Guedes acionou a garganta numa entrevista à repórter Cláudia Safatle, veiculada na edição desta segunda-feira do jornal Valor. Não é a primeira vez que fala em desvincular despesas orçamentárias, incluindo gastos com saúde e educação. Menciona o tema desde o discurso de posse. Seria um "Plano B" a ser acionado caso a reforma previdenciária naufragasse. Virou puxadinho do "Plano A". E entrou no calendário do Posto Ipiranga: "É para esse semestre".
Quanto às estatais, além do desejo de "privatizar todas", Guedes agora quer adiantar o relógio. O governo acaba de entrar no seu nono mês de existência. E só de uns dias para cá o ministro passou a defender que a venda de estatais trafegue em via rápida —'fast track'. Com a anuência do presidente, a avaliação do Tribunal de Contas da União e a aprovação do Congresso.
Tudo isso e mais a reforma tributária, que o governo demora a tirar do forno. Segundo Guedes, o embrulho incluirá mesmo o Imposto sobre Transações Financeiras (pode me chamar de nova CPMF). Conterá também a redução das alíquotas do Imposto de Renda das empresas e das pessoas físicas, que perderão, em contrapartida, a possibilidade de deduzir despesas médicas e escolares.
Se as coisas se resolvessem apenas com saliva, Guedes já teria migrado do estágio do falatório para a prática. O estilo do presidente da República ajuda a complicar o que já não é simples. Jair Bolsonaro parece ter feito uma opção preferencial pela polêmica. Cria uma crise atrás da outra. Antes de sua posse, estimava-se que a economia cresceria algo como 2,5% em 2019. Agora, reza-se para que chegue pelo menos a 1%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário