e diversos outros prefeitos e governadores.
Segundo a lei, não importa se o titular da campanha sabia ou não do que ocorria: é o responsável e responde pelo delito – exceto, claro, se for do PT. É o que se deduz da intocabilidade de Dilma. Sua campanha de reeleição foi brindada com R$ 100 milhões de dinheiro da Andrade Gutierrez, roubados da Petrobras, segundo delataram executivos da empresa ao juiz Sérgio Moro e ao Ministério Público.
Segundo contaram, foram achacados pelo hoje ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (tesoureiro daquela campanha), e seu hoje assessor Giles Azevedo. Não é denúncia isolada.
Há outras, similares – como a do dono da UTC, Ricardo Pessoa -, mas bastava essa. Não obstante, o governador Geraldo Alckmin, fazendo coro a diversos correligionários e juristas de aluguel, repete que “não há motivo para o impeachment”.
O Brasil, sob o PT, tornou-se um país desmotivado: não encontra motivo para coisa alguma – nem para se espantar.
A operação chega aos calcanhares do ex-presidente Lula, revela doações de dinheiro roubado da Petrobras à campanha eleitoral da presidente Dilma, e não se ouve manifestação alguma daqueles que têm por missão institucional fiscalizar o governo.
Não há dúvida de que essa passividade patológica explica a sobrevivência do governo, que, em circunstâncias normais, já teria caído – e levado alguns de seus principais integrantes à cadeia.
Lá já estão alguns dos mais íntimos amigos do ex-presidente Lula, gente com quem conviveu estreitamente durante e depois de deixar o governo. Um deles, José Carlos Bumlai, foi distinguido com acesso permanente, “em qualquer hora ou circunstância”, ao gabinete presidencial, privilégio não explicado e inédito na história.
E o que extraía dessa intimidade? Segundo a Lava Jato – e segundo seus próprios depoimentos -, facilidades para negócios escusos, envolvendo dinheiro público, na escala dos bilhões.
Bastaria, porém, a intimidade promíscua do acesso irrestrito ao presidente da República – e somente isso - para desencadear um turbilhão de justificadas suspeitas e provocar, no mínimo, uma CPI e mesmo um pedido de impeachment.
Na época, porém, pareceu banal, como, aliás, tudo o mais. Ora, se ninguém se espanta com o índice de mais de 50 mil assassinatos anuais no país – índice de guerra civil -, que se repete há mais de uma década, o que dizer de meros ladrões engravatados? Afinal, argumenta-se, corrupção sempre houve, é coisa antiga, não foi inventada pelo PT etc.
O mesmo poderia ser dito por um homicida, lembrando que se trata de delito antigo, inaugurado por Caim. Portanto, se sempre se fez e se sempre se fará, não se trata de crime, mas de mero culto à tradição. Eis a lógica vigente. A banalização do mal, de que falava a filósofa Hannah Arendt, traduz e resume o Brasil de hoje.
Uma entidade como o MST, sem personalidade jurídica – e, portanto, insusceptível de processo -, invade propriedades produtivas, destrói laboratórios de pesquisas, mata e faz reféns, e nada lhe acontece. Seu líder, João Pedro Stédile, circula dentro e fora do país, dá entrevistas e merece honras de chefe de Estado. Por meio de verbas governamentais, repassadas a ONGs, mantém sua milícia, que Lula trata como um “exército” particular.
A bola da vez é o tríplex de Lula, no Guarujá. Ele nega, contra todas as evidências, ser seu proprietário. Repete o estratagema consagrado por seu aliado Paulo Maluf: nega tanto que chega a ter dúvidas sobre se é realmente o dono.
O apartamento não é fato isolado: há, ainda, o sítio de Atibaia, o duplex de São Bernardo e os R$ 27 milhões acumulados de “palestras”, as mais bem remuneradas de toda a história humana. Tudo deriva da Petrobras, da Eletrobras, dos fundos de pensão, da Bancoop – numa palavra, do dinheiro alheio.
Poupo o leitor dos detalhes operacionais, monótonos de tão repetitivos - e que inundaram a imprensa nas últimas semanas; a rigor, nos últimos anos. Importa registrar que, apesar das evidências, Lula não está sequer denunciado.
Deu ao dito de Sócrates – “só sei quenada sei” -, que traduzia humildade perante o conhecimento, versão espúria que o velho sábio grego jamais imaginaria possível.
A ausência de espanto é o grande espanto que o país provoca. E aí cabe voltar à oposição: por que o silêncio? Ainda que tivesse perdido o senso moral, não perderia o senso de oportunidade, inerente à ação política, sobretudo em ano eleitoral.
Deduz-se então que teme alguma coisa, que também tem o que ocultar, suspeita já instalada, à espera de refutação.
Afora a ação individual e isolada de um ou outro parlamentar, sem respaldo partidário, não se faz nada. O PSDB é o autor da ação contra a campanha de Dilma no TSE, mas não investe em seu resultado. Não diz nada.
O governador do Amazonas, José Melo, acaba de ter seu mandato cassado pelo TRE, por – imaginem! – compra de votos e desvio de dinheiro público para sua campanha eleitoral. É o mesmo delito que condenou o ex-governador tucano Eduardo Azeredo – e diversos outros prefeitos e governadores.
Segundo a lei, não importa se o titular da campanha sabia ou não do que ocorria: é o responsável e responde pelo delito – exceto, claro, se for do PT. É o que se deduz da intocabilidade de Dilma. Sua campanha de reeleição foi brindada com R$ 100 milhões de dinheiro da Andrade Gutierrez, roubados da Petrobras, segundo delataram executivos da empresa ao juiz Sérgio Moro e ao Ministério Público.
