terça-feira, 7 de julho de 2015

Valentina de botas:É fogo


É fogo, Dilma não coopera consigo mesma nem com o Brasil. Incinerando-se na pira inextinguível da estupidez e surgindo ainda mais estúpida das cinzas, tal uma fênix troncha, Dilma contrasta com o manancial simbólico e imaginário do fogo na civilização, elemento determinante do uso e desenvolvimento da inteligência que, entre um universo coisas, possibilitou até o florescimento da linguagem e demais formas de expressão humana, como a arte e a capacidade de criar. Mas animada por anti-razão flamejante, tudo o que a presidente produz é essa fagulha breve que, lampejando como pensamento acidental, se extingue melancólica nas falas dela.

Talvez a primeira tocha tenha sido carregada há 500 mil anos por um Homo erectus – refreie-se o ânimo presidencial, pois, atenção, não se trata do homem erectus, possível habitante, como a mulher sapiens, do território mental em permanente apagão da pior presidente do país, qualquer país. Foi um alumbramento, um espanto, um frêmito, um transe quando aquele bicho que ainda comia cru e frio flagrou o raio certeiro atravessar uma árvore num encontro de calor e luz de que resultou um toco incendiado: a tocha com a qual ele entrou triunfante na caverna.

Finalmente, faria aquele churrasco na rocha para celebrar o fim das noites frias e da escuridão povoada por perigos indomáveis? Não ainda, seriam necessários mais quase 7 mil anos, já no neolítico, para o homem descobrir como gerar e manter o fogo. Até então, ele se virava com o que achava na natureza. Talvez por isso o apaixonante mito prometeico nos fale que o fogo roubado aos deuses para os homens tenha sido uma semente do tipo extinguível e mortal, diferente do perene que havia no Olimpo.

A cooperação de Prometeu com os homens lhe rendeu o castigo eterno que acabou terminando conforme Hesíodo relata na Teogonia, mas também o constituiu como o pai dos homens, o arquétipo que nos permitiu sair da confinação ao mundo natural, transformá-lo e criar o mundo cultural: escapamos da condição essencialmente instintiva para inaugurar a racionalidade, instaurando de modo instantâneo essas polaridades que nos dilaceram e a consciência a respeito delas (de si).


Criar é a liberdade possível. É apaixonante. O oposto de Dilma, a fênix aparvalhada que se tivesse descoberto o valor da cooperação, renunciaria ao cargo para o qual não possui autoridade moral, política ou técnica e cuja legitimidade atribuída pela eleição foi incinerada no estelionato eleitoral. Ou, ao menos, abriria mão de pronunciamentos que ardem queimando a inteligência, combustível que ainda não descobriu.

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