quinta-feira, 19 de março de 2020

Prazo de validade de Lula está vencido e o de Bolsonaro já está perto de se esgotar

Já comentamos aqui na Tribuna da Internet que Jair Bolsonaro é um paciente cujos atos nem mesmo Sigmund Freud conseguiria explicar, mesmo se tivesse ajuda de outros grandes nomes da Psicanálise e da Psiquiatria, como Carl Jung, Jacques Lacan, Philippe Pinel e Nise da Silveira. Num dia ele aparece na TV dizendo que há pouco risco de contaminação do Brasil, dois dias depois aparece usando uma máscara de proteção. Parece brincadeira, mas não tem graça.

Com o coronavírus entrando pela porta principal do Planalto, as coisas pareciam ter mudado de figura, pois Bolsonaro adotara uma postura mais séria e condizente, apesar do ridículo da máscara cirúrgica, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique, que tem dado entrevistas normalmente, de cara limpa, mas sempre com conteúdo adequado.

Na vida tudo tem seu lado positivo e seu lado negativo. A contaminação de Fábio Wajngarten (que há meses já deveria ter sido afastado do Planalto, devido ao claríssimo conflito de interesses), serviu de justificativa para Bolsonaro pedir o cancelamento das manifestações deste domingo, que saíam como um tiro pela culatra, porque a primeira reação dos parlamentares foi derrotar o governo em três votações seguidas, na Comissão Mista de Orçamento e no plenário da Câmara.a

Mas no último domingo, lá estava Bolsonaro no meio da rua, sem máscara, interagindo com mais de 270 pessoas, quando já se sabia que 12 companheiros de voo estão contaminados.

Não foram realizadas manifestações massivas, mas ficou claro que os protestos foram contra um suposto “boicote” do Congresso e do Supremo às reformas pretendidas pelo governo, uma alegação que era e ainda é uma grotesca fake news, pois até agora a única reforma encaminhada ao Legislativo foi a previdenciária, que era muito ruim e foi aperfeiçoada e aprovada pelos parlamentares.

O fato é que Bolsonaro adora os holofotes da imprensa, procura por eles, raramente se contém e sempre acaba dando alguma declaração inconveniente. Por exemplo: ao pedir o adiamento das manifestações, ao invés de procurar reduzir o enfrentamento e possibilitar um novo acordo com o Congresso, ele fez o contrário, dizendo que a simples movimentação para os atos públicos já tinha dado um “tremendo recado para o Parlamento”.

Ainda não satisfeito, no próprio domingo voltou a provocar os dirigentes do Congresso, ao desafiar Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre a “sair às ruas.

É óbvio que o objetivo de Bolsonaro é enaltecer seu governo e demonizar os outros poderes da República, e isso já foi até alcançado. Parte considerável da população já estaria convencida de que Congresso e Supremo querem boicotar os programas de recuperação da economia que o governo ainda nem redigiu em fase final.

O texto da reforma administrativa foi concluído por Paulo Guedes no dia 27 de fevereiro. Mas o presidente e os ministros generais acharam tão ruim que até hoje estão sentados em cima, sem coragem de enviar a proposta ao Congresso – esta é a realidade, distorcida e falseada pelas fake news do Planalto e agora encoberta pelo coronavírus.

Quem saiu prejudicado no Congresso e no Supremo foi o pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro. Acabou sendo esvaziado pelos parlamentares, que aprovaram uma legislação às avessas, a favor do crime, denominada Lei do Abuso de Autoridade, para imobilizar juízes, delegados e procuradores da Lava Jato etc. E Bolsonaro não disse uma palavra a respeito, fez olhar de paisagem, porque ele próprio e os filhos são beneficiados pela manutenção da impunidade.

Da mesma forma, o Supremo também esvaziou o Pacote Anticrime, ao mudar a jurisprudência sobre segunda instância, soltar Lula e Dirceu, e depois remeter para a Justiça Federal os crimes cometidos por parlamentares com uso de dinheiro em Caixa 2. E o presidente, mais uma vez não deu uma palavra e voltou a fazer olhar de paisagem.

Agora o coronavírus encobre essa disputa institucional, porque outro valor mais alto se alevanta, como dizia Camões, mas debaixo das cobertas dos hospitais improvisados a crise política, econômica e social se agiganta.

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