Segundo contaram, foram achacados pelo hoje ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (tesoureiro daquela campanha), e seu hoje assessor Giles Azevedo. Não é denúncia isolada.
Há outras, similares – como a do dono da UTC, Ricardo Pessoa -, mas bastava essa. Não obstante, o governador Geraldo Alckmin, fazendo coro a diversos correligionários e juristas de aluguel, repete que “não há motivo para o impeachment”.
O Brasil, sob o PT, tornou-se um país desmotivado: não encontra motivo para coisa alguma – nem para se espantar.
Do Aedes aegypti à Tsé-tsé
A crise brasileira é um fato internacional. Dentro dos nossos limites, estamos puxando a economia mundial para baixo. Nossa queda não impacta tanto quanto a simples desaceleração chinesa. Mas com alguma coisa contribuímos: menos 1% no crescimento global.
Na crise da indústria do petróleo, com os baixos preços do momento, o Brasil aparece com destaque. Cerca de 30% dos projetos do setor cancelados no mundo foram registrados aqui, com o encolhimento da Petrobrás. Dizem que os brasileiros eram olhados com um ar de condolências nos corredores da reunião de Davos. Somos os perdedores da vez.
Na crise da indústria do petróleo, com os baixos preços do momento, o Brasil aparece com destaque. Cerca de 30% dos projetos do setor cancelados no mundo foram registrados aqui, com o encolhimento da Petrobrás. Dizem que os brasileiros eram olhados com um ar de condolências nos corredores da reunião de Davos. Somos os perdedores da vez.
A troca de Levy por Barbosa está sendo vista como uma luta entre keynesianos e neoliberais. Pelo que aprendi de Keynes, na biografia escrita por Robert Skidelsky, é forçar um pouco a barra acreditar que sua doutrina é aplicável da forma que querem no Brasil de hoje. É um Keynes de ocasião, destinado principalmente a produzir algum movimento vital na economia, num ano em que o País realiza eleições municipais. É o voo da galinha, ainda que curtíssimo e desengonçado como o do tuiuiú.
O Brasil precisa de uma década de investimentos vigorosos, para reparar e modernizar sua infra. Hoje, proporcionalmente, gastamos nisso a metade do que os peruanos gastam.
O governo não tem fôlego para realizar essa tarefa. Isso não significa que não haja dinheiro no Brasil ou no mundo. Mas são poucos os que se arriscam a investir aqui. Não há credibilidade. O populismo de esquerda não é uma força qualquer, ele penetra no inconsciente de seus atores com a certeza de que estão melhorando a vida dos pobres. E garante uma couraça contra as críticas dos que “não querem ver pobre viajando de avião”.
Em 2016 largamos na lanterna do crescimento global. Dilma está estarrecida com isso e a mais honesta alma do Brasil diz “sai um lorde Keynes aí” como se comprasse cigarros num botequim de São Bernardo do Campo.
Aos poucos, o Brasil vai se dando conta da gravidade da epidemia causada pelo Aedes aegypti. Gente com zika foi encontrada nos EUA depois de viajar para cá. As TVs de lá martelam advertências às grávidas. Na Itália quatro casos de contaminação foram diagnosticados em viajantes que passaram pelo Brasil. O ministro da Saúde oscila entre a depressão e o entusiasmo. Ora exagera o potencial das campanhas preventivas, ora reconhece de forma fatalista que o Brasil está perdendo feio a guerra para o mosquito. Com nossa estrutura urbana, é quase impossível acabar com o mosquito. Mas há o que fazer.
Não se viu Dilma estarrecida diante da epidemia. Nem a mais honesta alma do Brasil articulando algo nessa direção. Solução que depende do tempo, a vacina ainda é uma palavra mágica.
No entanto, estamos nas vésperas da Olimpíada. Os líderes que a trouxeram para o Brasil, nos tempos de euforia, quase não tocam no assunto; não se sentam para avaliar como nos degradamos e como isso já é percebido com clareza lá fora.
A Economist publica uma capa com Dilma olhando para baixo e o título: A queda do Brasil. Na economia, área em que as coisas andam mais rápidas, não há mais dúvidas sobre o fracasso.
A segunda maior cidade do Rio, Estado onde se darão os Jogos, simplesmente quebrou. Campos entrou em estado de emergência econômica, agora que os royalties do petróleo parecem uma ilusão de carnaval.
O problema dos salvadores do povo é que não percebem outra realidade exceto a de permanência no poder. Quanto pior a situação, mais se sentem necessários. Os irmãos Castro acham que salvaram Cuba e levaram a um patamar superior ao da Costa Rica, por exemplo. O chavismo levou a Venezuela a um colapso econômico, marcado pelas filas para produtos de primeira necessidade, montanhas de bolívares para comprar um punhado de dólares. Ainda assim, seus simpatizantes dizem, mesmo no Brasil, que a Venezuela está muito melhor do que se estivesse em mãos de liberais.
O colapso, a ruína, a decadência, nada disso importa aos populistas de esquerda. Apenas ressaltam suas boas intenções e a maldade dos críticos burgueses, da grande mídia, enfim, de qualquer desses espaços onde acham que o diabo mora. O Lula tornou-se o símbolo desse pensamento. Na semana em que se suspeita de tudo dele, do tríplex à compra de caças, do petrolão às emendas vendidas, chegou à conclusão de que não existe alma viva mais honesta do que ele.
