O problema está na forma tóxica como Bolsonaro lida com a política ambiental e a Amazônia. Semeia dúvidas sobre o futuro dos negócios com Europa e EUA, que enfrentam inédita competição com a China.
França e Alemanha, entre outros, já explicitaram relutância ao aval para o acordo com o Mercosul até 2023.
Sexta-feira, 11 senadores pediram o bloqueio das negociações com o Brasil. Compõem 24% da bancada Democrata, partido que controla a Câmara. Querem “compromisso claro e progresso demonstrável na proteção da Amazônia”.
Vincularam o avanço do desmate ao conflito EUA-China: “O volume das exportações americanas de soja para a China caiu 74% em 2018, e o Brasil se apressou em preencher a lacuna. Agora fornece 75% das importações de soja da China, 23% a mais. Na ausência de sérias proteções ambientais, a expansão da indústria de soja no Brasil levou a um aumento na limpeza (de áreas) da Amazônia para mais terras. Os riscos são simplesmente grandes demais.”
Seja na disputa pela Casa Branca ou na avalanche de protestos, começam a ficar expostos os acionistas de negócios lucrativos com as commodities brasileiras num fluxo de US$ 270 bilhões anuais. É o caso de seis grupos (JPMorgan Chase, BNP Paribas, Barclays, Bank of America, Citigroup e Deutsche) que bancam quase todo o crédito das quatro maiores comercializadoras de grãos (ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus). E de outros (Santander e HSBC) que lastreiam metade das vendas dos principais açougues nacionais (Marfrig, Minerva e JBS).
Bolsonaro anunciou que vai “até de maca” ao debate da ONU sobre o clima, dia 20. Ali, talvez, perceba a dimensão do seu isolamento. Na sequência, verá no Sínodo da Amazônia como a Igreja Católica há 2019 anos aprendeu a dar xeque-mate na arrogância de governos e dos seus espiões atrapalhados.
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