O que será amanhã?
Avizinham-se as eleições que vão eleger vereadores e prefeitos dos municípios brasileiros. E nunca se viu antes na história desse país tamanho desinteresse da sociedade por essa oportunidade que pode ser a de se valorizarem candidatos nos quais conseguirmos enxergar propostas de alguma qualidade e compromissos de por elas trabalhar para sua realização. Será também o momento para se despacharem, definitivamente, aqueles que construíram sua passagem pelas câmaras municipais e pelas prefeituras abusando da mediocridade, da burrice, da desonestidade, do empreguismo, do nepotismo, da corrupção, das verbas indenizatórias, do descaso com demandas legítimas e de interesse coletivo. As eleições de outubro serão as primeiras que ocorrerão efetivamente após a publicidade dos inquéritos da Polícia Federal, que motivaram a operação Lava Jato.
Serão as primeiras nas quais as empreiteiras, o sistema financeiro e os grandes fornecedores terão à mão, como desculpa irrefutável, a vigilância da Polícia e da Justiça Eleitoral, limitando e inibindo doações, antes certas e generosas, para custear campanhas eleitorais destinadas à eleição de seus preferidos. Tarde demais, descobriu-se que ninguém faz doações para partidos e candidatos em campanhas eleitorais esperando assim estar contribuindo para o aperfeiçoamento da causa democrática. Quem contribui com dinheiro ou outros ativos espera, obviamente, a retribuição de seu eleito, obtendo favores e benesses. Aí não há café de graça.
Certo é que teremos eleições mais contidas nos seus gastos. Não haverá dinheiro fácil para irrigá-las, o que tornará nomes conhecidos e não rejeitados, com melhor perspectiva de êxito eleitoral. Trata-se de uma equação difícil. Nomes muito conhecidos, com exceções (claro e felizmente), são mais expostos à rejeição. Pela sociedade, são invariavelmente tratados como ladrões, safados, corruptos, bandidos, titulações às quais se acrescentam (carinhosamente) diminutivos quando são iniciantes ou ainda não foram surpreendidos naquilo que se designam como falcatruas. Ladrãozinho, safadinho...
Tais juízos são formulados, muitas vezes, nas mesas de bar, nos salões de beleza, nas salas de espera, nos protestos, nas palavras de ordem, dispensadas quase sempre as provas. Se se é político, pressupõe-se de forma generalizada a culpa, a fraude. Em muitos casos, não totalmente à toa, mas é perigosa a generalização.
A política ainda é, no mundo civilizado, o espaço para se discutirem os assuntos da cidadania e os interesses da coletividade. Temos que aperfeiçoá-la, fazê-la de forma decente, sem concessões de ordem ética e moral, sempre em torno de valores melhores, através do diálogo, como caminho para sua construção. Sem esse entendimento, salvo melhor juízo, vamos continuar no mesmo lugar. E pagando caro pela própria estupidez.
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