Vi e ouvi o discurso do ex-presidente Lula pelo 36º aniversário do PT. Depois de dizer que está de “saco cheio”, o petista insinuou que será candidato em 2018: “Em 2018”, disse, “estarei com 72 anos e ‘tesão’ de 30 para ser candidato a presidente da República”.
Lula sempre gostou de expressões chulas. Foi assim que aprendeu a fazer discursos, desde as portas de fábricas em São Bernardo do Campo. Só que o público de que antes dispunha foi se afastando aos poucos. Muitos dos que o ouviram ontem, hoje, são mais exigentes. Dispensam essa linguagem que, na realidade, é a principal característica do seu capital político. Extremamente pobre, aliás.
Logo depois que ouvi o seu pretensioso falatório, meu computador se encheu de mensagens contendo detalhes do que teria dito o senador petista Delcídio do Amaral, em delação que teria sido feita no dia 19 de fevereiro, na qual mira não só o PT, mas outros partidos.
É terrível o perfil psicológico que o senador traça de si mesmo. Mas, se o que foi divulgado tiver um mínimo de verdade, a presidente Dilma e o velho parlapatão dificilmente se salvarão. No caso da presidente, a coisa é pior: cai por terra a aura que muitos brasileiros ainda atribuem a ela: “Ela tem muitos defeitos”, dizem, “mas desonesta não é”. (Atenção, leitor: o que Delcídio disse precisa ser confirmado).
Em seguida, a operação Lava Jato atingiu o seu ponto crucial. Por decisão do juiz Sérgio Moro, o petista foi coercitivamente conduzido para depor na Polícia Federal e, de quebra, teve quebrados os sigilos bancário e fiscal. Depois de prestar depoimento, aproveitou para fazer comício na sede do PT de São Paulo. Bastante irritado, cuspiu marimbondos. Acha-se definitivamente acima de tudo e de todos. Sua condução coercitiva, que nada teve de anormal (ou não somos todos iguais perante a lei?), serviu para acordar a jararaca. Disse o diabo contra a imprensa, a Justiça e a elite (à qual pertence hoje), mas não deu explicações substantivas às acusações que se avolumam contra ele.
Ao lado do súdito Rui Falcão e de uma galera adrede escolhida, deitou e rolou, exibindo, em sinal de fraqueza, uma arrogância que, ao que me pareceu, piorou e cresceu com o tempo. Encerrado o comício, desliguei o televisor e concluí que Lula, não por algum ideário, mas por vaidade e, agora, vingança, quer mesmo botar fogo no país.
No dia seguinte, recebi o vídeo feito por Jandira Feghali apoiando o companheiro. Nele, enquanto a deputada (PCB-RJ) dizia que o ex-presidente estava muito calmo, ouvia-se, ao fundo, o próprio Lula dizer à presidente Dilma, por telefone, a seguinte frase: “Eles que enfiem no c. todo o processo”. Ao se defender tão grosseiramente, postou-se no canto do ringue que ele mesmo construiu. Aguentará, afinal, quantos rounds?
A verdade é que Lula não consegue se livrar do poder que lhe subiu à cabeça. Considera-se o maior presidente da história do país e o que mais recebeu homenagens no mundo, mas não percebe (ou finge não perceber) que, no mínimo, como presidente, ganhou presentes milionários de empreiteiras provadamente comprometidas com desvios criminosos de dinheiro público. Embora saibamos, leitor, que tal prática é antiga no país, essa verdade não o absolve nem justifica o que fez.
Mas a grande falha de Lula está mesmo na escolha de sua sucessora. A presidente Dilma demonstra, pela segunda vez, que é um mal para o país, agravado, claramente, pela atuação do seu criador.
Só as ruas salvarão a democracia!
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