Aqueles que acreditam num diálogo racional com o populismo de esquerda deveriam repensar seu propósito. Negar a discussão racional pode ser um sintoma de intolerância. Existe uma linha clara entre ser tolerante e gostar de perder tempo. O mesmo mecanismo que leva Lula a se proclamar santo é o que move a engrenagem política ideológica do PT. Quando a maré internacional permitiu o voo da galinha, eles se achavam mestres do crescimento. Hoje, com a maré baixa, consideram-se os mártires da intolerância conservadora. Simplesmente não adianta discutir. No script deles, serão sempre os mocinhos, nem que tenham de atacar a própria Operação Lava Jato.
Considerando que Cuba é uma ditadura e a Venezuela chega muito perto disso com sua política repressiva, como explicar a aberração brasileira?
Certamente algum mosquito nos mordeu para suportarmos mentiras que nos fazem parecer otários. Não foi o Aedes aegypti. A tsé-tsé, quem sabe?
Janeiro ainda?! Saudades de 2015
Na boquinha de se abrir o berreiro carnavalesco, o folião treina em blocos o sucesso do ano: "Ei você aí/Me dá um dinheiro aí..."
Momentos de alegria? Quem dera. O pula-pula nas ruas, o esgoelar-se, a bebedeira serão a tentativa de exorcizar-nos da urucubaca petista.
Se o mês mostra que a situação está pior do que no mesmo período do ano passado e as perspectivas honestas e confiáveis são de que o país fica em maior escuridão com o passar dos dias, há que se preparar para nova leva de desastres.
Como os tempos são carnavalescos nas ruas e nos palácios, câmaras, tribunais, a gente vai levando... e tomando.
Governos como este daqui nem mudam nem mudarão para o bem público. No máximo, trocam de fantasia. Tiram a gasta, já manjada, para vestir outra ... esfarrapada, mas purpurinada.
Esperava-se milagre? Transformar mula em gente? Criminoso em beato? Nem Deus resolveria essa mudança. Não por não poder, mas para não avacalhar de vez Sua criação e até ser culpado de conivente com o erro, quando Sua ficha limpa só tem acerto. Seria desonesto da parte Dele assinar embaixo da roubalheira: Deus.
A porcaria é nossa e temos a obrigação de limpar. Não esperemos dos outros o que é trabalho nosso. Vai-se chorar o ano que passou, sim, mas que se tenha a dignidade de pegar logo no esfregão e fazer a faxina, que Ele ajuda.
E o que está esperando? Dê seu grito de Carnaval contra a roubalheira. Ao menos, isso.
Momentos de alegria? Quem dera. O pula-pula nas ruas, o esgoelar-se, a bebedeira serão a tentativa de exorcizar-nos da urucubaca petista.
Se o mês mostra que a situação está pior do que no mesmo período do ano passado e as perspectivas honestas e confiáveis são de que o país fica em maior escuridão com o passar dos dias, há que se preparar para nova leva de desastres.
Governos como este daqui nem mudam nem mudarão para o bem público. No máximo, trocam de fantasia. Tiram a gasta, já manjada, para vestir outra ... esfarrapada, mas purpurinada.
Esperava-se milagre? Transformar mula em gente? Criminoso em beato? Nem Deus resolveria essa mudança. Não por não poder, mas para não avacalhar de vez Sua criação e até ser culpado de conivente com o erro, quando Sua ficha limpa só tem acerto. Seria desonesto da parte Dele assinar embaixo da roubalheira: Deus.
A porcaria é nossa e temos a obrigação de limpar. Não esperemos dos outros o que é trabalho nosso. Vai-se chorar o ano que passou, sim, mas que se tenha a dignidade de pegar logo no esfregão e fazer a faxina, que Ele ajuda.
E o que está esperando? Dê seu grito de Carnaval contra a roubalheira. Ao menos, isso.
Ideologia da trambicagem, uma vocação brasileira
É preciso admitir. O brasileiro sofre de vocação do trambique, que é a tradução perfeita dos siameses jeitinho e corrupção. Não me refiro apenas aos corruptos que enxameiam os poderes executivo, legislativo e judiciário. Falo dos pequenos e permanentes trambiqueiros: falo daqueles que furam fila, desrespeitando os que ordeiramente esperam sua vez; falo daqueles que estacionam seus carros nas vagas dos idosos ou dos deficientes físicos; daqueles que avançam o sinal e não respeitam as faixas de pedestres. Falo daqueles que ultrapassam os limites de velocidade, trafegam pelo acostamento e ultrapassam pela direita. Falo daqueles que condenam a corrupção, falam em cidadania, em decência, em caráter, mas que, no fundo, gostariam de pertencer à turma dos trambiqueiros. Falo também dos brasileiros que votam nos políticos envolvidos em processos de improbidade, peculato ou falta de decoro. Falo, enfim, de todos que trambicam – e disso fizeram o seu modo de ser.
Não, não me refiro aos notórios corruptos. Nem da justiça que não os trancafiam no xilindró. Falo daqueles que apoiaram o AI-5, sabiam que havia tortura e morte nos porões da repressão, e hoje fazem cara de paisagem quando se discute se a tortura é passível ou não de anistia. Falo de ex-ministros da ditadura que não se envergonham de falar, em tom de crítica, do “regime autoritário”, confiantes de que o Brasil e os brasileiros não têm memória. Falo das pessoas que usam o celular enquanto dirigem. Falo daqueles que cospem no chão. Falo de todos que são incapazes de um gesto de ternura.
