Uma nação onde não se ouve só pode mesmo resultar nestes tempos estranhos que vivemos. Se é que algum dia toleramos, hoje em dia está claro que opiniões diferentes é algo que o brasileiro combate até o fim no país tropical. Diferente é errado por definição. Pelo menos é o que acreditamos.
O resultado é o que está aí. Uma (quase) nação onde o consenso se tornou impossível. Discutir virou esporte. E ganhar a discussão, questão de honra. Não há qualquer coesão possível. Vivemos fragmentados, frustrados e infelizes com as diferenças.
Também não aprendemos. Não conseguimos ouvir crítica. E, portanto, não enxergamos os próprios erros. Vivemos sob a ilusão que, de alguma maneira que não requer explicação, estamos sempre certos. E todos os outros, errados.
Em nossa autoproclamada democracia, não existe espaço para liberdade de opinião. Depois de gerações crescendo sob ditadura, a gente não entendeu que eleição não é o suficiente para chamar um regime ou uma nação de democrática.
Ruminamos o ressentimento com aqueles que não acreditam nas mesmas coisas. E transformamos este sentimento em ação política. Por isso, ou também por isso, não conseguimos selecionar nem escolher bons candidatos.
E ficamos empacados, sem ir nem vir, em eternas discussões sem fim cujo objetivo jamais é explicar. Apenas queremos convencer. Tudo é preto ou branco. Não gostamos mais de cores. Temos horror a diversidade. Até zona cinzenta incomoda. Eliminamos há espaço para dúvidas. Não tem colorido na aquarela do Brasil.
Elton Simões
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