Daqui a uma semana, entre os dias 11 e 13, o PT estará realizando em Salvador o seu V Congresso Nacional, com direito à presença da presidente Dilma, do Lula e demais cardeais do partido. Tomara que o Senhor do Bonfim ilumine os companheiros e faça cair sobre eles a bênção da lucidez e do retorno aos antigos ideais dos tempos da fundação. A pauta dos trabalhos é desconhecida, mas circula nos meios petistas a versão de que vão elaborar um roteiro destinado a devolver-lhes a credibilidade e o apoio da classe operaria.
Não se trata da oportunidade de mais uma crítica ou sequer da análise da performance do governo, de resto sofrível, mas do reconhecimento de que em vez de lamentações e até de queixas contra a presidente Dilma, o PT deveria fornecer-lhe meios para a recuperação. Um elenco de iniciativas capazes de ir de encontro às necessidades do país, desde a retomada do desenvolvimento econômico à elaboração de novas conquistas sociais. Afinal, em seus dois governos, além do assistencialismo que aumentou o consumo entre as massas, não surgiram atos concretos de ampliação dos direitos do trabalhador.
Pelo contrário, o que se vê são restrições ao salário desemprego, ao abono salarial e às pensões das viúvas. Oito milhões de desempregados e as sucessivas demissões em centros de produção atingidos pela crise exigem mudanças até na legislação, de forma a devolver ao trabalho aquilo que o capital lhe vem tomando. As bases trabalhistas, com as centrais sindicais à frente, rejeitam a teoria do sacrifício, da supressão de prerrogativas, dos cortes em investimentos sociais e da contenção de salários. Essas formulas só trouxeram mais dificuldades aos países que as adotaram.
A garantia do emprego e sua ampliação através de políticas públicas que atendam as necessidades do crescimento econômico e estendam a todos os frutos de um esforço nacional estava no cerne do PAC, quando lançado. Hoje, virou fumaça. Mais importante do que evitar vaias e panelaços será adotar medidas concretas de recuperação, capazes de beneficiar o conjunto, não apenas os privilegiados de sempre.
Boas intenções poderão ser enunciadas na capital baiana, mas redundarão em nada caso as bases do PT não consigam livrar-se da acomodação e da prática de usufruir do poder em beneficio de suas cúpulas. Uma lufada de ar puro renovará o partido e seu governo. Ficar vociferando e acusando os adversários só aumentará a distância entre o trabalhador e os que se dizem seus representantes.
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