Falo de todos que repetem clichês, como direitos humanos, desenvolvimento sustentável, igualdade, democracia, paz, transparência, mas agem na contramão de tudo que apregoam. Falo daqueles que mantêm os arquivos da ditadura inacessíveis a todos nós. Falo dos professores que não se autorrespeitam e dos estudantes que compram diplomas, agridem professores e se orgulham de nunca ter lido um livro sequer na vida.
Não, não falo apenas daqueles que fazem jogadas no mercado financeiro. Falo dos magistrados que negam habeas corpus a uma mulher que pixou paredes do Museu de Arte Moderna de São Paulo, mas são rápidos em ordenar a libertação de corruptos e criminosos. Falo dos brasileiros que poluem as praias, provocam incêndios criminosos, são traficantes de animais silvestres, de mulheres, de crianças, de órgãos humanos, de armas e drogas. Falo contra as autoridades brasileiras que estimulam o não saber, a incultura e a ignorância. Falo das autoridades que reduzem os impostos dos automóveis, mas não fazem nada semelhante em relação aos livros e às artes em geral.
O trambique é a fraude das fraudes. O trambique age sorrateiramente, faz parte da cultura brasileira, soma-se à ideologia do “primeiro eu”, do “tirar vantagem em tudo”, da “farinha pouca meu pirão primeiro”, do “depois de mim, o dilúvio”, do “sabe com quem está falando”, do “meu cargo me dá esse direito”, do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O trambique impregna e mutila o caráter nacional brasileira, age como uma lagarta que rói as folhas das plantas.
Falo, enfim, das elites brasileiras, que deram as costas ao povo brasileiro. Que enxergam no povo uma espécie de carvão, a ser queimado e gasto na produção. Falo das autoridades que dão maus exemplos. Falo dos donos do poder e do poder dos donos. Falo dos embusteiros. Falo daqueles que riem alegremente quando o presidente utiliza palavras chulas e expressões vulgares em meio a discursos que deveriam ser sérios. Falo dos comentaristas políticos de meia tigela, que bajulam o poder. Falo dos analistas econômicos que, em razão da crise, querem o fim das leis trabalhistas, mas nada falam sobre os lucros exorbitantes dos bancos, das grandes empresas e das remessas ilícitas de lucros para o exterior.
Falo dos arrastões, dos políticos que se dizem preocupados com o desemprego, mas recebem verbas ordinárias e extraordinárias – sem a necessidade, comum aos mortais, de prestar contas e devolver o excedente. Falo dos brasileiros que estão conformados com o que fomos, somos e seremos – o país do futuro, do carnaval, do futebol, da cervejinha gelada, do cafezinho requentado, do pão de queijo borrachudo.
Falo, enfim, dos brasileiros que aceitam com resignação a mais vergonhosa das nossas heranças históricas: a consciência da trambicagem.
Não, não me refiro aos notórios corruptos. Nem da justiça que não os trancafiam no xilindró. Falo daqueles que apoiaram o AI-5, sabiam que havia tortura e morte nos porões da repressão, e hoje fazem cara de paisagem quando se discute se a tortura é passível ou não de anistia. Falo de ex-ministros da ditadura que não se envergonham de falar, em tom de crítica, do “regime autoritário”, confiantes de que o Brasil e os brasileiros não têm memória. Falo das pessoas que usam o celular enquanto dirigem. Falo daqueles que cospem no chão. Falo de todos que são incapazes de um gesto de ternura.
Não, não falo apenas daqueles que fazem jogadas no mercado financeiro. Falo dos magistrados que negam habeas corpus a uma mulher que pixou paredes do Museu de Arte Moderna de São Paulo, mas são rápidos em ordenar a libertação de corruptos e criminosos. Falo dos brasileiros que poluem as praias, provocam incêndios criminosos, são traficantes de animais silvestres, de mulheres, de crianças, de órgãos humanos, de armas e drogas. Falo contra as autoridades brasileiras que estimulam o não saber, a incultura e a ignorância. Falo das autoridades que reduzem os impostos dos automóveis, mas não fazem nada semelhante em relação aos livros e às artes em geral.
O trambique é a fraude das fraudes. O trambique age sorrateiramente, faz parte da cultura brasileira, soma-se à ideologia do “primeiro eu”, do “tirar vantagem em tudo”, da “farinha pouca meu pirão primeiro”, do “depois de mim, o dilúvio”, do “sabe com quem está falando”, do “meu cargo me dá esse direito”, do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O trambique impregna e mutila o caráter nacional brasileira, age como uma lagarta que rói as folhas das plantas.
Falo, enfim, das elites brasileiras, que deram as costas ao povo brasileiro. Que enxergam no povo uma espécie de carvão, a ser queimado e gasto na produção. Falo das autoridades que dão maus exemplos. Falo dos donos do poder e do poder dos donos. Falo dos embusteiros. Falo daqueles que riem alegremente quando o presidente utiliza palavras chulas e expressões vulgares em meio a discursos que deveriam ser sérios. Falo dos comentaristas políticos de meia tigela, que bajulam o poder. Falo dos analistas econômicos que, em razão da crise, querem o fim das leis trabalhistas, mas nada falam sobre os lucros exorbitantes dos bancos, das grandes empresas e das remessas ilícitas de lucros para o exterior.
Falo dos arrastões, dos políticos que se dizem preocupados com o desemprego, mas recebem verbas ordinárias e extraordinárias – sem a necessidade, comum aos mortais, de prestar contas e devolver o excedente. Falo dos brasileiros que estão conformados com o que fomos, somos e seremos – o país do futuro, do carnaval, do futebol, da cervejinha gelada, do cafezinho requentado, do pão de queijo borrachudo.
Falo, enfim, dos brasileiros que aceitam com resignação a mais vergonhosa das nossas heranças históricas: a consciência da trambicagem.
Lula e Dirceu vivem sob regime da 'amigocracia'
O Ministério Público e a Polícia Federal ficam aí falando mal de Lula e Dirceu, mas na verdade eles só merecem admiração. Numa espécie de autodelação, os dois confessaram ter cometido o crime da amizade. Tornaram-se amigos seriais. Está certo, dá dinheiro. Dá muito dinheiro. Dá dinheiro demais. E essa é uma das misérias desse tipo de delito. Porque o brasileiro é invejoso. Não suporta a prosperidade alheia. Sobretudo quando ela é exorbitante.
Em depoimento ao juiz Moro, Dirceu admitiu que a reforma de sua residência, estimada em R$ 1,8 milhão, foi mesmo bancada pelo lobista Milton Pascowitch, um dos delatores do escândalo da Petrobras. Pascowitch foi tão generoso em troca de quê? “Da relação de amizade que ele tinha com Dirceu”, disse Roberto Podval, advogado de Dirceu, ecoando declarações feitas por seu cliente ao juiz.
O doutor Podval acrescentou um palpite pessoal: “Se você perguntar para mim em troca de quê [Pascowitch pagou a milionária reforma], eu vou te falar: em troca de vender a amizade de Zé Dirceu.” Nessa versão, Dirceu é vítima. Sofreu uma exploração indevida da amizade que nutria pelo lobista. Pobre homem rico!
Dirceu também admitiu ao juiz ter utilizado o jatinho de outro amigo-lobista, Julio Camargo. Fez isso uma, duas, três, quatro, cinco… 113 vezes. Coisa normal, disse o advogado, “prática de uma vida inteira''. Como assim? “Ele voou, os aviões foram cedidos.” Heimmm?!? O doutor recitou as palavras do seu cliente: Ele “disse que na 'minha vida inteira os aviões sempre foram cedidos, por ele [Julio Camargo], por outros'.''
A Procuradoria e a PF estimam que, no total, Dirceu recebeu R$ 11,9 milhões dos seus amigos da Lava Jato. Imagine-se a quantidade de vezes que seu imaculado nome foi indevidamente explorado para cavar negócios na Petrobras!
Simultaneamente, a assessoria de Lula divulgou nota oficial para confirmar que, noves fora o triplex do Guarujá, de cuja titularidade abdicou, o ex-presidente dispõe de um aprazível sítio para as horas de descanso, em Atibaia. A propriedade é de “amigos da família.” Foi reformada pela companheira Odebrecht. Mas sobre isso a nota silencia.
Os amigos proprietários do sítio se chamam Jonas Suassuna e Fernando Bittar. Ambos são sócios do primeiro-filho Fábio Luís da Silva, o Lulinha. Um indício de que o crime da amizade é hereditário. Quem sai aos seus não endireita.
Diz a nota: “Embora pertença à esfera pessoal e privada, este é um fato tornado público pela imprensa já há bastante tempo. A tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente.'' Quer dizer: a exemplo de Dirceu, Lula é vítima de suas amizades.
A imprensa deveria se ocupar de outra denúncia: brasileiros endinheirados estão adotando como amigos, clandestinamente, personalidades do PT e adjacências, recobrindo-as de mimos. Dão preferência aos cardeais petistas, que passam a viver numa espécie de Pasárgada particular, sob o regime da 'amigocracia'. A discriminação é evidente: por que excluir o resto dos brasileiros? O preconceito é intolerável.
Dilma deveria pensar no lançamento de um programa novo: ‘Meu amigo, Minha Vida’. Afinal, todos têm direito a desfrutar de um jatinho no hangar, um triplex na praia e um sítio a 50 quilômetros da metrópole. Ou locupletam-se todos ou o povo vai acabar cansando de se fingir de bobo pelo bem do Brasil.
Os últimos governos e o caos moral, político, econômico e social
O meu primeiro contato com as urnas se deu nas eleições presidenciais de 1960. Muito novo na época, era aceitável debitar-me aos arroubos da juventude o entusiasmo que externava pela candidatura de Jânio Quadros. Afinal, na idade de então, cursando a Faculdade de Direito de Minas Gerais, que já não permitia o velho e dedicado Samuel soar-lhe os sinos famosos porque o austero prédio que os abrigava havia sido demolido por um diretor insano, era pouco mais que um adolescente. E os moços tendem à generosidade, ao idealismo, à proteção dos mais fracos e dos oprimidos.
O edifício ainda inacabado transbordava de agitação que decerto lhe comprometia as estacas de sustentação. De um lado, apoiava-se o ex-governador de São Paulo com todos os seus trejeitos de político populista, despido de qualquer intenção séria com a nação que pleiteava governar, mas com o discurso farto do enganador empedernido, que se amparava nas eleições para desferir o golpe de Estado, de modo a legitimar-se com o governo autocrático que sonhava instalar.
O edifício ainda inacabado transbordava de agitação que decerto lhe comprometia as estacas de sustentação. De um lado, apoiava-se o ex-governador de São Paulo com todos os seus trejeitos de político populista, despido de qualquer intenção séria com a nação que pleiteava governar, mas com o discurso farto do enganador empedernido, que se amparava nas eleições para desferir o golpe de Estado, de modo a legitimar-se com o governo autocrático que sonhava instalar.
