O Brasil vive uma crise de hegemonia. A presidente Dilma desmoralizou-se com o estelionato eleitoral que praticou. Na campanha, para ela, não havia necessidade de ajuste fiscal. Vitoriosa, implementou um ajuste sob a batuta de um representante do Bradesco. Mas, como tudo o que ela faz, sem rumo, fez pela metade. Há uma enorme crise de confiança.
Dilma não governa. Mas, de outro lado, a oposição também comete estelionato eleitoral. Aécio e sua banda de música votaram no Congresso contra o ajuste fiscal que defendiam na campanha.
Dois partidos desmoralizados. Mas não só isso: divididos. A bancada do PT rachou quase ao meio na hora de saber se votaria a favor ou contra Cunha. Nomes importantes do PSDB, como FH, criticaram as posições de Aécio.
No meio de tudo isso, o tradicional PMDB, que sempre está e esteve no poder. Dividido também, entre Cunha e Renan, entre Renan e Temer, entre sair do governo e nele ficar.
Ninguém dirige o país. Executivo e parlamento se desintegram. Governo e oposição se dividem. O país fica sem rumo.
A crise é agravada pelo desnudamento do enorme esquema de corrupção patrocinado pelas empreiteiras, realizado pela Operação Lava-a-Jato. Dizem os jornais que Renan Calheiros teria dito a interlocutores: “A qualquer hora posso ser preso”.
A economia não andou com as meias-solas feitas pela presidente. Os trabalhadores perdem renda e emprego. A recessão domina o cenário.
Neste quadro, as saídas são poucas. O impeachment de Dilma trará Temer, que praticou o mesmo estelionato eleitoral, governando quatro anos com Dilma e dela não dizendo um ai. Além do que, o atual vice-presidente pode cair pela rejeição das contas de campanha. Ou pelas investigações da Lava-Jato, na qual já foi citado. A crise continuará e, quem sabe, se agravará.
Renan e Serra tentam um golpe parlamentarista sem Forças Armadas. Não dá. Imaginem o país ser dirigido por um Congresso que alça à direção das casas legislativas figuras como Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Um Congresso que tem uma centena de parlamentares à espera de julgamento pelo STF. O que os senadores podem trazer são as Forças Armadas sem parlamentarismo. Aliás, os militares começaram a dar declarações. Mesmo quando apaziguadoras, são perigosas. Muita gente já vê uma certa animação nos quartéis.
Impeachment, parlamentarismo e intervenção militar são rupturas conservadoras, forjadas em gabinetes, para tirar Dilma sem mexer nas estruturas corrompidas de poder. A elas, devemos responder com uma ruptura democrática: a convocação imediata pelo STF de eleições gerais para a Presidência da República e para o Congresso Nacional.
Para momentos excepcionais, saídas excepcionais. É necessário chamar imediatamente o povo brasileiro a democraticamente eleger novas lideranças para o Executivo e o Legislativo, com novas ideias, desta vez discutidas com a sociedade, sem estelionato eleitoral, para tirar o país da crise. Só o voto legitima, disse um dia a presidente. É nisto que acredito. Vamos resolver pelo voto.
Vladimir Palmeira
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