Que vergonha! Nos últimos anos, o aedes aegypti tem minado a saúde de milhões de brasileiros com dengue, zika e chikungunya, doenças do século passado, ao lado da febre amarela, tuberculose, tifo e até sarampo. É de pasmar. Como explicar o paradoxo? A tecnologia nos oferece a química salvadora de vida, mas a ressurreição de doenças seculares ceifa a vida de muita gente. Descaso, incompetência, falta de recursos, ausência de planejamento, inércia ou politicagem? Tudo isso e mais alguma coisa.
Esse mais se chama inércia moral, que os governantes desenvolvem no poder. Enfrentando pressões, jogos de interesse, decisões complexas, eles criam camadas que entorpecem seus instintos, desviando-os do sentido de prioridade. Tornam-se impermeáveis; adrenalina zero. Sua máquina psíquica entra em coma. A ebulição social não os incomoda. Afinal, só pensam na próxima eleição.
Só assim se explica o tiroteio diário do presidente Bolsonaro contra adversários, todos “comunistas”. Palavras ríspidas e chulas são atiradas contra protagonistas importantes da política internacional. Ataca a imprensa pelas “notícias negativas contra o governo”. E a aspereza com assessores e ministros já faz parte da liturgia do poder. (Até quando Sérgio Moro suportará a fritura?)
Desemprego continua acima de 12 milhões de pessoas; doenças do passado estão de volta; a Amazônia arde em tocha gigantesca; tributos sobem às alturas; por incúria, a água do São Francisco deixa de correr nos fundões do Nordeste. Não há manutenção nos dutos.
Já o presidente da República transita impassível no palanque, disparando verborragia para animar os 30% de seguidores que ainda lhe são fiéis. (Até quando?) A nona (ou décima?) economia do mundo não se move. Os mais necessitados catam centavos para sobreviver, a extrema pobreza volta com intensidade.
O Congresso desenvolve uma agenda positiva e tenta resgatar suas legítimas funções, mas o Executivo não ajuda, em desprezo à política. O projeto nacional é mera utopia. Bolsonaro insiste em nomear o filho embaixador nos EUA. Países como Alemanha, França, Noruega olham enviesados para o Brasil.
No Chile, até a direita – ainda envergonhada pelos mortos na ditadura de Pinochet – repudia as palavras repugnantes contra a alta comissária da ONU, a ex-presidente Michele Bachelet, e seu pai, proferidas pelo presidente brasileiro. Oh, Tempora, Oh Mores (ó tempos, ó costumes), bradava nas Catilinárias no Senado Romano o tribuno Cícero contra os vícios da política de seu tempo. E por nossas plagas, até quando viveremos tempos tão vergonhosos?
Gaudêncio Torquato
Desemprego continua acima de 12 milhões de pessoas; doenças do passado estão de volta; a Amazônia arde em tocha gigantesca; tributos sobem às alturas; por incúria, a água do São Francisco deixa de correr nos fundões do Nordeste. Não há manutenção nos dutos.
Já o presidente da República transita impassível no palanque, disparando verborragia para animar os 30% de seguidores que ainda lhe são fiéis. (Até quando?) A nona (ou décima?) economia do mundo não se move. Os mais necessitados catam centavos para sobreviver, a extrema pobreza volta com intensidade.
O Congresso desenvolve uma agenda positiva e tenta resgatar suas legítimas funções, mas o Executivo não ajuda, em desprezo à política. O projeto nacional é mera utopia. Bolsonaro insiste em nomear o filho embaixador nos EUA. Países como Alemanha, França, Noruega olham enviesados para o Brasil.
No Chile, até a direita – ainda envergonhada pelos mortos na ditadura de Pinochet – repudia as palavras repugnantes contra a alta comissária da ONU, a ex-presidente Michele Bachelet, e seu pai, proferidas pelo presidente brasileiro. Oh, Tempora, Oh Mores (ó tempos, ó costumes), bradava nas Catilinárias no Senado Romano o tribuno Cícero contra os vícios da política de seu tempo. E por nossas plagas, até quando viveremos tempos tão vergonhosos?
Gaudêncio Torquato
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