Contou seu ex-chanceler Afonso Arinos, em almoço oferecido certa feita pelo governador Francelino Pereira, que o político mato-grossense, após um despacho no Planalto, foi até uma janela de vidro de onde se divisava o Congresso Nacional e disse-lhe: “Sr. chanceler, eis ao fundo a Casa do povo. Se este a invadisse, que faria a nação para defendê-la? O mesmo que os ingleses diante da invasão de Westminster?”. Nada mais se falou.
O deplorável nacionalismo ignorante foi propagado com os tiques de expressiva parte de seus companheiros de farda – que, na verdade, eram mais pelegos do que soldados das Forças Armadas. No meio de tudo, um matreiro PSD, que não tinha nenhuma dúvida da derrota do candidato Henrique Lott, e uma UDN sequiosa, que dizia acreditar na pregação em favor de um governo democrático forte, com as togas desligadas de um verdadeiro Estado de direito.
A onda cresceu, e Jânio levou a palma. A partir daí, a agitação tomou conta do país e dos desejos de desforra com os quais muitos queriam vingança desde os acontecimentos dos anos 20 e, mais tarde, da Revolução Constitucionalista e do golpe de 1937.
Esgotado o Estado Novo, veio a reconstitucionalização de um país que queria democracia, em confronto com a retórica nacional-populista dos restos getulistas. Tudo acabou nos governos discricionários dos anos 60, 70 e 80, que desembocaram na frustração causada pelas forças do destino e nos caprichos dos deuses.
Provavelmente, se a nação não tivesse sido golpeada pelos acontecimentos das vésperas da posse de Tancredo Neves e os fados ajudassem, o primeiro ato da Nova República seria a institucionalização do Estado democrático de direito, não como único passo, mas como o inicial de várias esferas sem as quais a democracia não floresce, a República não se agiganta e as instituições ficam sujeitas a mortíferas paralisias.
Em pouquíssimo tempo, interregnos se passaram, um ainda em andamento. Desses, o mais operoso foi o de Fernando Henrique Cardoso. Infelizmente, comprometeu-se com o segundo mandato, não se incluindo o primeiro, o melhor de todos. O de Sarney, ora, melhor seria não ter existido. Itamar Franco, apenas para completar, nunca seria eleito pelo povo. As duas outras candidaturas, Deus dos meus descendentes, nunca mais, seja piedoso conosco. A não ser que, de tantos pecados cometidos, não reste alternativa.
O deplorável nacionalismo ignorante foi propagado com os tiques de expressiva parte de seus companheiros de farda – que, na verdade, eram mais pelegos do que soldados das Forças Armadas. No meio de tudo, um matreiro PSD, que não tinha nenhuma dúvida da derrota do candidato Henrique Lott, e uma UDN sequiosa, que dizia acreditar na pregação em favor de um governo democrático forte, com as togas desligadas de um verdadeiro Estado de direito.
A onda cresceu, e Jânio levou a palma. A partir daí, a agitação tomou conta do país e dos desejos de desforra com os quais muitos queriam vingança desde os acontecimentos dos anos 20 e, mais tarde, da Revolução Constitucionalista e do golpe de 1937.
Esgotado o Estado Novo, veio a reconstitucionalização de um país que queria democracia, em confronto com a retórica nacional-populista dos restos getulistas. Tudo acabou nos governos discricionários dos anos 60, 70 e 80, que desembocaram na frustração causada pelas forças do destino e nos caprichos dos deuses.
Provavelmente, se a nação não tivesse sido golpeada pelos acontecimentos das vésperas da posse de Tancredo Neves e os fados ajudassem, o primeiro ato da Nova República seria a institucionalização do Estado democrático de direito, não como único passo, mas como o inicial de várias esferas sem as quais a democracia não floresce, a República não se agiganta e as instituições ficam sujeitas a mortíferas paralisias.
Em pouquíssimo tempo, interregnos se passaram, um ainda em andamento. Desses, o mais operoso foi o de Fernando Henrique Cardoso. Infelizmente, comprometeu-se com o segundo mandato, não se incluindo o primeiro, o melhor de todos. O de Sarney, ora, melhor seria não ter existido. Itamar Franco, apenas para completar, nunca seria eleito pelo povo. As duas outras candidaturas, Deus dos meus descendentes, nunca mais, seja piedoso conosco. A não ser que, de tantos pecados cometidos, não reste alternativa.
Lula começa campanha para derrubar Deus
Os evangélicos cortaram definitivamente as relações com Lula. Estão chocados com as declarações do ex-presidente de que é mais honesto do que a igreja deles. O pastor Silas Malafaia, líder espiritual de milhares de crentes, foi o primeiro a esbravejar na rede social: “Piada! Lula roubou o discurso de Paulo Maluf. ‘Não existe gente mais honesta que eu’. Vai ser cínico lá no raio que o parta, um palhaço mentiroso”.
É bem provável que não passe nem pelo purgatório, um departamento intermediário que limpa os pecados depois de interrogar o candidato a uma vaga no céu. Lula, a estrela maior da honestidade, não passará pela triagem obrigatória, vai direto ao encontro de Deus, a quem dirá cara a cara ser pretendente ao seu trono.
