Dois mil e quinhentos anos atrás, um grupo de pensadores de várias regiões da Grécia, chamados pré-socráticos, constatou que os deuses não interferiam na natureza, isto é, a natureza possuía regras, padrões e leis próprias que funcionavam à revelia de qualquer deus. Deuses de um lado, natureza de outro. A filosofia ocidental brotou desse movimento. A ciência também.
Desde então, o conhecimento se desvinculou do céu e se ligou à terra, ou seja, aos seres humanos, ao raciocínio, à observação, à indução, à intuição. Resultado: passamos a viver mais e melhor. Os raios pararam de ser despejados por Zeus do alto do Olimpo e se tornaram uma questão climática. Em vez de punição celestial, a peste negra virou uma doença causada por micro-organismos, passível de ser evitada. A Terra deixou de ser o centro do Universo.
Os pré-socráticos, apesar da ingenuidade de muitas de suas teses, buscaram explicações racionais para os fenômenos. A partir dessa ingenuidade, a sabedoria evoluiu durante dois milênios e meio até descobrirmos que terremotos e tsunamis são provocados pelo movimento de placas tectônicas, desde muito antes do primeiro ser humano andar sobre a Terra. Não existe, tampouco existiu ou existirá, intervenção divina.
Os pré-socráticos valem como curiosidade. A vasta maioria de suas obras se perdeu, mas são suficientes, no entanto, para demonstrar que, vinte e cinco séculos atrás, eles tinham a mente mais aberta, honesta e inteligente que certos gurus de hoje e queriam dar a todos os seres humanos não um dia de medo e temor, mas um dia de bom senso e boa informação.
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