quinta-feira, 10 de março de 2016

Única saída para Lula é tentar ganhar no peito e na raça

O segundo mandato de Dilma Rousseff acabou antes de começar. A máquina administrativa está paralisada e a economia entrou em fase terminal, com a dívida pública se elevando a cada dia, sem que o governo procure adotar qualquer providência para reverter a maior crise das últimas décadas. Ao invés de atuar com firmeza e fazer logo um ajuste fiscal, a presidente dedica-se exclusivamente a garantir que seu mandato vá até o final, sob a patética argumentação de que o governo, o PT e seu antecessor Lula estão sendo vítimas de perseguição do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da grande mídia.

Esta é a fantasiosa versão “oficial”, mas o fato concreto é que as evidências e provas se acumulam, em meio ao tsunami das delações premiadas. O ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos da Operação Lava Jato no Supremo, tem razão em afirmar que o pior está para vir.

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A cada dia a situação se agrava para o ex-presidente Lula, para sua sucessora Dilma Rousseff e também para o PT, e tudo isso ocorre em dose dupla, porque há també os processos de cassação na Justiça Federal, que estão sendo abastecidos com a farta documentação já obtida pela força-tarefa da Lava Jato. A derrocada está em curso, é apenas uma questão de tempo.

Não há dúvida de que a investigação do processo de enriquecimento ilícito da família Lula vai avançar inexoravelmente, envolvendo não só o ex-presidente, mas também a própria mulher, os filhos, uma das noras e os amigos mais próximos, incluindo os que aceitaram fazer o papel de “laranjas” e acabarão sendo também incriminados por cumplicidade.

No desespero, Lula procurou um dos maiores criminalistas do país, Nilo Batista, que recorreu simultaneamente a todas as instâncias jurídicas imagináveis, incluindo o Conselho Nacional do Ministério Público, para evitar que o ex-presidente prestasse depoimento, e acabou derrotado em todas as petições.

Já prevendo o pior, Lula acaba de contratar mais um advogado em Curitiba, Juarez Cirino dos Santos, para acompanhar mais de perto a evolução dos inquéritos da Lava Jato. Acontece que nenhum advogado, por mais competente e ardiloso, consegue fazer milagres numa situação desse tipo, em que provas testemunhais e materiais se avolumam progressivamente. Sabe-se que as autoridades policiais e judiciais costumam ser bastante compreensivas com processos envolvendo celebridades e milionários, mas tudo tem limite, porque não existem argumentos que possam suplantar fatos concretos.

Portanto, as perspectivas para Lula, Dilma e o PT são sinistras, especialmente em função de novas delações premiadas – Delcídio do Amaral, Alexandre Romano, OAS, Odebrecht e até a mulher do marqueteiro Santana já se interessa, é um nunca-acabar. E cada depoimento representa mais munição à força-tarefa da Lava Jato.

Não há alternativa para Lula, que está para se tornar réu no inquérito do triplex. Pleitear um cargo e ministro é impossível, porque significaria crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff. Só resta esperar que produza efeitos a conclamação do PT à militância, para tumultuar a situação política, implantando o caos nas ruas, com objetivo de melar o jogo, como se dizia antigamente. Mas não há clima para isso.

Na verdade, os ativistas do PT e os movimentos sociais, incluindo o “exército de Stédile” estão de mãos atadas. Não podem enfrentar a manifestação pelo impeachment de Dilma neste domingo, porque a Polícia Militar vai agir com rigor em todas as grandes cidades e as tropas de choque das Forças Armadas estarão de prontidão.

Lula está acuado e sem alternativa de escape. Na segunda-feira terá de prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro, acerca de seu relacionamento de amizade com o empresário José Carlos Bumlai, preso em Curitiba. Lula terá de ir até a sede da Polícia Federal, no centro de São Paulo, para depor em videoconferência. Com toda a certeza, haverá grande concentração de militantes petistas diante do prédio, para evitar o depoimento. É justamente aí que mora o perigo, como se diz hoje em dia.

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