Na terra negou tudo, não existiu. Diante de Deus é capaz de dizer que foi o melhor presidente do Brasil. E negar que é dono de um tríplex no Guarujá, que não conhece o presidente da OAS. Negar que ele reformou seu apartamento na beira da praia e um sítio no interior do São Paulo. Que não conhece Zé Dirceu e os diretores da Petrobrás. Que não ficou rico – fortuna comprovada de 53 milhões de reais, segundo o fisco -, e que, por fim, nunca foi sindicalista.
Com essa plataforma de campanha tentará mudar o quadro político lá de cima, convertendo os aliados de Deus em opositores. Lula vai organizar no céu um partido que represente os petistas honestos que um dia subirão já redimidos dos pecados que cometeram aqui na terra. Mas só ingressa nessa nova agremiação quem for, comprovadamente, honesto como ele, uma missão quase impossível, mas que ele promete cumprir.
No entanto, diante das injúrias contra os evangélicos, certamente terá uma oposição aguerrida para barrar suas pretensões de virar Deus, a julgar pelas críticas também do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Sóstenes Cavalcante, deputado federal: “Lula diz que não tem ninguém mais honesto que ele, até o diabo ficou revoltado com ele, otário falastrão, cínico. Os tempos mudaram. As pessoas não são mais desinformadas. Sabem que essa é uma estratégia sua para se descolar do PT, que é um partido de ladrões. Ladrões condenados pelo STF”.
Como se vê, Lula terá sérios problemas para convencer esse exército evangélico que se diz representante de Deus na terra, de que teria sido o homem mais honesto do universo. E, com essa proposta de honestidade, derrubar o Homem lá de cima.
Lula continua insistindo que é honesto. Se diz o homem mais honesto do mundo. Mais do que Deus, que o Papa, que a Justiça e que as igrejas pentecostal e católica. É mais honesto do que Zé Dirceu, Delcídio, Vaccari, Delúbio e Vargas, a sua tropa de choque que está na cadeia. Lula se mostra também um homem sem impurezas, de alma honesta. Nem o Papa é tão honesto quanto ele. É possível que a essa altura Lula já teria desistido de uma provável campanha presidencial em 2018 para fazer um intensivão e virar santo. É um curso rápido para chegar lá em cima com a possibilidade de substituir Deus com as credenciais de ter sido, na terra, o homem mais honesto, o grande benfeitor da humanidade, um homem sem mácula.
É bem provável que não passe nem pelo purgatório, um departamento intermediário que limpa os pecados depois de interrogar o candidato a uma vaga no céu. Lula, a estrela maior da honestidade, não passará pela triagem obrigatória, vai direto ao encontro de Deus, a quem dirá cara a cara ser pretendente ao seu trono.
Na terra negou tudo, não existiu. Diante de Deus é capaz de dizer que foi o melhor presidente do Brasil. E negar que é dono de um tríplex no Guarujá, que não conhece o presidente da OAS. Negar que ele reformou seu apartamento na beira da praia e um sítio no interior do São Paulo. Que não conhece Zé Dirceu e os diretores da Petrobrás. Que não ficou rico – fortuna comprovada de 53 milhões de reais, segundo o fisco -, e que, por fim, nunca foi sindicalista.
Com essa plataforma de campanha tentará mudar o quadro político lá de cima, convertendo os aliados de Deus em opositores. Lula vai organizar no céu um partido que represente os petistas honestos que um dia subirão já redimidos dos pecados que cometeram aqui na terra. Mas só ingressa nessa nova agremiação quem for, comprovadamente, honesto como ele, uma missão quase impossível, mas que ele promete cumprir.
No entanto, diante das injúrias contra os evangélicos, certamente terá uma oposição aguerrida para barrar suas pretensões de virar Deus, a julgar pelas críticas também do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Sóstenes Cavalcante, deputado federal: “Lula diz que não tem ninguém mais honesto que ele, até o diabo ficou revoltado com ele, otário falastrão, cínico. Os tempos mudaram. As pessoas não são mais desinformadas. Sabem que essa é uma estratégia sua para se descolar do PT, que é um partido de ladrões. Ladrões condenados pelo STF”.
Como se vê, Lula terá sérios problemas para convencer esse exército evangélico que se diz representante de Deus na terra, de que teria sido o homem mais honesto do universo. E, com essa proposta de honestidade, derrubar o Homem lá de cima.
Como estará o apoio a Dilma em abril?
Janeiro se foi. O Congresso está prestes a retomar suas atividades. Passado o carnaval, o Planalto estará de novo às voltas com a batalha do impeachment. Mas muitos analistas estão convencidos de que a presidente tem razões de sobra para se tranquilizar. Com a intervenção do STF e o fortalecimento da resistência ao impeachment na base aliada, especialmente no Senado, o risco de afastamento da presidente teria desaparecido. O impeachment estaria enterrado de vez. Será?
É curioso que, em geral, esses mesmos analistas contemplam cenários extremamente pessimistas. Vislumbram grave aprofundamento do quadro recessivo e persistência da inflação muito acima da meta. Assustam-se com o crescimento explosivo do endividamento público e com o brutal aumento adicional de desemprego previsto para os próximos meses. E alarmam-se com a paralisante falta de perspectiva com que se debatem investidores, empresas e famílias, descrentes de que a presidente possa retirar o país da colossal crise econômica em que o meteu.
