À BBC Brasil, o procurador Jorge Munhós de Souza, que atua na força-tarefa que investiga a tragédia causada pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro passado, classificou o anúncio feito no Palácio do Planalto como "injustificável" e "incompreensível".
Segundo ele, da maneira como foi apresentado, o texto "inviabiliza, na prática, o pagamento de multas pelas responsáveis pelo desastre".
"O Ministério Público Federal tentou até o último momento entender essa negociação. Mas ela foi feita entre governo e empresas, éramos convidados em cima da hora e nunca recebemos a documentação técnica que embasou as decisões", diz Souza. "Agora trabalharemos para que o acordo não seja homologado judicialmente."
Em nota, a mineradora Vale disse que o "acordo de longo prazo assegura recuperação do meio ambiente e retomada da atividade econômica na região impactada".
Ainda segundo a companhia, uma das proprietárias da Samarco, dona da barragem que se rompeu, o texto "garante voz para as comunidades e estabelece programas baseados em estudos científicos".
A Procuradoria, entretanto, discorda. "Os afetados não tiveram nem chance de participar. Está claro que este é um acordo do poder público. Aconteceu em Brasília, e este é um dos principais problemas", diz o procurador.
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