A percepção de desgoverno vai muito além da política econômica. Um bom exemplo é o que vem ocorrendo na área da Saúde. Dilma parece ter se dado conta, afinal, de que o ministro da Saúde — nomeado de afogadilho em outubro, em desesperada manobra para reforçar o apoio do PMDB na Câmara — não tem envergadura para enfrentar os enormes desafios com que o governo vem tendo de lidar na área. Mas terá Dilma condições de demitir o titular do ministério de maior orçamento na Esplanada, num momento político tão delicado, sem risco de um desabamento sério no castelo de cartas a que está reduzido seu apoio parlamentar? Claro que não. As urgências da Saúde terão de esperar.
Seja pelo aprofundamento da crise econômica, seja pela paralisia administrativa, justo quando a eficácia das políticas públicas se faz mais necessária, o Planalto não terá como evitar forte desgaste político nos próximos meses. O tempo conspira contra a presidente. Alguns meses mais podem lhe ser fatais. E é bem possível que o Congresso não se pronuncie sobre o afastamento de Dilma antes de abril. Em que estado estará a imagem da presidente em abril?
Há também que se ter em conta o desgaste adicional que advirá da longa e estreita relação de Dilma com a Petrobras. Há cerca de um ano e meio, na campanha presidencial de 2014, Dilma ainda não se dera conta das proporções do desastre que se abatera sobre a Petrobras. Ainda se congratulava por seu envolvimento de mais de uma década com a empresa: “Quem olhar o que aconteceu com a Petrobras nos últimos dez anos e projetar para o futuro, conclui que fizemos um grande ciclo. Eu estive presente em todos os momentos”. (“Folha de S. Paulo”, 2/7/2014)
Seja pela percepção cada vez mais nítida de quão devastadora foi a gestão da empresa no período, seja pelo fluxo cada vez mais intenso de revelações constrangedoras da Operação Lava-Jato, seja pelo avanço de ações judiciais que vêm sendo movidas no exterior contra administradores da empresa, a presidente está fadada a ficar cada vez mais desgastada com o descalabro da Petrobras. Em que estágio estará esse desgaste em abril?
Por sólidas, precisas e bem embasadas que sejam as razões formais que deram lugar ao pedido de abertura do processo de impeachment, ao fim e ao cabo, o julgamento de Dilma será político. A presidente será julgada pelo conjunto da obra. Em instigante artigo na “Folha de S. Paulo”(21/1), Marcus André Mello resgatou oportuna citação de Gerald Ford, o desajeitado presidente que foi guindado à Casa Branca quando Richard Nixon se viu obrigado a renunciar para evitar o impeachment: “um delito merecedor do impeachment é todo aquele que dois terços da Câmara de Deputados considerarem que assim seja, com a concordância do Senado”. Como o conjunto da obra de Dilma será avaliado pelo Congresso em abril?
A verdade é que ainda falta muito para que o impeachment chegue a seu desfecho. E a presidente bem sabe que, quanto mais demorado for o processo, mais provável será seu afastamento.
É curioso que, em geral, esses mesmos analistas contemplam cenários extremamente pessimistas. Vislumbram grave aprofundamento do quadro recessivo e persistência da inflação muito acima da meta. Assustam-se com o crescimento explosivo do endividamento público e com o brutal aumento adicional de desemprego previsto para os próximos meses. E alarmam-se com a paralisante falta de perspectiva com que se debatem investidores, empresas e famílias, descrentes de que a presidente possa retirar o país da colossal crise econômica em que o meteu.
Seja pelo aprofundamento da crise econômica, seja pela paralisia administrativa, justo quando a eficácia das políticas públicas se faz mais necessária, o Planalto não terá como evitar forte desgaste político nos próximos meses. O tempo conspira contra a presidente. Alguns meses mais podem lhe ser fatais. E é bem possível que o Congresso não se pronuncie sobre o afastamento de Dilma antes de abril. Em que estado estará a imagem da presidente em abril?
Há também que se ter em conta o desgaste adicional que advirá da longa e estreita relação de Dilma com a Petrobras. Há cerca de um ano e meio, na campanha presidencial de 2014, Dilma ainda não se dera conta das proporções do desastre que se abatera sobre a Petrobras. Ainda se congratulava por seu envolvimento de mais de uma década com a empresa: “Quem olhar o que aconteceu com a Petrobras nos últimos dez anos e projetar para o futuro, conclui que fizemos um grande ciclo. Eu estive presente em todos os momentos”. (“Folha de S. Paulo”, 2/7/2014)
Seja pela percepção cada vez mais nítida de quão devastadora foi a gestão da empresa no período, seja pelo fluxo cada vez mais intenso de revelações constrangedoras da Operação Lava-Jato, seja pelo avanço de ações judiciais que vêm sendo movidas no exterior contra administradores da empresa, a presidente está fadada a ficar cada vez mais desgastada com o descalabro da Petrobras. Em que estágio estará esse desgaste em abril?
Por sólidas, precisas e bem embasadas que sejam as razões formais que deram lugar ao pedido de abertura do processo de impeachment, ao fim e ao cabo, o julgamento de Dilma será político. A presidente será julgada pelo conjunto da obra. Em instigante artigo na “Folha de S. Paulo”(21/1), Marcus André Mello resgatou oportuna citação de Gerald Ford, o desajeitado presidente que foi guindado à Casa Branca quando Richard Nixon se viu obrigado a renunciar para evitar o impeachment: “um delito merecedor do impeachment é todo aquele que dois terços da Câmara de Deputados considerarem que assim seja, com a concordância do Senado”. Como o conjunto da obra de Dilma será avaliado pelo Congresso em abril?
A verdade é que ainda falta muito para que o impeachment chegue a seu desfecho. E a presidente bem sabe que, quanto mais demorado for o processo, mais provável será seu afastamento.
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